Sonhos

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Há certas coisas em minha vida que nasceram em mim e outras que foram criadas em mim. Nasceram em mim, meus amores, minhas vontades e meus sonhos. Os "meus amores" são tão profundos que provavelmente nunca morrerão, como tudo no mundo morre. Essas coisas são tão minhas que ninguém pode tocá-las. Tenho que senti-las no fundo, para sempre. Não me atrevo a desperdiçar uma única vez de viver essas coisas. Meus amores é uma das únicas formas que sei de me expressar para o mundo: não serei nunca lembrado por tudo que odiei mas sim por tudo que amei.
M

inhas vontades. Minhas vontades são meu jeito de dominar e submeter ao mundo. Eu tive muitos amores e vontades desde sempre que incendiaram os caminhos pelos quais passei. Uma dessas vontades era amar a música. E por alguma razão, foi uma vontade de fazer por um amor indescritível, então só fiz.
Tenho a dúvida que seja também pelo fato de que para as outras vontades seria necessário um caminho muito simplista, mas para a música seria necessário um longo e complexo caminho que se enrola no aprendizado da própria vida em sua prática mais longa. Não gosto de teorias estudiosas apenas suas práticas. E, para fazer música, uma das coisas mais necessárias é a prática. Desde os 7 anos eu vivo sob essa vontade ardente de ter o poder sob a música. Ainda sim, cada vez que me sento frente ao piano, ou ao microfone, ou seguro o lápis entre as mãos, é a ansiedade de uma primeira vez. Cada música é um estresse e uma alegria sem fins. A habilidade que a música tem comigo de sempre ser nova em algo e cada vez mais irreverente não importa quanto tempo passe é o que me mantém vivo e sempre em frente.
Agora sobre meus sonhos. Cada um deles é espontâneo. Eu nunca sei qual será o próximo. Eles vem até mim do nada. Os sonhos estão por aí, procurando por mim. Eu me conecto a eles, eu tenho amor por eles, eu tenho vontade de viver e morrer por eles, eu quero realizar cada um deles. Se eu não tivesse sonhos, seria alguém vazio de mim. Mesmo que tenha em mente a noção de que nem sempre poderei realizá-los por completo ou por início. Sei que um dia não terei mais tempo ou vitalidade para isso, e então ficarei apenas nas vontades de sonhar. É cruel, porque nunca quis apenas ter vontade de sonhar, sempre quis sonhar para realizar. Quando eu não puder mais realizar, aceitarei de bom grado o destino de todos os sonhadores.

Terá me restado no fim amar e apenas sonhar. Ter vontades é algo volátil demais e extremamente imprevisível e que pode as vezes até não me agradar: posso ter vontade de algo que claramente não poderei ter e que devo aprender a viver sem nunca sentir a falta. Vontades são finitas e traiçoeiras.

Enquanto sonhar, posso fazer até morrer. Sonhar é infinito. É como se eu pudesse ter tudo que a vontade deseja em um mundo de pura esperança. E eu vivo por essa esperança.

Espero ainda não viver em ilusão. Ter a capacidade de amar o presente e sonhar com um futuro.

Tudo é constante, tudo muda: preciso saber quando eu também, ao mesmo tempo que devo viver como se tudo fosse eternamente igual. Por fim, o fim, a morte será algo quase inofensivo: morrer claramente será quase inofensivo porquê será extremamente importante na minha vida. Não tenho um medo exatamente de morrer: tenho medo do que pode ou não vir depois de morrer, o desconhecido assim como a todos os humanos, é assustador.
Quero morrer confiante de que talvez possa ser uma descoberta interessante, não necessariamente boa nem necessariamente ruim.

Se pudesse escolher algo para esse momento da morte, acho que escolheria estar sonhando com algo bom, como Hoseok estando ao meu lado para sempre. Acho que não terei tanto receio, ou ansiedade, apenas certeza de que naquele pedaço de tempo tudo está bem. Seria algo interessante também, pensar que podemos voltar numa outra vida, para que nossa alma sempre estivesse vivendo uma nova vida, um novo lugar, uma nova pessoa. Mas, não queria que me dissessem nada sobre isso. Nem se existe, nem se não existe, nem se o eu hoje já foi alguém ontem e será outro alguém amanhã. Quero viver e morrer todas as vezes que tiver a chance. Quero encontrar a mim mesmo de alguma forma, sem saber que já fui eu. Mas quero acima de tudo como uma vontade incontrolável, amar de novo todas as pessoas que amo hoje e viver junto delas como um sonho toda vez.

Isso poderá vir a mim num sonho, ou não. Não ligo muito.

Uma das coisas mais interessantes sobre tudo, é o mistério do desconhecido que faz o coração palpitar no "e se?"

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