q u a t r o

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• Rafaela narrando 🤗

Escuto o assobio do Nando e sei que ele já deve ter conseguido as coisas e então vou para o lado de fora.

- E aí? - pergunto esperançosa.

- Toma. Entra que o chefe ta vindo. - Ele joga as paradas pra mim, pego, agradeço e saio correndo para o banheiro.

Escondo enrolado nas minhas calcinhas e consigo ouvir a porta abrindo.

- ô cachorra? - ouço Gustavo chamar e respiro fundo indo em sua direção.

Abaixo a cabeça já esperando a porrada.

- vai se arrumar, tem pagode hoje e o coringa mandou te levar pra lá. Eu espero que você se comporte, por que se eu sonhar que você tá fazendo merda, eu te apago em dois palitos. - Ele diz bravo, assinto e saio dali indo pro quarto.

Fico pensando no por que o coringa mandou ele me levar, será que hoje eu morro?

- Vê se você se arruma direito, faça alguma coisa que preste pelo menos uma vez na vida. PORRA! - Ele diz e bate a porta.

Eu não aguento mais...

Eu não aguento mais...

Isso vai acabar...

Tem que acabar...

Faço o que ele me manda, tampo a maioria das marcas de agressões no meu corpo e apenas deixo meu cabelo solto.

No rosto não passo nada pesado, apenas tampo as marcas das agressões.

Coloco um curativo na unha arrancada na noite passada.

E no final de tudo é assim que eu estou.

- Até que dá pro gasto. - Gustavo diz me dando um susto. - Enrola não, anda caralho.

Ele diz dando um tapa na minha cabeça e nós vamos pra sala.

- Me deixa ir no banheiro rapidinho, por favor. - peço, pois esqueci de pegar a droga.

- Voce tem 30 segundos. Corre. - Ele diz e é o que eu faço.

Vou até o quarto e olho para os lados para ter certeza de que ele não está olhando. Pego o diazepan que o 2n comprou e guardo no bolso.

Vou pro banheiro dou descarga e lavo a mão só para ele pensar que eu vim mesmo no banheiro.

Vou até ele e ele apenas faz um sinal com a cabeça para que eu ande em sua frente e eu vou.

Vou andando e passo pelo 2n. Nem olho pra ele. Tudo o que ele me deu, ninguém nunca pode ficar sabendo e todas as minhas atitudes e petições para com ele é responsabilidade minha. Então, eu que assume os meus b.o.

Ele pega a moto dele e eu monto na moto. Não me seguro nele, me seguro na alça que tem atrás.

Se fosse antigamente, eu já estaria agarrada nele sentindo o cheiro que eu amava, mas agora... Ah agora eu tenho nojo dele.

Tudo o que vem dele me apavora, me dá nojo, repulsa...

Eu amava o Gustavo. Amava muito mesmo, mas Gustavo me fez conhecer o inferno e eu NUNCA vou perdoar ele por isso.

Chegamos em uma casa, bem no topo do morro. Ali tinha um grupo de pagode e open bar.

O churrasco estava rolando solto e estava um entra e sai da casa.

- É pra ficar do meu lado, ouviu? - Ele me puxa pra ele pela cintura e aperta a mesa.

Preferia ter ficado em casa.

Gustavo vai entrando na casa e me puxando pela cintura.

- Solta a mina, po. - ouço a voz do coringa e nos viramos pra ele.

Gustavo começa a cumprimentar a mão dos parceiros dele e muitos deles me dão uma boa olhada.

Finjo demência e abstraio.

- Eae mina. - Coringa fala comigo. - Fica a vontade, a casa é tua. - Ele fala e agora eu entendi a intenção do tal coringa.

- Obrigada. - Ficaria a vontade se o porra do Gustavo não ficasse igual um chaveiro na minha cintura. Penso mas não falo, Deus me livre apanhar no meio de todo mundo.

Depois de um tempo eu tinha comido apenas uma asa e 2 pedaços de carne. Pro que eu vou fazer tem que ter o estômago forte e eu tenho. Mas, desde que um ser está habitando no meu corpo, eu coloco tudo pra fora.

- Não vai beber? - Gustavo me pergunta. Apenas nego e tomo mais um gole do meu refrigerante. - Então levanta e vai preparar a bebida que eu gosto, porra. - Ele manda e eu me levanto.

Eu não gosto de falar com Gustavo, não quero que ele ouça a minha voz.

Vou para trás do bar e como não sou muito grande, o bar quase me tampa toda.

Pego o morango, a vodka, o leite condensado e um suco.

Amasso o morango e pego a coqueteleira batendo tudo.

Não vou colocar o remédio.

Ainda não.

Coloco na taça a bebida e coloco até um guarda chuvinha.

- Agora senta. - Gustavo fala e eu me sento. - Pelo menos uma coisa que preste. - Ele diz bebendo a bebida. - Vai fazer outro depois.

Apenas reviro os olhos.

Vejo uma mulher entrar e olhar nos olhos de Gustavo. Ele sussurra pra ela "depois". Quase levanto aos mãos pros céus em agradecimento, mas eu me controlo.

O grupo de pagode começa a tocar uma das minhas músicas favoritas do raça negra e eu queria muito dançar, mas apenas mexo os pés.

Eu sou novinha, mas o meu gosto musical é maneiro po.

Gustavo toma toda a bebida que tem em seu copo e me olha.

- Vou ali e já volto, conta dois e de comporta. - Ele diz e sai.

Vejo coringa caminhar pro meu lado, esse cara tá muito afim de estragar todos os meus planos.

Era Uma Vez...Where stories live. Discover now