─ Em que merda você se meteu? ─ grito a centímetro dos seus lábios e gotículas de saliva caem em seu rosto. Ele fecha os olhos com força enquanto minhas palavras ecoam por seus ouvidos.

─ Do q-que você está f-falando? ─ gagueja ainda com os olhos fechados e o rosto virado para o lado contrário, tentando se afastar minimamente de mim, mesmo nós estando tão próximos que nossos corpos podem se fundir.

─ Cosimo Gatti ─ digo e ele abre os olhos. ─ Esse nome é familiar, não é? ─ Debocho com um sorriso abusado e o vejo engolir em seco. ─ Que merda você fez para Gatti te querer morto?

─ E-ele quer me que m-morto? ─ Sinto ele tremer contra meus dígitos.

Quero gritar com ele, quero assustá-lo, para ver se assim ele vê com a merda de pessoa que ele está se envolvendo e talvez consiga se afastar desse mundo antes que seja tarde demais. Contudo, ao ver seus olhos marejando rapidamente e começando a soluçar enquanto as lágrimas que se acumulavam rolam freneticamente pelo seu rosto, eu não aguento e o puxo para um abraço.

─ Ei, calma ─ sussurro contra seu pescoço sentindo o seu peito subindo e descendo com os soluços.

─ Eu não quero morrer, por favor não me mata. Por favor, por favor... ─ implora por sua vida com a voz tão suplicante e dolorosa que eu sinto uma ardência pelo meu peito.

─ Shh... eu não vou fazer nada. Louis, se acalme, por favor. ─ sussurro com voz doce tentando transparecer segurança para ele.

Consigo sentir perfeitamente o cheiro de desespero. Ele treme e soluça, rodeando os braços fortemente em minha cintura enquanto súplica pela sua vida. Minhas palavras parecem não ter efeito sobre si, porque mesmo reforçando que está tudo bem, ele continua assustado. Por isso eu apenas continuo aqui, parado enquanto faço um carinho singelo em seu cabelo e sussurro palavras reconfortantes assegurando-lhe que tudo está bem e que ele não precisa me temer.

Nesse momento enquanto sinto sua vulnerabilidade, volto a me questionar o que levou Gatti a querer a morte de um ser tão inofensivo como Louis. O tempo foi passando e ele foi se acalmando. Em algum momento que não sei reconhecer, paramos sentados no corredor desse prédio com cheiro de mofo entrando pelas narinas e ele encostado em meu peito com os últimos resquícios de soluços saindo pela sua garganta ao mesmo tempo que ele se recupera suavemente.

─ Desculpe ─ sussurro depois de alguns momentos, quebrando o silêncio. Eu devia reaprender a controlar minha raiva, situações como essa jamais aconteceriam meses atrás. Sempre consegui conter minhas emoções. ─ Não foi minha intenção te assustar desse jeito, eu apenas me alterei preocupado em que merda vocês tinham se metido para um homem como aquele querer sua cabeça. Me diga, Louis, por favor. Eu posso te proteger do que quer que seja, só preciso que confie em mim. ─ Seguro sua mão e faço um carinho com o polegar tentando dizer em palavras mudas que a partir daquele momento no bar eu estou aqui para o que ele precisar, que a conexão que a gente desenvolveu não vai ser fácil ser quebrada.

Louis olha para as nossas mãos juntas com os lábios tremendo, depois olha para o meu rosto e desvia olhar para o chão antes de falar:

─ Eu fiz uma merda muito grande. Eu me meti nessa situação, você não precisa fazer nada a respeito disso, eu me viro.

─ Não, você não precisa e sabe por quê? ─ Delicadamente, com o indicador, viro seu queixo em minha direção o forçando a olhar novamente em meus olhos e ele nega com a cabeça. ─ Porque eu me importo com você. Não me pergunte o porquê, mas sinto uma conexão forte como se já te conhecesse há muito tempo, você deve ser alguma espécie de bruxo me enfeitiçou, é a única explicação que justifique minha empatia repentina por você. Me sinto bem perto de você e me sinto bem cuidando de você. Então, por favor, me conte o que aconteceu que prometo que resolverei a situação.

𝗧𝗲𝗿𝗺𝗶𝗻𝗮 𝗻𝗼 "𝗲𝘂 𝘁𝗲 𝗮𝗺𝗼" - 𝗙𝗮𝗻𝗳𝗶𝗰 𝗟𝗮𝗿𝗿𝘆حيث تعيش القصص. اكتشف الآن