Plano

1.4K 173 86
                                    

Alerta de gatilho: Este capítulo contem algumas falas lesbofóbicas (culpem a Alisson).

Notas da Autora: Eu considero este capítulo importante porque revela um pouquinho  sobre como a Avery se sente em relação a irmã e tem uma interação dela com a Maeve que contribui um pouco para o relacionamento das duas ao longo do livro.

E boa leitura!

Avery Yeung

Após um banho e colocar aquele uniforme ridículo, vou até a cozinha onde já havia sido preparado o café da manhã e obviamente meu pai não estava lá, era irritante o quanto a empresa idiota dele era mais importante que as próprias filhas.

Me sento de frente para Alisson que continua a comer de cabeça baixa, provavelmente para não olhar para mim, ou provavelmente por não estar bem aquele dia, a noto abatida e quase pergunto o motivo mas prefiro me manter em silêncio e apenas comer, outra discussão com minha irmã mais nova era tudo o que eu não precisava aquela manhã.

Mas obviamente o silêncio começa a me incomodar então, apenas tento puxar um assunto que não nos levasse até socos e ofensas.

— Você está... bem? –pergunto quase me arrependendo porém não havia muito o que fazer.

— Não. –a garota responde ríspida e continua a comer, enquanto mantém seu silêncio — Por que isso importa.

— Não sei... –dou de ombros fingindo estar despretensiosa — Chegou tarde ontem, seus barulhos me acordaram.

— Este é um problema inteiramente seu, se quer mais horas de sono só falte aula e durma. –ela ergue seu olhar para mim — Seria um alívio não ter de ir e voltar da aula com você.

— Sim, mas poderia chorar mais baixo, não? –indago a olhando e ela apenas me ignora — Nosso pai me pediu pra perguntar o que houve com você, chegou tarde, não atendeu as ligações, nos acordou com seu choro.

Era mentira, obviamente nosso pai havia dormido feito uma pedra, talvez pelo seu cansaço por ser um tremendo workaholic, mas se Alisson estava triste,  queria que soubesse que alguém se importava no momento, e como dar o braço a torcer não era o meu forte, usei nosso pai.

— Eu estava bêbada, só isso, eu choro quando bebo. –explicou enquanto continuava a comer — Só diga que eu assisti algo e chorei durante a madrugada, ou sei lá, ele vai acreditar, ele não se importa muito, e além do mais da próxima vez, peça para que ele ligue do celular dele, achei que era você querendo me infernizar.

— Estava descarregado. -minto para tentar manter um diálogo minimamente decente — Ontem, você... estava com aquela garota, não é?

Ela instantaneamente levanta o seu olhar para mim.

— Pra que quer saber? -ela cruza os braços e encostas as costas na cadeira que estava sentada, enquanto me olha com uma expressão que não consigo decifrar — Não acho que as minhas companhias digam respeito a você. 

— Não me referi a Maeve, Alisson. -digo simples e ela me olha surpresa — Sabe bem de quem eu estou falando. E sabe também que ela é perigosa, então, para alguém como você... é melhor manter-se longe. 

Digo me lembrando de uma fases mais difíceis de Alisson, seu vício em remédio quando ela tinha 15 anos, e a sua aproximação repentina com a fornecedora deles, Grace Fields. Obviamente ela estava concentrada demais em seu uso de remédios controlados para perceber, mas não demorou muito para que ela passasse mal, e fosse levado ao hospital, e obviamente sabendo o quê o nosso pai faria caso soubesse disso, pude descobrir aquele dia o quão corrompidas as pessoas podem ser pelo dinheiro, enquanto garotas de 16 anos comuns matavam aula, davam o primeiro beijo ou fugiu dos pais para ir a alguma festa, eu subornava um médico para encobrir a overdose da minha irmã. 

Yeung (Romance Sáfico)Where stories live. Discover now