Em um mundo em que pessoas são capazes de desenvolver individualidades desde um momento milagroso, não há dúvidas que abandonar o poder nas mãos de seres mortais tão suscetíveis ao erro jamais passará de uma atitude impensada, principalmente quando...
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Uma coisa sobre Mirio que consegue me fazer considerar seriamente o ato de suicídio, é que ele é uma cópia cuspida do All Might. Os mesmos cabelos loiros e olhos azuis, além do sorriso enorme. Isso é algo muito estranho, mas não é como se eu pudesse julgar, vai que ele é filho do Herói Número Um e não pode revelar isso para ninguém.
Só que a questão ali é que Mirio tinha grudado em mim igual a chiclete, conseguindo frustrar meus planos de fugir da sala quando o sinal tocou, anunciando que o horário de almoço tinha começado, no momento que encurralou com aquele sorriso enorme e começou a despejar um monte de coisa na minha cara mais uma vez. Tudo pareceu ficar um pouco pior quando um garoto de orelhas élficas surgiu no começo do corredor e precisou de dois segundos para raciocinar tudo que tava rolando antes de enfiar a cara na parede com uma cara sofredora que me emocionou um pouco.
Simpatizei com ele, tinha acabado de fazer o que eu mais desejava desde que coloquei os pés naquele colégio. Quando vi os cabelos escuros de Akiko, quase pude ouvir o coral dos anjos acima da minha cabeça e a voz de Jesus deixando bem claro que eu estava salva daquele castigo, só que... Mirio é a porra de um clone do All Might que estava começando a me irritar um pouco.
Agora, sentada em uma mesa do refeitório com pessoas que claramente não conheço, penso que Nemuri não poderia fazer nada se eu simplesmente enfiar o garfo no meu pescoço. Estaria morta já, não tem como ela encostar um dedo em mim ou gritar comigo. Lanço um olhar para Akiko que estava mais focada em enfiar macarrão na boca, tentando fingir não estar ali. Eu poderia estar fazendo a mesma coisa, mas, não me acostumei com a comida japonesa e prefiro um prato com feijão e arroz em vez de bolinho cru com um molho que cheira estranho.
Na próxima, faço questão de irritar Nemuri e conseguir o dinheiro pra comprar um dos sanduíches exibidos na vitrine da lanchonete.
─ Nunca fui pro Brasil, falam que é muito incrível!─ Fala Mirio e pisco os olhos, refletindo se é tão errado assim ser cuzona com ele.─ Você sente muita falta, não é, Elsa-chan?
Mirio realmente parece curioso e até um pouco triste por pensar em como devo me sentir em um novo continente. Tá legal, é muito errado ser cuzona com ele. Mordo os lábios e cutuco o elástico que usei para prender meus cabelos laranjas por um momento, até estar pronta para dar uma resposta para ele, só que todo mundo parece odiar quando vou falar.
Um alto barulho pôde ser escutado no momento que um garoto de cachos castanhos simplesmente se jogou na mesa, ficando praticamente deitado enquanto seus olhos cerúleos me encaravam com curiosidade.
─ Você é tal estrangeira, né?─ Fala ele, inclinando a cabeça para o lado e a única coisa que presto atenção é nos cachos caindo por cima de seus olhos, como uma porção de nuvens tentando tampar o céu azul do verão.─ Estranho, pensei que você era mais...─ Não é preciso que complete a frase, ele faz questão de lançar um olhar nem um pouco discreto para aquele ponto específico da minha camisa. Ergo uma sobrancelha com a audácia do filho da puta, quem ele acha que é?
