━━━━━━ 𝐅𝐎𝐔𝐑

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Queria voltar para casa

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Queria voltar para casa. Depois de passar horas e mais horas tendo aulas sobre assuntos que eu realmente não queria aprender, tudo o que eu mais desejava, era voltar para casa. Meu caderno estava totalmente desorganizado, com coisas sem nexo escritas nas margens, nas beiradas e desenhos aleatórios sendo feitos ao lado de pequenas frases que vieram na minha mente e que talvez desse para encaixar em alguma letra de música. Por estar em uma escola para super heróis, as pessoas facilmente se esqueciam ou apenas não se importavam com o fato que ainda era uma escola e ainda era um saco ter aula de matemática, por exemplo. Tipo, como assim, estamos no primeiro ano e estamos aprendendo integral?! Era como se o sensei apenas quisesse nos fazer desistir da vida.

Me irritei mais uma vez naquele dia quando minha caneta parou de funcionar. Era sempre isso, toda vez que eu me empolgava demais escrevendo uma letra nova de música, a droga da caneta que eu usava apenas parava de funcionar, me fazendo ficar desesperada para colocar de uma vez o que eu tinha pensado antes que me esquecesse. Era como se fosse um carma! Como se as divindades estivessem zombando de mim ou me avisando para parar de ficar me dispersando no meio da aula.

Eu não me importei.

Cutuquei as costas de Amajiki, sentado na minha frente desde sempre, apenas para o ver ficar mais rígido que uma pedra. Era sempre assim, o que me fazia pensar se eu era realmente tão inconveniente ou tinha algo de errado comigo. Talvez fosse minha individualidade que fizesse ele me evitar daquele jeito toda vez que eu tentava uma interação, vai saber? Mas era um caso de desespero, e mesmo que Amajiki claramente não quisesse conversar ou algo do tipo, eu precisava pedir mesmo assim.

-Você pode me emprestar uma caneta? A minha parou de funcionar. - murmurei, mesmo que ele nem tivesse se virado para saber o que eu queria. Mais uma vez, Amajiki afundou o rosto contra a carteira, como se apenas quisesse morrer, me fazendo torcer o nariz. Então eu era mesmo o problema?! Talvez a gente devesse resolver isso no soco nas aulas de super herói, escutei alguém de outra turma dizer que super resolve. Se bem que acho que seria uma luta difícil já que, a julgar pelas aulas, a individualidade de Amajiki é bem forte, apesar de ele fazer de tudo para não se destacar.

Tamaki não virou para mim e nem levantou a cabeça da carteira antes de me estender uma caneta. Eu franzi o cenho antes de murmurar um "obrigada". Eu realmente não conseguia entender ninguém da minha turma, um era mais estranho que o outro. Talvez fosse por esse incrível detalhe que eu tinha caído nessa bela turma disfuncional que não sabia muito bem lidar com suas próprias individualidades e também não sabia trabalhar em equipe. Tenho pena dos professores, pois eles certamente vão ter que dar muito duro se quiserem que saia um super herói descente dessa sala.

Quase agradeci aos deuses quando finalmente fomos dispensados para o horário do almoço. No corredor da escola, não se falava sobre outra coisa que não o show que teria da Siren no final do mês, e eu não sabia se isso me deixava feliz ou assustada pela quantidade de pessoas me conhecendo crescendo. Se por acaso alguém acabasse fazendo uma associação e descobrindo que ela era eu, seria meu fim. Eu teria que abrir mão de algo, como meu tio já tinha me avisado milhares de vezes. Não dá pra ser duas coisas totalmente diferentes ao mesmo tempo, e isso é uma bela merda.

Estava tão perdida em pensamentos que quase me esqueci de Elsa. Arregalei os olhos ao lembrar, dando meia volta e correndo na direção da sala dela. Que droga! Eu seria apenas uma otária se a deixasse sozinha para se virar logo no primeiro dia, e o diretor tinha confiado em mim o suficiente para ajudar ela, não podia quebrar esse voto de confiança. Acho que nunca corri tão rápido e com tanta vontade assim, me perguntando se ela não estaria me xingando mentalmente por eu não ter aparecido ainda.

Fiquei um pouco surpresa ao chegar perto da sala de Elsa e perceber que ela estava do lado de fora, conversando com Mirio Togata. Ou melhor, ouvindo o que ele tinha a dizer já que Elsa não estava exatamente falando algo. E ela não era a única ali escutando Togata falar, já que Amajiki estava bem atrás, com a testa apoiada contra a parede. Sinceramente...

-Desculpa a demora. - falei assim que me aproximei, ganhando a atenção de todos, até mesmo de Amajiki que pareceu querer sumir um pouco mais. Tive vontade de fazer uma careta, mas abri minha melhor tentativa de um sorriso. -Vejo que já conheceu a Elsa, Mirio.

-Ah, sim! Não sabia que vocês se conheciam. - ele disse daquele jeito animado, e seria muito mais trabalhoso explicar que eu também tinha acabado de conhecer ela. Pela expressão no rosto de Elsa, me dei conta que ela também não fazia muita questão de mudar isso.

-A gente tava indo almoçar. - falei, olhando Elsa por um instante, que apenas assentiu. -Então, te vejo dep...

-A gente também, né, Tamaki?- Mirio disse dando um tapinha nas costas de Amajiki, que murmurou alguma coisa que acho que ninguém além de Mirio foi capaz de escutar, já que o garoto de cabelos dourados deu uma risada. -Podíamos almoçar juntos! Assim você pode me responder aquelas perguntas. - aquilo foi, claramente, para Elsa.

Acho incrível que tanto eu quanto Elsa e até mesmo Amajiki fizemos a mesma expressão perplexa, mas não era como se Togata se importasse enquanto começava a nos seguir em direção ao refeitório.

Elsa e eu trocamos apenas um olhar, e mesmo que tivéssemos basicamente acabado de nos conhecer, eu sabia exatamente o que aquele olhar significava. Era claramente e inegavelmente um pedido de socorro. Porque, sinceramente, eu estava com esse mesmo desejo naquele momento.

SKYFALL. . . BNHAWhere stories live. Discover now