Capítulo Vinte e Seis

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Chegamos em uma praia diferente a que eu fui com os meninos, era mais cheia e com as ondas mais calmas, o que explicava o por que tinha várias famílias com crianças pequenas.

- Vamos sentar aqui? - perguntou Samuel apontando um espaço de areia um pouco longe das pessoas.

- Claro.

- Então, me diz sobre você. - disse enquanto abria o lençol na areia.

- Não tem muito o que dizer sobre mim. - ri. - Moro com minha mãe, meu padrasto e a filha dele, meu pai mora fora, ainda estudo e não sei ainda o que quero fazer quando me formar .

- Ok, parece que você já tinha essa resposta pronta - ele sorriu

- Normalmente é o que eu respondo quando me perguntam. - me deitei de bruços ainda de shorts.

- Bom, eu não quero saber o que você diz pra todos, me fala mais sobre você. - ele deitou do meu lado e olhou para mim - qual sua cor preferida? A comida que mais gosta? A música do momento? O teu lugar de paz ? ...

Eu esbocei um sorriso e respondi as perguntas.

- Minha cor preferida é amarelo, a comida que eu mais gosto é o Strogonoff da Lúcia, no momento estou escutando bastante The Wisp Sings. - respondi e pensei na próxima pergunta. - meu lugar de paz ? Não sei, o som do mar me faz relaxar e esquecer dos problemas.

- Então está tentando esquecer os problemas ? - ele perguntou olhando no meu olho.

- Quem não está ? - disse forçando um sorriso de canto.

- Isso é verdade. - ele riu tentando me fazer melhor. - bom, estamos na praia, e o que melhor do que um mergulho pra lavar a alma? - ele levantou e estendeu a mão.

Aceitei e me levantei logo após, nós desviamos das tendas e barracas até chegar ao mar. Sabe aquela conexão com alguém que você nunca viu ? Sei que fui imprudente da minha parte ter convidado um estranho pra vir aqui comigo, mas por aquele tempo eu realmente tinha esquecido tudo.
Nadamos, rimos, conversamos e quando vimos o sol já estava se pondo, majestoso e belo.

- É lindo, não é? - Samuel falou sentado do meu lado vendo o por do sol.

- É sim. - respondi encantada olhando a vista.

A maioria das pessoas já tinham saído da praia, sobrando só o som do mar.
Alguns minutos depois o sol já tinha ido e também estava na nossa hora de ir, levantamos, arrumamos as coisas e caminhamos até o carro.

- Coloca onde esse lençol? - perguntou Samuel com o lençol e o guarda sol nos braços.

- Aqui. - abri o porta malas e o ajudei a guardar depois de colocar a caixa térmica no lugar.

Entramos no carro e eu coloquei uma música pra tocar.


- Onde você mora ? - perguntei

- sabe a rua do restaurante? Pode me deixar lá, minha moto tá lá - ele riu.

- Você tem uma moto? - perguntei

- Sim, uma harley 600.

- Que legal. - disse sorrindo.

- É sim, meu pai deixou pra mim antes de falecer. Vamos dar uma volta depois.

- Nossa, meus sentimentos.

- Tudo bem, já faz bastante tempo, relaxa. - disse para tentar me confortar. - mas e a volta de moto?

- Aaa sim, pode ser.

- quando você quiser, pode me chamar, já sabe onde trabalho e onde vou trabalhar.

- Ok.

Chegamos na frente do restaurante e eu estacionei e Samuel saiu e parou na frente da janela com os braços apoiados.

- Foi muito bom te conhecer, obrigada por me tirar da rotina.

- Eu também gostei bastante, desculpa ser repentina e estranha. - ri e senti meu rosto ficar vermelho.

- Relaxa. - ele sorriu de volta. - até a próxima.

- Até.

Ele se distanciou do carro, atravessou a rua e montou sua moto, depois tirou um capacetinho tipo harley davidson da mochila e deu a partida, observei ele indo embora e logo em seguida fui para casa.

O dia tinha sindo ótimo, tinha até esquecido do Nicol...

- Nicolas? O que tá fazendo aqui na porta ? - perguntei assim que parei na frente de casa e vi meu vizinho no degrau com a cabeça sobre os joelhos.

- Você chegou. - disse com um tom de alívio. - estava preocupado com você, fiquei te esperando.

- Me esperando? Desde que horas ?

- Desde que saiu.

- Não saiu daqui desde que eu saí ??!

- Não sai.

- Que merda, Nicolas, vai pra casa. - falei dando espaço pra ele passar e articulando pra casa ao lado.

- Me desculpa, Cami - disse com o olho enchendo d'água. - Por favor, eu te dou o tempo que for preciso para poder pensar, mas diz que me perdoa.

- Nicolas, podemos conversar sobre isso amanhã? Não quero acabar meu dia assim.

- Tudo bem, podemos conversar amanhã.

Meu vizinho deu um passo para frente e caiu sobre mim.

- Nicolas ? - disse desesperada tentando segurar o seu peso. - Nicolas, me responde, por favor. - nada, ele tinha desmaiado nos meus braços. - O que eu faço? Chamar uma ambulância vai demorar. - pensei alto e resolvi levá-lo ao hospital eu mesma.

Pedi ajuda ao um vizinho próximo para colocá-lo no carro e corri para o hospital que era uns 7 minutos de casa, e nada dele acordar.
Estacionei o carro na frente do hospital e chamei ajuda, dois enfermeiros vieram correndo com uma maca e tiraram ele do carro. Entramos no hospital e enquanto colocavam ele em um quarto eu ligava pra mãe dele e respondia algumas perguntas.
No final de tudo, foi tudo causado por uma desidratação.

Esperei na frente do quarto esperando o médico.

- Ele está no soro, você pode entrar.

Agradeci e entrei no quarto e vi Nick deitado, pálido e com o soro no braço, aquilo fez meus olhos embaçar. Caminhei mais perto e me sentei em uma cadeira ao lado, fiquei ali, olhando para ele, sentindo as lágrimas escorrerem.
Quando fui ver eu estava com a cabeça escorada na cama e com a mão dada a de Nicolas. Me levantei e olhei para ver se ele estava bem, qual estava com sua cor de volta e com um sorriso pequeno no canto dos lábios .

- Pensei que não ia acordar mais. - sua voz saiu rouca.

Mais lágrimas caíram.

- Eii, por que está chorando?

- Você está bem. - disse no meio dos soluços.

- Agora eu estou. - falou e sorriu para mim. - Vem cá.

Nick estendeu o braço me convidando pra deitar contigo.
Não hesitei e subi com cuidado por causa dos aparelhos, me aconcheguei do seu lado e ele começou a me fazer carinho com o seu braço onde estava o acesso com o soro.
Fiquei ali e nem vi quando peguei no sono...

Meu Novo VizinhoWhere stories live. Discover now