52 | Eu vou matá-lo.

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- Adelaide, estás a ser indelicada para com a Blair. A universidade não é algo fácil e esse negativismo todo só lhe irá trazer demónios para o próximo período. - A minha avó defende-me, repreendendo a sua filha que rondava a casa dos cinquenta anos. - A Blair é inteligente e tenho a certeza que irá conseguir passar às novas disciplinas que se avizinham.

- Obrigada, avó. - Eu agradeço, sorrindo triunfante para a insuportável e resmungona crítica.

O meu pai força um sorriso, posto o ambiente que se colocara seguidamente, na divisão, mas acaba por retomar a conversa que estava a ter com o meu avô sobre um jogo qualquer de futebol que passara há dias na televisão. O meu telemóvel vibra, fazendo o meu olhar ansioso o fixar seguidamente. Todos os meus amigos, incluindo Samantha, Louis, Elaine e Niall, já me haviam respondido à mensagem de Feliz Natal, por isso, as opções recaiam para apenas uma pessoa e, como sempre, a minha intuição estava certa.

"Feliz Natal, Blair. Espero que este dia esteja a ser bom.

Tenho andado muito atarefado com os preparativos e com a minha família, já tendo mesmo feito de babysister para as minhas primas mais novas. Contudo, é uma alegria o ambiente que aqui se instalou e já tinha muitas saudades de estar reunido com todas estas pessoas que eu tanto adoro. Desculpa a dificuldade em escrever-te algo querido mas ambos sabemos que eu não sou muito bom com palavras.

Ignorando todos os meus outros desejos que tenho contigo, gostaria que estivesses aqui neste dia tão especial e que abrisses a tua prenda ao meu lado. Estou ansioso que vejas o que te ofereci e gostaria que depois me contasses como fora a tua reação. Mal posso esperar para estar contigo novamente, tenho saudades.

Amo-te."

Him - Wed. 23h43

Sorrio após reler a mensagem. Fico mesmo satisfeita por saber que ele está a aproveitar o tempo com a sua família e por saber tudo está bem. Na verdade, gostava de o ver cuidar das primas pois, com o jeito e com a paciência que ele tem, tenho a certeza que deve ser um cenário lindíssimo.

A voz do meu pai traz-me de volta ao mundo real, deixando-me um pouco sem noção se quanto tempo estivera a sorrir para o meu aparelho tecnológico.

- Bem, sei que ainda faltam quinze minutos mas acho que já podemos abrir as prendas.

- Sempre a estragar a magia do Natal, pai.

A verdade é que a minha família nunca ligara muito à tradição de abrir as prendas após a meia-noite. Como sempre fora uma rapariga muito inquieta e muito curiosa, descobrira rapidamente que o Pai Natal não passava de uma mentira e, por causa disso, os meus pais começaram a abrir as prendas mais cedo, desculpando-se que, ou estavam cansados ou alguém da minha família estava cansado.

- Desculpa, filhota, mas o Natal já não é o que era e além disso o teu avô já deve estar cansado.

Reviro os olhos quando ele põe em prática a desculpa habitual mas assinto com a cabeça, não me importando que as prendas sejam agora abertas. Como sempre, e após o seu pedido, fora eu que tivera que distribuir as prendas por entre todos, deixando todas as minhas ( que já agora, eram a maio parte delas ) para o fim. O gorro de Pai Natal que o meu pai me obrigara a usar dava-me um ar tão engraçado que não conseguira não compartilhar com os meus amigos. Mandei, por isso, uma foto a mostrar as minhas figurinhas de idiota a Samantha, a Louis, a Elaine e a Zayn.

Os meus avós e o meu pai pareciam bastante satisfeitos com as prendas que desembrulhavam dos seus mais queridos, contrariamente à senhora de cabelos ruivos que apenas sorria, notando-se perfeitamente pela sua expressão facial que não era nada daquilo que ela desejava. Conhecendo a família da parte do meu pai como eu conheço, apenas tenho duas hipóteses para o facto de a minha tia ser da forma como é: ou ela bateu forte com a cabeça quando era mais nova ou veio a rebolar do monte, a minha avó teve pena e adotou-a.

- Blair, não vais abrir aquela? - O meu avô questiona, notando que apenas faltava uma prenda para abrir debaixo da árvore. Receosa com o que estivesse no seu interior, tendo em conta que o meu namorado não é muito certo da cabeça, neguei com a cabeça.

- Talvez mais tarde, avô.

Os papéis, rasgados ou amarrotados, são todos colocados num grande saco para que a sala não fique mais suja do que já está. Os laços dos embrulhos estão todos a um canto guardados, visto que todos os meus parentes conhecem o grande fascínio que eu tenho pelos mesmos. Levanto-me do sofá, com alguma dificuldade tendo em conta os presentes já abertos que me rodeiam, e pego na caixa que sobrava.

O meu pai franze a sobrancelha e ri-se para mim, provavelmente desconfiando que viria de um rapaz. Ele é inteligente e ambos sabemos que é muito difícil eu esconder-lhe algo. Todavia, não me impediu quando eu lhe pedira para ir para o meu quarto. Apenas fez um comentário.

- Espero que esse rapaz se tenha esmerado para te fazer sorrir.

- Acredita, pai, eu também espero isso.

Sorrio e abandono a divisão, subindo apressadamente até ao meu quarto. Desta vez não me importara se ia caindo ou não, querendo unicamente chegar rápido ao meu compartimento. A caixa era grande mas não era tão pesada quanto aparentava ser. O único problema da mesma é que dava mau jeito a andar por não me dar uma grande visão do chão.

Uma vez que me sento na minha cama, começo logo a desembrulhar a grande caixa, repleta de mistério. Não fazia a menor ideia do que é que se encontrava no seu interior mas, uma vez que abro a caixa deparo-me com mais duas caixas de tamanhos diferentes. Começo por abrir a de papel mais colorido, por me ter chamado mais a atenção, e arregalo o meu olhar ao ver um lindíssimo colar no seu interior.

Encantada com o objeto, resolvo logo colocá-lo. Era lindíssimo, não tenho palavras para o descrever.

Delibero abrir a segunda caixa, mas faço-o mais lentamente receosa com o que pudesse conter o seu interior. O papel de embrulho não era tão apelativo e, idiota como é o Zayn, coisa boa não deve vir de algo tão grande. E, após abrir, confirmo que, como sempre, eu estava certa.

Os meus lábios entreabrem-se ao ver a roupa que ele me comprara. Algo colegial associava-se aquela vestimenta e, a comentar pela saia, como garantir que toda a minha parte inferior ficará exposta caso a vista. A parte de cima também não era muito apropriada para sair à rua visto que, além de não me tapar a barriga, tenho quase a certeza que todo o meu peito ficará exposto ao vesti-la. Não obstante, isto não ficava por aqui.

No fundo da caixa havia um preservativo, juntamente com uma mensagem pouco ou nada decente tendo em conta a situação.

Mal posso esperar pela nossa próxima aula, Miss Blair. Com os melhores cumprimentos para a minha aluna preferida, do seu professor predileto.

Eu vou matá-lo.

Toxic 》 malikWhere stories live. Discover now