I'm not good for you [RENHYUCK]

O dançar da neve

A Yamazai é constituída por algumas leis que devem ser severamente seguidas. E elas são: Jamais desobedecer a um Senhor Hierárquico; não entrar em conflito com os outros membros; não trair a organização ou os seus integrantes; não subtrair os fundos da organização; e não desejar ou tocar a mulher ou homem de outro membro. Essas são as regras que deveriam ser respeitadas. Mas, de uns dias para cá, as coisas parecem ter saído dos trilhos. Além de ter problemas com a traição de Yuta, também precisava cuidar do dinheiro de Seongjin, botar ordem e ser o chefe assassino e impiedoso que eles conheciam e respeitavam.

Mas eu não precisava ser aquilo quando estava com ele. Eu não precisava ser impiedoso, frio, ignorante e algo mais. Podia, simplesmente, ser Lee Donghyuck. Já disse inúmeras vezes para Renjun que gostaria de ser metade das coisas que ele dizia sobre mim. Já pedi inúmeras vezes para que ele parasse de me olhar daquela forma – feliz todas as vezes em que chegava na livraria apenas para vê-lo. Já pensei inúmeras vezes em fazer algo que pudesse o agradar, só para admirar aquele belo sorriso que ele me direcionava.

Os dias passavam depressa. Mal percebi quando deixamos de ser "Renjun e eu" para virarmos "nós". Era isso o que eu queria, não era? Era isso o que eu almejava. Mesmo sabendo que não merecia nada daquilo. Todo o seu amor e carinho, eu não o merecia. E também já disse isso a ele inúmeras vezes, mas a sua única reação era rir e me calar com um beijo. E, como eu amava os seus beijos. Como amava o seu toque e cheiro, sua voz e sua risada. Não era justo dizer que amava apenas partes dele, eu o amava por inteiro. Era isso. Estou amando Renjun.

– Adoro a neve. – sua voz chamou minha atenção.

Estávamos em uma cafeteria local, próximo a livraria. Renjun observava pelo vidro a neve caindo, enfeitando as calçadas, carros, árvores e pessoas que caminhavam pelas ruas. Sabia que ele sorria, mesmo que o cachecol vermelho escondesse a metade de seu rosto. Com a chegada do fim do ano, as luzes coloridas já passavam a enfeitar as ruas, além das decorações nas casas e praças públicas. Renjun parecia adorável no meio de toda aquela paisagem. A moça do Café trouxe nossas bebidas, e assim que paguei por elas, deixamos o local quente para nos aventurar pelas ruas frias.

Lado a lado, nós caminhamos em silêncio enquanto bebíamos da bebida quente e doce. A noite estava bonita, e ter Renjun ao meu lado – falando sobre algum livro que tinha lido naquela tarde – a deixava mais bonita ainda. Assim que chegamos em uma das praças cheia de luzes, Renjun caminhou alguns passos na minha frente para assistir as crianças, adolescentes e alguns casais patinando no gelo. Suas bochechas estavam avantajadas e seus olhos se tornaram meia-lua, indicando que ele sorria abertamente. Não evitei em sorrir também.

A neve rodopiava e caia sobre seu cabelo castanho e em suas roupas. Algumas crianças corriam ao meu redor, mas não consegui desviar os olhos de Renjun. Ele parecia um anjo sob a luz pálida dos postes. Se alguém me dissesse a alguns dias atrás que eu estaria sorrindo todo apaixonado, encarando um homem que tinha como objeto pessoal favorito um cachecol vermelho, eu teria rido dessa pessoa. Mas, ali estava eu. Encarando o dono de uma livraria, um chinês que morava em uma Hanok, que tinha olhos de raposa e o beijo mais gostoso do mundo. E não me sentia nem um pouco arrependido. Em algum momento entre os meus pensamentos de um bobo apaixonado e sorriso idiota, Renjun me encarou de volta com um brilho surreal nos olhos.

– Você está bem, Hyu? – ele se aproximou e, com um olhar tímido, entrelaçou seus dedos aos meus. – Está quieto hoje. – sempre achei o dançar da neve muito elegante e bonito, mas ver ela dançar graciosamente pelo ar e depois cair sobre o rosto de Renjun era magnífico. Ele era magnífico.

– Eu estou bem. – sorri. – Só estou pensando na vida. – Renjun se aproximou mais, quase colando nossos corpos. Ele inclinou o queixo para cima e analisou o meu rosto. – O que foi?