XXIX - TIRO, PORRADA E BOMBA

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❝𝗔 𝘃𝗶𝗼𝗹𝗲̂𝗻𝗰𝗶𝗮, 𝘀𝗲𝗷𝗮 𝗾𝘂𝗮𝗹 𝗳𝗼𝗿 𝗮 𝗺𝗮𝗻𝗲𝗶𝗿𝗮 𝗰𝗼𝗺𝗼 𝗲𝗹𝗮 𝘀𝗲 𝗺𝗮𝗻𝗶𝗳𝗲𝘀𝘁𝗮, 𝗲́ 𝘀𝗲𝗺𝗽𝗿𝗲 𝘂𝗺𝗮 𝗱𝗲𝗿𝗿𝗼𝘁𝗮.❞

- Jean-Paul Sartre

       DIZEM QUE TODO MUNDO ACABA brigando alguma vez na vida, que geralmente acontece na época do colégio, como um rito de passagem

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DIZEM QUE TODO MUNDO ACABA brigando alguma vez na vida, que geralmente acontece na época do colégio, como um rito de passagem.

       Eu nunca briguei. Tipo, nunca mesmo saí no soco com alguém.

       Quando eu era pequena e vivia no interior, todas as outras crianças eram tão boas comigo, eu me dava bem com a maioria. Certo que nem sempre a minha vida foi tão tranquila. Ser a garota nova do interior em uma cidade grande foi um inferno. Foi difícil superar o bullying, mas eu nunca parti para a violência. Sofri quieta, calada, até Soojin tomar a frente da situação e denunciar.

       Em qualquer ambiente, eu sempre tentei ser amigável com todos, não me metia nas discussões dos outros e até quando a coisa era comigo, eu fugia. Nunca pensei em bater em ninguém, eu sempre fui fraca. Toda vez que uma discussão começava, me sentia ansiosa. Eu odeio isso, e, de tanto fugir de briga, quando uma aconteceu bem na minha frente, eu simplesmente não soube como reagir.

       A forma como Jisung partiu para cima de Huye foi tão inesperada que me assustou. O meu coração bateu forte, mas foi de desespero.

       De repente minha mente se tornou um borrão. Han socava a cara de Myung como se ela fosse um saco de boxe. Minhas mãos tremiam, minha garganta tapava-se sem conseguir nem ao menos pedir para parar. A cada segundo eu ficava mais nervosa, as pessoas começavam a parar para observar.

       Jisung também não estava gostando da situação. Han o agrediu de uma maneira tão dolorosa que até ele sentiu nos seus dedos, mas isso não o agradou, a forma como os seus lumes me fitavam demonstravam que até ele teve medo de onde esses impulsos surgiram. Então ele recuou, saiu de cima do outro, que usou toda a força do corpo para se erguer do chão, ainda que sem muito equilíbrio.

       O meu namorado me encarava de uma forma um tanto penosa e assustada, seus lábios tremendo sinalizando que queria dizer algo, ou talvez só sair dali. Eu também possuía o mesmo desejo, mas assim como ele, algo prendia os meus pés e a minha língua.

       Huye cospe no chão e de sua boca sai sangue, assim como o que escorre das suas narinas. Ele cambaleia nas próprias pernas, estala o pescoço e nos encara com desgosto. Não é preciso que nada seja dito para que suas intenções fiquem claras, mesmo assim ele diz.

       — Você pode ter certeza que isso não vai ficar assim.

       Eu ouço estalos. São câmeras, flashes. Turistas e locais registando o que acabou de acontecer. E daí que eles não entendem nosso idioma ou sabem quem somos? A briga que tiveram foi a linguagem de sinais mais universal de todas.

𝐓𝐀𝐑𝐎𝐓; 𝗵𝗮𝗻 𝗷𝗶𝘀𝘂𝗻𝗴Where stories live. Discover now