cinco

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Eu não posso morrer aqui

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Eu não posso morrer aqui.

Conforme avançava com a lancha em direção à ilha, tentando levar a melhor nas ondas que pareciam determinadas a empurrar o barco para as profundezas do oceano, aquilo era tudo que Luke conseguia dizer para si mesmo.

Não vou morrer aqui.

Mas era difícil acreditar naquelas palavras. Ainda mais quando o céu escuro se iluminava com o brilho cego dos raios, quando o som da chuva e o furor do mar eram tudo que ele podia ouvir além do pulsar do coração.

Luke se agarrou aos controles da lancha quando a popa do barco se elevou em um nível absurdo para cortar as ondas. Na cabine de comando, tudo que não era pesado o suficiente para permanecer no lugar foi jogado para trás.

- Dug! - Luke gritou, girando o leme e forçando mais o motor, que já estava indo a toda velocidade. - Dug, vem aqui!

Mas o cão estava desnorteado, latindo para a tempestade como se aquilo pudesse resolver a situação.

Luke engoliu em seco ao ver a ilha ao longe. Não havia a mínima possibilidade de conseguir dar meia volta e chegar à Malibu a salvo, mas talvez pudesse alcançar a praia. Se pelo menos a chuva desse uma trégua, se pelo menos o convés parasse de ser invadido pela água por alguns segundos...

Não vou morrer no mar. Não aqui.

A ironia de tudo era tão absurda. Se sobrevivesse àquilo, Luke tiraria um bom tempo para amaldiçoar a si mesmo por sua tremenda burrice. Havia agido como um idiota, cego pela raiva daquele jeito, e tinha arrastado Dug com ele para o meio de um temporal em alto mar.

Ele deveria ter...

O rumo dos pensamentos de Luke foi subitamente interrompido por um balanço que o fez cair no chão da cabine. Ele olhou por cima do ombro a tempo de ver a parte de trás da lancha desaparecer em meio à água do mar, que tinha invadido o convés por completo.

- Dug!

A água chegou à porta da cabine, o cão sendo arrastado com ela.

Luke se esqueceu dos controles. Esqueceu da porra do barco.

A lancha não estava afundando, não ainda, mas havia água demais, e as ondas pareciam formar paredões maciços ao redor do barco.

Em uma fração de segundo, Luke registrou os rochedos que se erguiam não muito longe dali, como um prólogo da ilha que não estava mais tão distante. Se aguentasse mais um pouco, chegaria à areia. A única coisa que precisava fazer era chegar à areia.

Naquele momento um trovão soou, parecendo disposto a sacudir o mundo inteiro. Dug latiu desesperado quando mais água espirrou além do casco da lancha. A chuva estava tão forte que as costas de Luke doíam com o impacto.

Canto de MalibuOnde histórias criam vida. Descubra agora