vinte e seis

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- Pai, eu sei que você vai dizer "não", mas vou tentar mesmo assim: posso pegar o barco?

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- Pai, eu sei que você vai dizer "não", mas vou tentar mesmo assim: posso pegar o barco?

Nicholas Mosheyev, que estava deitado no sofá com o celular nas mãos, nem tirou os olhos da tela para responder o filho:

- Que bom que você me conhece tão bem, filhão. - Luke abriu a boca para rebater, mas Nicholas continuou: - Quase morrer uma vez já não é o suficiente para você?

Luke quis dizer que aquilo era um exagero, mas não era. Ele quase tinha morrido depois de pular daquele mesmo barco, que a marinha recuperara para os Mosheyev pouco depois da tempestade, enquanto ele ainda estava no hospital.

- Não vai ter tempestade nenhuma hoje.

- Ah, vai sim, se a sua mãe descobrir. Serão raios para cima de mim!

Luke tinha tido muita consideração em perguntar. Talvez fosse melhor só roubar mesmo e lidar com as consequências depois.

- Para que você quer o barco, Luke?

- Visitar a Isla.

- E ela não pode vir para cá?

- Ela sempre vem! Não é assim que namoros funcionam...

- E você sabe muito de relacionamentos já que namora há tanto tempo, né?

Bem, aquilo já era humilhação.

Luke estava dando meia volta com raiva quando o pai o chamou:

- Sua mãe não vai se importar se eu levar você.

Ele parou no lugar.

- Sério?

- Sério.

Luke tentou não sorrir como um idiota. Ele veria Isla. Pela primeira vez depois de se beijaram em Santa Bárbara, dois dias atrás. Deus, ele não conseguia parar de pensar naquilo. Não conseguia parar de pensar nela.

Ela gostaria de vê-lo? Ficaria feliz ou nervosa? O que ia dizer?! Eles não tinham conversado muito por mensagens. Luke apagava as palavras que queria dizer para ela na mesma velocidade com que as digitava. Certas coisas era melhor resolver pessoalmente. E o que havia entre os dois talvez fosse uma delas.

Poucos minutos depois, pai e filho estavam no barco, Dug em seus calcanhares. Luke abraçou o cão pelo pescoço e o manteve bem perto de si.

- Nada de cair no mar de novo, ouviu?

Dug o olhou como se entendesse cada palavra.

Luke se apoiou nas barras de proteção e observou o mar. O campeonato estava se aproximando cada dia mais. Sabia que os pais saberiam quando ele estivesse lá, já que o evento seria transmitido para a TV e redes sociais. Eles ficariam zangados. Não achava que o perdoariam daquela vez. Talvez a transgressão colocasse um ponto final nos encontros com Isla e os amigos.

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