XXXVI - O PARAÍSO DOS RICOS

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❝𝗥𝗲𝗻𝘂𝗻𝗰𝗶𝗮𝗿 𝗮𝗼 𝗮𝗺𝗼𝗿 𝗽𝗮𝗿𝗲𝗰𝗶𝗮-𝗺𝗲 𝘁𝗮̃𝗼 𝗶𝗻𝘀𝗲𝗻𝘀𝗮𝘁𝗼 𝗰𝗼𝗺𝗼 𝗱𝗲𝘀𝗶𝗻𝘁𝗲𝗿𝗲𝘀𝘀𝗮𝗿𝗺𝗼-𝗻𝗼𝘀 𝗱𝗮 𝘀𝗮𝘂́𝗱𝗲 𝗽𝗼𝗿𝗾𝘂𝗲 𝗮𝗰𝗿𝗲𝗱𝗶𝘁𝗮𝗺𝗼𝘀 𝗻𝗮 𝗲𝘁𝗲𝗿𝗻𝗶𝗱𝗮𝗱𝗲.❞

- Simone de Beauvoir

       O TEMPO TEM PASSADO DEVAGAR ultimamente, ou talvez não, provavelmente me sinto assim por estar longe dele

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O TEMPO TEM PASSADO DEVAGAR ultimamente, ou talvez não, provavelmente me sinto assim por estar longe dele. Já faz algumas semanas desde que nós colocamos os pingos nos is, mas nada ainda está resolvido. Jisung está tentando, eu sei que está, assim como também tenho a compreensão de que essa não é uma tarefa fácil.

       Nós continuamos fingindo para o resto do mundo que não nos amamos, mas diferente de antes, agora também não nos vemos. Decidimos que é melhor assim, manter um pouco de distância enquanto as coisas não estiverem resolvidas. Ficar perto dele é uma tentação, posso acabar não resistindo.

       Han e eu temos nos comunicado apenas por áudio e chamadas. Ele me contou que tentou pegar os documentos na casa do avô, mas que não conseguiu, porque ele trocou a senha do cofre. Eu fiquei devastada, aterrorizada, o plano já começou a dar errado antes mesmo de ser posto em prática. Jisung me disse para manter a calma e confiar que ele resolveria tudo.

Numa dessas chamadas, ele me contou que, de alguma forma, o meu nome surgiu no assunto e o seu avô ficou muito interessado em me conhecer. O senhor Han nos convidou para passar o dia no clube que a família deles frequenta. Jisung me explicou sobre o lugar, disse que tem quadras de tênis, basquete, futebol, estandes de arco e flecha, arremesso de dardos, tem restaurantes e até saunas. Ah, o paraíso dos ricos.

       O clima parece bom neste sábado, resolvo largar o pessimismo e acreditar que vai ficar tudo bem. Eu termino de calçar os tênis brancos, completando assim o meu look all white. A blusa polo de manga, a saia plissada, as meias que passam um pouco dos tornozelos e o rabo de cavalo alto dão ao meu visual uma vibe de tenista.

Desço para encontrar — o meu ainda não entitulado — Jisung, reconheço o seu carro estacionado próximo à calçada, então entro. Eu o fito sem saber como devo cumprimentá-lo agora, ele guarda o celular e passa o seu cinto de segurança, o observo por alguns instantes. Ele usa uma bermuda branca, camisa polo azul bebê, meias como as minhas e, para compor o look com chave de ouro, uma headband branca da nike. Eu acabo rindo.

— O que foi? — ele questiona, está já para começar a rir também, mesmo sem saber o motivo. — 'Tô bonito?

— 'Tá engraçado. — eu respondo, seu riso morre. — Parece algum playboy dos anos noventa. Sério, só faltou o suéter amarrado no pescoço. — eu começo a rir ainda mais quando chego a outra constatação. — Meu Deus! Você está a cara do Fred de Scooby-Doo!

𝐓𝐀𝐑𝐎𝐓; 𝗵𝗮𝗻 𝗷𝗶𝘀𝘂𝗻𝗴Where stories live. Discover now