— O que você tá fazendo com esse moleque? — Sussurou. A voz arrastada.

   O desespero que meu corpo exalava pareceu se embolar e enroscar-se nas minhas cordas vocais, pois minha garganta tornou-se incapaz de emitir qualquer mísero rastro de palavras. Os grandes olhos castanhos de mamãe me fuzilavam de tal forma que nem conseguia respirar. Não foi necessário que me virasse para meu melhor amigo para saber que ele se encontra tão desesperado quanto eu, pois engoliu tão seco que o som ecoou pelo veículo.

   — Anda. Me responde, Kiara! — Exclamou, sua fala esganicada sendo acompanhada por um grunhido alto estremeceu meu corpo.

   Pode não parecer tão ameaçador, considerando a descrição, mas porra... era pra caralho.

   Sinto o toque sutil dos dígitos de Maybank resvalar carinhosamente em meu ante-braço, deslizando até minha palma em movimentos circulares. Esta, envolve a sua, entrelaçando nossos dedos; Seu polegar está no terço de minha mão, partilhando da mesma carícia que anteriormente.

   — Boa noite, dona Carrera.

   — Boa noite.

   Ela o respondeu educadamente. Meu deus, ela realmente fez isso?

    Minha linha de raciocínio de uma eu totalmente desacreditada é cortada pelo puxão brusco de Anna Carrera, minha mãe. Seus dígitos se apertaram contra meu casaco e, me puxando sem delicadeza, jogou-me para fora do veículo. O baque dos meus pés na grama soou tão alto que os pássaros silenciosos dali se agitaram, batendo suas asas e voando para longe dali.

    — Se despede dele. — Ordenou, chacoalhando-me pelo braço. — Anda, Kiara! Eu não tenho a noite inteira.

    Meus olhos ardiam e meu rosto queimava. Eu não lembrava da última vez na qual me senti tão envergonhada assim. Éramos só nós quatro; Eu, JJ, mamãe e o constrangimento que secava minha garganta. Acho que Maybank sabia que não falaria nada, porque colocou-se para fora do automóvel, exibindo uma feição séria.  Estendeu a mão pra mim, onde vi minha câmera. A peguei, e antes que eu pudesse voltar para o aperto de minha mãe, JJ me puxa para ir de encontro ao seu corpo, em um abraço.

     Um "Eu te amo" e logo ele já estava mais uma vez em dentro da combi, retornando ao volante e se esvaindo da minha visão. Consequentemente, da minha cabeça também, pois só restava espaço para as reclamações de mamãe no meu ouvido agora.

    — Era pra você estar em casa, estudando! — Praticamente arrastou-me para dentro de casa. — Já basta ter passado as ferias toda com esses pirralhos! Você nem ao menos lembrou da suzy?

    Me desvencilhei de seu toque agressivo, passando pela porta de modo ágil. Logo meus dígitos estão se embrenhando no corrimão da escada, subindo rapidamente os degraus.

   Suzy era a filha caçula dos nossos vizinhos, os Kenedy. Algumas semanas atrás, pediu-me um favor. Tirar uma foto de seu cãozinho com sua mais nova casinha. Eu as tirei, e prometi, que quando voltasse de viagem, as mostraria e daria pra ela. No entanto, isso foi esquecido totalmente por mim, já que passei os últimos dias sem a câmera.

    — Eles são meus amigos!

    — Quando você estiver no buraco, vamos ver se eles vão continuar sendo seus amigos, Kiara. — Gritou. — E a suzy tá te espe-

You've reached the end of published parts.

⏰ Last updated: Jul 29, 2022 ⏰

Add this story to your Library to get notified about new parts!

seus cachos intactos. - jiara.Where stories live. Discover now