Era Uma Vez...

q u a r e n t a

- Rafaela Narrando 🐍 -

Semana pesada? Temos por aqui também.

Já se passou duas semanas desde a invasão dos bota.

Eu só sai uma vez e foi pra ir no baile, mas antes do segundo copo de cerveja, eu já estava em casa.

Não tava com paciência e muito menos disposição.

Fernando me trouxe e depois voltou pro baile.

Minha amizade com o Fernando é simplesmente a melhor coisa que já me aconteceu, parece que nos conhecemos de outra vida.

Fernando voltou a falar com o coringa, mas eu não. Ele não pediu desculpas pela brincadeira de mau gosto e se Maomé não vai até a montanha, não vai ser a montanha que irá até Maomé, se é que me entendem.

Essas duas semanas passaram tão corridas e eu passei todos os dias organizando o projeto que eu quero concluir.

Já escolhi o lugar, junto da mãe do coringa que quando soube o que ele fez, lhe deu uns bons tapas, enfim, mãe é mãe né.

A obra do albergue vai ficar pronta semana que vem, pois tivemos que derrubar algumas paredes pra poder fazer mais quartos, banheiros e uma cozinha grande.

Na minha mente vai funcionar assim: Uma denúncia anônima será feita, eu vou até o local, resgato a pessoa e eu sei que não vai ser fácil.

Mas, estou dando tudo de mim para que isso dê certo.

Hoje eu escolhi a cor dos quartos e agora vim no hospital com o Fernando, pois segundo o médico a mãe de Fernando teve uma melhora e pode acordar a qualquer momento.

Mas, pra ser sincera, tô com medo. Li sobre a melhora antes da morte e eu tô com muito medo.

Nesse momento eu tô do lado de fora do quarto e Fernando tá lá dentro.

Alguém tem que ficar do lado de fora vigiando, até por que o Fernando é procurado.

Depois daquele dia com os policiais fiquei surpresa, pois meu rosto e nem meu nome foi divulgado, então continuo com a ficha limpa, mesmo tendo matado Gustavo.

Mesmo com o vídeo não ligaram para a morte do Gustavo, acho que não ligaram por que Gustavo era bandido, sei lá. Vou continuar sem entender.

- Rafa? - Ouço alguém me chamar e quando vejo é o Fernando na porta que está com os olhos cheios de lágrimas.

- Oi. - falo guardando meu celular.

- Minha mãe acordou e quer te ver. - Ele diz feliz com um sorriso de orelha a orelha.

Respiro fundo e me levanto da cadeira onde estou sentada. Coloco um sorriso no rosto e quando entro no quarto sou recepcionada por um belo sorriso.

- Meu Deus, ela é linda meu filho. - É a primeira coisa que ela diz.

Vou até ela e a abraço.

- Fico feliz que a senhora tenha acordado, o Fernando fala muito de você. - Falo e solto do abraço.

- Eu quero te agradecer por cuidar do meu menino durante esse tempo. - Ela diz com um sorriso enorme.

- Não há nada para agradecer, eu amo o Fernando e sempre vou cuidar dele. Aliás, ele que cuida de mim. - Falo sorrindo e Fernando se aproxima.

- Vocês são um casal? - Ela pergunta.

- Não, somos apenas melhores amigos. - Respondo.

- Mas de uma amizade que se nasce o amor, né. - Ela diz dando de ombros.

- Não começa, mãe. Ela é minha amiga e só. - Fernando diz e então começamos a conversar sobre muita coisa.

Ela não tem mais a cor pálida e nem aspecto de quem tá quase morrendo.

Ela tá radiante, sua cor está ótima, então acho que não é a melhora da morte, né?

Acho que Fernando não aguentaria.