1: Um cupido meio desastrado

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Pov: Neil

Eu sabia que tinha cometido um erro ao esbarrar em Andrew no corredor, já faziam duas semanas que isso aconteceu e eu não consegui passar despercebido. Sempre que tentava seguir ele para descobrir um possível pretendente, Andrew me despistava e eu já estava com medo dele ameaçar chamar a polícia.

Aliás, quem não chamaria tendo um stalkear te seguindo por todo lugar?

A rotina dele era bem simples e fácil de decorar, o dia se resumia em: aulas, treinos de Exy e dormitório. O problema era que eu só podia estar em um desses lugares, que no caso são as aulas que frequentamos juntos.

Enquanto andava misturado em uma multidão de alunos eu decidi pela primeira vez assistir um dos treinos. Andrew andava uns cinco metros a minha frente, e eu podia estar paranoico mas ele parecia saber que estava sendo seguido.

Droga, deve ser só o nervosismo.

Deve ser isso, foi a primeira vez que tive algum tipo de contato com um dos meus alvos.

É tão estranho chamar assim, parece até que eu sou um assassino de aluguel, mas eu não posso fazer nada, é assim que somos ensinados a chamá-los.

Quando Andrew entrou no estádio eu perdi ele de vista mas decidi seguir para as arquibancadas. Escolhi um lugar no canto para passar despercebido e fiquei esperando começarem.

Provavelmente eles estavam se trocando porque assim que vi o anão loiro entrando em campo ele já estava usando o uniforme laranja das raposas.

Mas para minha surpresa não era só isso que estava diferente.

Do seu lado vinha um menino alto com uma tatuagem no rosto, eu estava longe demais para distinguir o que era aquilo desenhado. De qualquer forma não era isso que importava, ainda usando os óculos de armação arredondada eu pude ver a linha vermelha enroscada no tornozelo dele ligando-o ao garoto em seu lado.

Olhando para os dois levei a mão até o bolso da mochila que estava do meu lado, tinha certeza que não estava sendo observado quando tirei dela um objeto de metal, ele tinha cerca de trinta centímetros e era fácil de esconder, quem olhasse nunca poderia imaginar o que aquilo era realmente. Nunca precisei usar o arco na prática, mas para tudo tem a sua primeira vez e nos treinos nunca errei uma flecha.

Aquela era uma ocasião especial, com o progresso que eu fiz até agora é capaz de passar o resto da minha vida seguindo o loiro caso eu não agisse.

Quando pressionei as laterais do objeto ao mesmo tempo, o objeto se desdobrou e em segundo já tinha em mãos um arco profissional de mais de 1 metro de comprimento.

Levei de novo a mão até a bolsa e tirei de lá uma flecha com a ponta em formato de coração. Precisava tomar cuidado, sempre fui instruído para usar luvas, mas já estava sem tempo para procurá-las e dessa vez tomaria o dobro de cuidado para evitar me cortar.

Coloquei a flecha no arco com cuidado e forcei a linha até o final, mirei o garoto alto e deixei meus dedos deslizarem pela flecha vendo-a voar pelo campo em uma velocidade alta até que em algum momento do percurso ela fosse impossível de ver, pelo menos para aqueles que não usavam o óculos que eu estava no rosto.

A flecha atingiu com precisão o lado esquerdo do peito do garoto que por um momento paralisou, encarando o garoto em seu lado. Me inclinei para tentar enxergar melhor, isso era melhor que qualquer treino, passei quatro anos na faculdade até ter autorização para fazer isso sozinho e agora aproveitaria o máximo possível.

A flecha desapareceu em uma fumaça, essa que eu tenho certeza que ninguém mais podia enxergar.

Isso é melhor que novela.

Abri um sorriso quando eu percebi que o garoto tatuado se aproximava de Andrew. Esse era o bom das flechas, a não ser que fosse personalizas elas só funcionam com aqueles que compartilham a ligação do Akaito.

O garoto alto disse algo, mas eu estava longe e não entendi o que era. O anão loiro se inclinou e segurou na sua nuca quando encostou suas bocas.

Deixei um suspiro escapar, eu amava essa parte, quando os dois tomavam uma atitude.

Eu não podia ter um emprego melhor.

Minha missão estava comprida.

Ou era isso que eu pensei até alguém abrir a porta, primeiro ouvi uma garota fazer um barulho com a boca, algo parecido com um suspiro, mas diferente de mim ela parecia... horrorizada?

Homofóbica.

Olhando na direção dela percebi que atrás da menina vinha... o Andrew?

Olhei para o garoto no meio do campo e depois voltei a encarar o menino que acabou de entrar. Ele vestia um uniforme branco com detalhes laranjas e olhou para minha direção no momento em que pisou aqui.

Esse era o Andrew, só ele podia notar tão rápido minha presença. Mas se esse era o Andrew então quem...?

-EU NÃO ACREDITO NISSO AARON!

-Eu posso explicar Katelyn.

Que merda eu acabei de fazer?

Um cupido à soltaWhere stories live. Discover now