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a e s t h e t i c

a e s t h e t i c

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M E L


A mochila de plástico e umas roupas dobradas estavam sobre uma mesinha num canto iluminadas por uma luz amarelada que vinha de uma janela com os vidros fechados.

Não havia som nenhum, não havia pensamento nenhum.

Melissa estava há um bom tempo com os olhos abertos, não piscava, não se movia. Inspirava e expirava devagar e tranquilamente.

Seus olhos finalmente focaram na câmera dentro da mochila transparente e ela piscou. Abriu a boca de leve e o ar entrou em seus pulmões ao mesmo tempo em que sua consciência voltou ao normal.

Agora seus olhos ardiam mesmo que a luz não estivesse forte. Seu pescoço doía porque sua cabeça tinha ficado de lado por muito tempo.

Ela percebeu que estava deitada, mas também meio sentada. Moveu a cabeça devagar olhando para cima e o cheiro de limpeza deixou bem claro que estava em um quarto de hospital e ao se dar conta disso fechou os olhos com força sentindo um nó na garganta. Era o último lugar que gostaria de estar. Seu queixo tremeu, mas ela mordeu o lábio. Respira, linda. Ela o ouviu dizer em sua cabeça, dentro do seu coração, mas a voz de Rafael ficava mais fraca conforme o tempo ia passando. O ar saiu trêmulo quando ela expirou pela boca. Ela engoliu aquele nó quando sentiu os olhos começarem a molhar.

Melissa olhou pra frente e não ficou nem um pouco surpresa.

Aos pés da cama, Lucca estava sentado em uma cadeira encostada à parede. Ele estava inclinado pra frente com as pernas abertas e os cotovelos apoiados nos joelhos olhando para ela, estava ali observando aquele tempo todo.

— Sabe em quê eu não consigo parar de pensar? — Ela falou com a voz baixa e cansada e Lucca fez um não bem lento com a cabeça. — Que nunca vou saber do quê aquele grego me chamou.

— Quer mesmo saber?

Ela fez que sim.

— Ele te chamou de imbecil.

Melissa deu uma risada sem sorrir e continuou olhando para Lucca.

— Você teria mesmo batido nele... por minha causa?

Lucca fez que sim bem devagar com a cabeça mantendo o olhar firme nos olhos dela.

— Seu rosto está marcado. — Melissa mordeu o lábio, virou a cabeça para o lado e olhou novamente para sua mochila e suas roupas sobre a mesinha. — Eu tenho vinte e cinco anos, e nunca tinha batido em ninguém a minha vida toda.

P O S I T A N OWhere stories live. Discover now