Prólogo: Alguém para Andrew

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Neil não enxergava nada em sua frente, a pilha de livros que carregava bloqueava sua visão e o óculos de armação arredondada cismava em escorregar pelo seu nariz.
Resumindo: esse era o pior disfarce que poderia ter encontrado, com ele era praticamente impossível manter os olhos no loiro que caminhava poucos passos a frente

As lentes dos óculos eram feitas com um material especial que até ou ruivo desconhecia a origem, o importante é que permitia que ele enxergasse o que quase ninguém mais via: os akaito's, fios vermelhos que ligavam as almas que estavam destinados a se encontrarem em algum momento de suas vidas. O problema é que mesmo entre o emaranhado de fios que cobria o chão do corredor da universidade de Pallmetto, nenhum deles pertencia a Andrew.

Podia ser incomum mas não impossível de acontecer, o que só  tornava o trabalho de Neil mais difícil, sem uma ligação evidente, ele teria que arriscar o juntar com uma outra pessoa que provavelmente já teria fio o ligando a outro alguém. Felizmente não era raro casamentos felizes com casais que não eram conectados pelo Akaito. Provavelmente Andrew seria um desses casos.

Com um sorriso, Neil se pegou pensando em como amava seu trabalho. As lendas sobre seres que ajudavam os humanos a encontrarem seus pares chamava a atenção de Neil desde que era uma criança, eles podiam ter vários nomes como Cupido ou Eros. Quando terminou o ensino médio não tinha ideia de que profissão seguir, quando estava prestes a ingressar em uma faculdade ele recebeu uma carta de aceitação de uma universidade com as iniciais UESH, o problema era que Neil nunca tinha se escrito para uma  faculdade com essa sigla, e na internet não havia nada sobre ela, logo começou a pensar que podia se tratar de um trote.

Depois de 5 anos, o ruivo se via formado com honras por ela, a Universidade de Especialização Sobre-Humana. Um cupido ainda em seu período de adaptação. Se queria ser tão bom em sua profissão quanto foi como aluno, Neil não podia falhar logo nas primeiras missões. E ele faria tudo que estivesse ao seu alcance para que isso não ocorresse.

Ou era isso que Neil queria, ele só não esperava acabar esbarrando no seu alvo. Reforçando o que já foi dito anteriormente: pior disfarce de todos.

-Caralho.

Pelo comportamento que Neil já tinha observado nele em outros momentos, podia jurar que ele continuaria a andar com a mesma expressão apática de sempre, mas para a sua surpresa, depois de xingar Andrew olhou para trás em busca da pessoa que esbarrou nele e se abaixou para ajudar a pegar os livro que acabaram caindo com a colisão.

-Foi mal.

-Você deveria prestar mais atenção, idiota.

Quando os dois levantaram com os livros já em mãos Neil não disfarçou a expressão de incredulidade.

Deve ser por isso que não esta nem perto de conseguir uma namorada.

-Foi um acidente.

Neil estendeu os braços para pegar das mãos de Andrew os livros, mas o loiro ignorou-o e seguiu em frente na direção que estavam indo antes. O cupido foi atrás, não era como se tivesse outra opção.

-É melhor eu carregar isso antes que você cause mais danos, qual o seu armário?

Um veterano atleta e bonito ajudando a carregar seus livros seria o sonho de princesa de Neil se o atleta no caso não ofendesse ele a cada duas palavras ditas.

-Danos? Mas ninguém se machucou.

-Ainda.

-Você só pode ser muito sensível se acha que um esbarrão vai te machucar.

Quando Andrew parou abruptamente e olhou profundamente nos seus olhos com a cara séria, Neil sabia que deveria mudar de assunto.

-404, o numero do armário.

Quando ele voltou a andar Neil suspirou aliviado. O seu armário estava perto e quando o alcançou e destrancou o cadeado ele esperava que Andrew fosse entregar os livros e ir embora. Mas ao se virar, quase teve um ataque cardíaco ao perceber que estavam tão perto que era difícil não encostar nele.

-Seu armário está vazio. Novato?

-Sim. Começo hoje.

Com um sorriso pequeno, Andrew parecia achar graça.

-Você deveria ter mais respeito com os veteranos, calouro.

As vezes (quase sempre) a língua de Neil funcionava mais rápido do que seu cérebro.

-E por que eu teria respeito por um babaca?

Quando reparou o que havia dito já era tarde para voltar a trás.

Felizmente a reação dele foi o contrario que Neil esperava, um sorriso cresceu no rosto do loiro, como se finalmente encontrasse algo que valesse a sua atenção.

-Porque eu posso tornar sua vida aqui bem complicada.

Naquele momento, Neil não podia imaginar o quanto ele estava certo, por isso retrucou:

-Ou eu posso tornar a sua.

A risada de Andrew não deve ter durado nem um segundo direito porque logo ele estava segurando seu queixo e aproximando seus rostos. Quando os dois narizes estavam prestes a se tocar Neil começou a se perguntar o porque não sentiu vontade de se afastar.

-Alguém deveria te ensinar a ter modos, garoto.

Andrew se afastou como se nada tivesse acontecido, deixando Neil sozinho com sua cabeça cheia de perguntas e uma única afirmação: estava muito ferrado.

Um cupido à soltaDove le storie prendono vita. Scoprilo ora