O gosto amargo da traição

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– Renjun. – seus lábios curvaram-se levemente em um sorriso. – Huang Renjun.

Renjun...– sussurrei o nome do meu herói. – Lee Haechan. – apontei para meu peito. Não costumava dar meu nome verdadeiro para estranhos, então usava o apelido ridículo que Mark me deu.

Ele me observou outra vez, com o mesmo sorriso preenchendo os lábios rosados. Maneou a cabeça levemente enquanto fechava a porta, sem desviar o olhar do meu. Quando ele sumiu, levei a mão até o peito e encarei a parede de madeira da casa tradicional. Era uma Hanok, já fazia um tempo em que não entrava em uma casa tão antiga. E também fazia muito tempo em que não sentia aquele remexo no peito.

...❂...

A casa tinha cheiro de capim-limão. Não era enjoativo, era um cheiro bom. A maioria dos cômodos estava vazio, era uma casa grande e aconchegante. Caminhei pelo corredor aberto até encontrar a cozinha, onde Renjun preparava o café da manhã. Ele estava de costas para mim, então não me viu chegar. Tomei o tempo para observa-lo. Renjun era mais baixo do que tinha reparado, mas era ágil e rápido. Suas ações eram realizadas com perfeição e destreza. Ele cantarolava baixinho enquanto cortava aipo.

– Como você me trouxe até aqui? – questionei, chamando sua atenção. Ele me encarou por um minuto, sem deixar de cortar o vegetal.

– Com a ajuda de um simpático taxista. – ele riu. – Você é bem pesado, mas quando cheguei em casa, Kun me ajudou a carregar você.

– Você não é daqui, não é? – ele sorriu outra vez. Talvez com um pouco mais de confiança.

– Foi a minha pronuncia que me entregou?

– Não. – encarei o lado de fora. Tinha um pequeno jardim com flores roxas e rosas espalhadas em pequenos arbustos. Algumas borboletas sobrevoavam as flores. – Foi o fato de você ter trazido para sua casa um homem desconhecido, ferido e que carrega uma arma, foi isso o que te entregou.

Ele gargalhou, inclinando a cabeça para trás. Uma felicidade genuína correu como uma corrente elétrica todo o meu corpo ao ver o baixinho rir daquele jeito.

– Eu sou chinês. – ele caminhou pela cozinha, com duas tigelas de sopa em mãos. – E também, não sou o tipo de homem que deixa uma pessoa ferida debaixo da chuva para morrer, sendo que posso ajudar ela.

– Você não deveria fazer esse tipo coisa. – franzi o cenho. – Eu poderia ser um maluco e machucar você. E então, o seu esforço para me ajudar seria em vão. – meus braços estavam começando a formigar, então os descruzei, ainda de olho no menor.

– Se você quisesse me machucar, já teria feito. – ele sorriu mais uma vez, passando por mim com uma tigela mediana de arroz.

– Esse não é o ponto.

– Não mesmo?

Decidi ficar em silêncio, até porque ele estava certo. Se quisesse o matar, teria feito aquilo com facilidade e nem estaria mais ali, conversando com ele. Renjun terminou de montar a mesa e me encarou mais uma vez. Reparei na cor de seus olhos, em como eles brilhavam. Notei o quão magro ele era. Em como ele se encaixaria facilmente nos meus braços. Desviei o olhar para a mesa, o cheiro e a visão da comida fizeram o meu estômago me lembrar que ainda era humano e que precisava me alimentar. Quanto tempo faz em que não me sento em uma mesa e faço uma refeição adequadamente?

– Você come arroz ou prefere pão? – ele questionou quando me sentei à mesa.

– Arroz está bom.

Passei a comer em silêncio, vez ou outra, sentia o olhar de Renjun sobre mim. Ele analisava cada feição minha, procurando saber se eu estava ou não gostando de sua comida. E a verdade era que nem mesmo nos restaurantes mais chiques que costumava ir, nunca me alimentei tão bem como naquela manhã. Enquanto os jeotgarak tilintavam contra a tigela de porcelana, ergui o olhar e observei Renjun que bebia seu chá tranquilamente.

– Eu não sou nenhum policial ou segurança. – comentei, fazendo-o olhar para mim. Ele tinha salvado a minha vida, nada mais justo do que contar uma parte da verdade. – Você não me perguntou porque eu estou ferido ou porque carrego uma arma.

– Eu sei. – seu olhar desceu até a tatuagem do meu pescoço. A maldita tatuagem, é claro que ele me conhecia.

– Você é um homem muito corajoso, Huang Renjun.

Ele sorriu adoravelmente. Mesmo sabendo quem eu era, ele sorriu de forma amigável e gentil. Ele me salvou e cuidou dos meus ferimentos – ou Kun o fez. Mas ele estava ali, com os olhos brilhando como estrelas no céu noturno. Mesmo sabendo quem eu era. Quem eu sou. O ajudei a limpar a mesa e me despedi. Yamazai estava em dívida com Huang Renjun, e mesmo que ele negasse e dissesse que era bobagem, para mim não foi. Deixei a casa com uma sensação estranha, um calor no peito que já a muito tempo foi esquecido. Esperança.

...

- N/A -

Espero que tenham gostado do capítulo <3

》curiosidades sobre a fic《

Apesar de envolver o mundo da máfia, I'm not good for you está mais focada no romance e no desenvolvimento dos sentimentos do Donghyuck pelo Renjun.

I'm not good for you [RENHYUCK]Where stories live. Discover now