I'm not good for you [RENHYUCK]

Beijos ao pôr do sol

Depois daquele dia no restaurante da tia Park, Renjun e eu passamos a almoçar todos os dias juntos. Com ele as coisas eram completamente diferentes. Com qualquer outra pessoa que estaria conhecendo, ao menos um beijo já teria ganhado, ou mais do que isso. Mas com Renjun era diferente. O toque mais íntimo que já tivemos foi quando ele derrubou sua touca no chão e quando fui pega-la nossas mãos se encontraram. Eu o respeitava, e faria qualquer coisa no tempo dele. Demorou algum tempo para que percebesse que Renjun era especial. E se passássemos uma noite juntos, eu não iria embora. Ficaria até o dia seguinte, tomaria café com ele e ficaria com Renjun até os últimos dias da minha vida.

– Cuidado, está quente. – ele disse, assim que deixou a xícara de chá na minha frente.

Depois que ele me ligou – me convidando para ir até a casa dele – tive que tentar ao máximo despistar Swan e Jinjoo. Ainda tinha receio de que Renjun se machucasse caso algum deles – membros da Yamazai – descobrissem sobre nossos encontros. É claro que estava me odiando por esconder coisas da minha família, mas a segurança de Renjun estava em primeiro lugar.

– Obrigado. – o vapor do chá subiu assim que o soprei. Renjun deixou o prato de porcelana com vários sanduíches na mesa e se sentou.

– Como foi o seu dia? – ele me encarou enquanto colocava os guardanapos próximo a minha xícara.

– Foi...normal, eu acho. – cocei a nuca com um sorriso sem graça. O que eu diria? Fui até o trabalho de um amigo, o ameacei e vi o brilho de seus olhos em uma pessoa completamente aleatória e isso me fez agir de uma forma boa?

– Ótimo. – Renjun sorriu.

A partir daquele momento, passamos a conversar sobre coisas banais – mas, que ainda sim, se tornavam muito interessantes quando saiam da boca rosada e bonita de Renjun –, ele me contou sobre suas paixões e aspirações, me fez rir com histórias de sua família e, quando o pratinho de porcelana ficou vazio, ele me convidou para conhecer o seu lugar favorito da casa. Senti uma felicidade genuína – como um choque que corria das minhas pernas até a minha nuca – quando adentramos o seu quarto. Era organizado e muito bonito e, assim como o resto da casa, também carregava o cheiro de capim-limão. Quadros que o próprio Renjun fizera enfeitavam as paredes. Tinta, livros e pequenos vasos de plantas estavam espalhados pelo cômodo. Tudo ali emanava Renjun. Carregava o seu nome.

– Eu simplesmente amo ver o pôr do sol da minha sacada. – ele abriu as portas de madeira, revelando a pequena sacada que dava a vista para o horizonte cheio de montanhas. Tinha a impressão de que o sol quase podia toca-las.

– Foi por isso que me chamou aqui? – ele se sentou no chão. – Queria ver o pôr do sol comigo? – Renjun se virou na minha direção e sorriu. Os raios solares tocavam sua epiderme e deixavam seus olhos castanhos na cor mel quente.

Renjun estendeu a mão na minha direção. Toquei gentilmente seus dedos e me sentei de frente para ele. O sol morno me aqueceu e o menor sorriu abertamente quando me viu suspirar. Uma chama que começou no meu peito, espalhava calor por todo o meu corpo. O toque suave de Renjun parecia surtir efeito por toda a minha pessoa, era como se a minha própria alma estivesse arrepiada. Mas apesar de todas essas sensações – que por sinal, sequer tinha o conhecimento de que podia senti-las –, eu me sentia calmo e tranquilo. Como se estivesse em um barco no meio do oceano, as ondas me faziam flutuar e me deixavam leve.

Os dedos de Renjun continuaram sobre a minha palma. A outra mão, aquela da qual tinha a marca de nascença, seguiu até o meu rosto. Meu coração palpitou quando ele tocou a minha bochecha. Ele sorriu abertamente e piscou os olhinhos lentamente, acariciando com o polegar a maçã do meu rosto. Meu olhar correu por todos os seus traços, a sua franja comprida caia sobre seus olhos. Ergui a mão e a afastei cuidadosamente. Não costumava agir assim, desde quando sou delicado? Desde quando fico bobo só em ver alguém corar? Nem mesmo Jinjoo me fazia agir daquela forma.