Capítulo 7

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7 de Setembro.

Sasuke tomou o banho mais rápido de sua vida naquela tarde de terça-feira. O treino daquele dia tinha passado do horário porque Gai-sensei não estava satisfeito com o desempenho de alguns alunos durante a corrida e, para incentivá-los, não liberou ninguém até que tivessem corrido cinco quilômetros na pista. Isso depois de terem feito exercícios de membros superiores por quarenta minutos e um treino contínuo de arremessos de três pontos por mais cinquenta.

Estava, obviamente, muito cansado; porém, o que mais o preocupava era Hinata pensar que tinha se esquecido dela. Por causa das atividades incessantes, ele não conseguiu mexer no celular em momento algum, nem para enviar uma mensagem de desculpas pelo atraso. E ainda tinha a possibilidade de ela não ver devido aos próprios ensaios no piano. Droga!, pensou e trincou o maxilar ao se vestir com pressa.

Ne, teme! — Naruto o chamou, saindo do box do chuveiro com uma toalha enrolada na cintura. — Mas que maldita pressa é essa, cara? — quis saber enquanto segurava a toalha com a mão direita para que não caísse.

— Hoje é terça, usuratonkachi — ralhou nervoso por aquela conversa tomar mais ainda de seu tempo. O loiro parou ao seu lado para acessar o próprio armário e Sasuke não queria estar lá para presenciá-lo tirar a toalha. — Tenho que dar aula de reforço para a Hinata — disse, terminando de fechar a porta metálica e girando o segredo a fim de trancá-la.

— Hmmm — o Uzumaki fez, insinuando segundas intenções. Ele precisou soltar a toalha para poder pegar suas coisas dentro do armário, sem ver que Sasuke colocava a mochila nas costas ainda molhadas pelo banho. — Bem que você nunca me contou nada dessas aulas de vocês, hein?

Quando Naruto voltou para o Uchiha, descobriu que o amigo não estava mais lá e o havia deixado falando sozinho. Revirou as safiras nas órbitas, controlando a vontade de bater no armário. Tinha que se conformar, afinal, o amigo sempre fazia aquilo. Estava quase revendo seu conceito de amizade tóxica quando se lembrou de que Hinata precisava mesmo das aulas. Portanto, dando de ombros, ele vestiu a cueca.

Não seria naquele momento que Sasuke contaria qualquer coisa sobre seus momentos sozinho com Hinata.


Como se suas pernas não estivessem dormentes pelos quase dez quilômetros corridos naquele dia, o jovem andou a passadas largas para chegar mais rapidamente ao prédio no qual a sala do grêmio de música ficava. Subiu os degraus de dois em dois e, ao avistar a porta entreaberta no fim do corredor, a água do cabelo molhado já havia se misturado ao suor da afobação.

A respiração muito ofegante fazia seu peito doer, e ele era um atleta! Um atleta afobado e inconsequente, mas ainda um atleta. Passou a caminhar mais devagar para normalizar a respiração, pois não queria que Hinata o visse naquele estado conturbado. Conforme se aproximava, ele conseguia escutar uma melodia suave e melancólica ficando mais alta. Percebeu que vinha de um piano e, associando rapidamente o instrumento à garota para quem ensinava matemática, imaginou a Hyuuga sentada em frente a um, dedilhando.

Não era exatamente o que sua mente criou; mas, assim que se virou para entrar na sala, identificou Hinata de costas para a porta e de frente para o piano do grêmio. Os movimentos tênues e discretos que ela fazia eram quase imperceptíveis de tão precisos, talvez também fosse devido à coluna dolorosamente ereta. Seus cabelos estavam soltos e pareciam uma cachoeira, melhor, pareciam o céu noturno cheio de estrelas cintilando.

Ao lado esquerdo da sala, Sasuke vislumbrou Iruka-sensei, que estava sentado em uma mesa e tinha os olhos marejados. O mais velho fez um gesto para que ele permanecesse em silêncio, e então o Uchiha entendeu que aquele era um momento único. Ele não sabia quase nada de música clássica, muito menos de piano, entretanto, qualquer um reconheceria a sonata número quatorze de Beethoven.

Chegaste ao fim dos capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Aug 21, 2022 ⏰

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