19. Ironia do destino

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Naquele dia meu irmão não precisava chegar tão cedo no trabalho. Mateus havia saído do hospital e Charlie estava interrogando ele enquanto Bob fazia análises dos materiais apreendidos.

Isso significava que por enquanto nada de trabalho para o meu irmão até eles resolveram tudo. O que me deixava mais livre também. Logo haveria a corrida de orientação, e por isso eles não deveriam me colocar em outra missão tão cedo; pelo menos até eu voltar da floresta.

Sendo assim, ele tinha um tempinho livre para me dar Carano até a escola. Não entendo como ele pode ter um humor tão bom logo de manhã, mas isso me permitiu oferecer carona para o Lys e o Castiel.

Os dois ficaram a viagem toda sentados no banco de trás e falando com meu irmão que dirigia. Meu objetivo inicial era olhar a mesma paisagem de sempre, ou cantar alguma das dores de cotovelo da Britney Spears no caminho. Mas ao invés disso, encostei minha cabeça no vidro com carro e tirei um cochilo.

Só percebi que havia dormido quando passamos em uma lombada e o carro pulou; fazendo minha cabeça bater no teto do carro e me acordando.

— Aí! — Fiz uma massagem no meu corpo cabeludo, tentando aliviar um pouco da dor da batida. — Já chegamos?

— Já sim! — Disse meu irmão desligando o motor. — Vê se não dorme na sala de aula! E vocês... — Ele se virou na direção dos meus dois amigos no banco de trás: — Agora vocês sabem que a Bianca é uma detetive assim como eu, mas não se esqueçam: isso é um segredo! Não podem contar a ninguém.

— Pode deixar, tio! — disse Castiel.

— Nunca faríamos nada para prejudicar nenhum de vocês, senhor Ricci! — Completou Lysandre.

— "Senhor" e "Tio" não!!! — Meu irmão choramingou apoiando a cabeça no volante. — Já disse para me chamarem de Giovanni mesmo! Me sinto velho quando vocês me chamam assim!

— Claro, maninho! — dei alguns tapinhas de conforto nas suas costas. — Afinal não importa a nossa aparência, o que vale é a idade da alma, não e mesmo?

Ele me olhou com os olhos semicerrados:

— Vou fingir que você não disse isso com intenção de me chamar de velho. Vão pra aula logo! — Saímos do carro; tentei a todo custo segurar meu riso, principalmente quando meu irmão gritou antes de pisar no acelerador: — E EU NÃO SOU VELHO! SÓ SOU NOVE ANOS MAIS VELHO QUE VOCÊS!

Era tudo brincadeira nossa, felizmente Ni sabia disso e não se ofendia de verdade. Seus surtos com a idade eram meramente teatrais. Lysandre e Castiel gostavam do meu irmão, e Giovanni também gostava dos dois. Era legal que eles se dessem bem, afinal eu considerava meus amigos como parte da minha pequena família.

Nós três entramos no prédio conversando. A garganta do Lysandre ainda estava rouca, e por isso ele tinha trazido algumas balinha de mel (e obviamente ele dividiu com a gente).

— Acho que aquela música precisa de uma voz mais aguda. Não consigo alcançar o tom. — Ele se referia a música que ele mesmo tinha escrito, uma que estava trabalhando a algum tempo. Lysandre tinha uma voz grave, porém suave ao mesmo tempo. Eu definitivamente não sei explicar seu timbre: eram os dois que entendiam da parte técnica da coisa. Eu só toco teclado e cantarolo!

— Se você diz... — falou castiel — a última coisa que queremos e você sem voz, Lysandre! Mas então o que faremos? Deixamos ela de lado?

— Talvez um de vocês dois possam cantar ela.

— Um de nós?! — Indaguei. — Mas você sempre quem canta, Lys!

— Sim! Mas seria bom para nossa banda inverter os papéis de vez em quando! — ele sorriu — Não temos funções definidas afinal de contas, só somos nós mesmos quando tocamos.

O Mistério Do Seu SorrisoWhere stories live. Discover now