Art II - Primeiro caso

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Não pela primeira vez, enquanto Liam inalava poeira no armazém de seu tio, ele se perguntou se deveria ter usado uma máscara. Sujeira por toda parte.

O material maldito coberto por anos de caos imperturbável, empilhados no canto do sistema de arquivamento.

Teias de aranha, pesadas e grossas, enroladas e em torno dos arquivos que estava melhor com a idade. O superior, chamada Aster vs Aster, estava datado de quinze anos atrás, então sabia Deus de quando o resto era.

Jogando para trás as cortinas pretas largas trouxe luz para o espaço sombrio. Ele finalmente conseguiu uma boa olhada no quarto que seu tio sempre chamava de “quarto do livro”.

Objetos, caixas, cartas e fotografias, cobertas em toda a superfície concebível.

Uma pilha de notas aqui, um arquivo de observações de casos lá. Sem organização visível em tudo, a visão quase mandou Liam correndo de volta para fora e fechando a porta do quarto do livro atrás dele.
Ele abriu Aster vs Aster e traçou um dedo na teia de aranha.

—'Edgar Aster, elfo, idade...— Ele olhou mais perto. —Envelhecido 183. Contra, Agnes Aster, filha de... nos termos do... Que diabos?

Mesmo com seus óculos de leitura empoleirados na ponta do nariz era difícil ler através da escrita tanto quanto o juridiquês.

As notas eram incompletas, então, de repente, houve uma mudança na linguagem. Ele não conseguia entender as partes em inglês, muito menos os símbolos que ladeavam a página.

—Edgar Aster traiu a mulher.— A voz veio de um dos outros cantos escuros e Liam virou-se, brandindo o arquivo em frente a ele.

—O que?

—Ele traiu a mulher. É o que diz na página 57. Essa é a conclusão a que se chegou.— A voz era tão formal. Liam olhou para os cantos escuros, mas não viu ninguém.

Nem mesmo uma pequena estátua de gárgula sentada esperando para vir à vida.

Assim que ele decidiu que talvez tivesse perdido a maldita cabeça, a voz desencarnada foi acompanhada por um corpo. Bem, metade de um corpo, na verdade.

O formulário completo foi se manifestando a partir de colunas de fumaça e a figura de um homem foi se formando na frente dos olhos de Liam.

Ele tinha visto fantasmas antes. Na televisão. Não fantasmas reais. Sabia que eles existiam de verdade, mas geralmente se mantinham escondidos.

—Então, você nunca vai adivinhar o que ele fez.— O fantasma flutuou perto, enquanto um nariz se juntou a seu rosto e orelhas alinharam-se em cada lado de sua cabeça. A voz do fantasma pingava com o tom de fofoca. Alegria dançava em seus pálidos olhos úmidos. Alegria genuína. —Ele teve sua esposa e namorada grávidas ao mesmo tempo.

—Aos 183 anos de idade?— Liam deixou escapar, consciente de que ele estava tendo uma conversa com um fantasma, que parecia preso em um tempo de séculos passados.

A calça e uma camisa branca esvoaçante colocavam o fantasma a algumas centenas de anos do agora, e os cachos longos em cascata até os ombros lhe deu um olhar mais feminino do que a voz do homem sugeriu.

—Ah, isso não é nada,— disse o fantasma em conspiração. Liam encontrou-se, inconscientemente, inclinando-se mais perto para ouvir.

Com um suspiro de desgosto, ele se endireitou. O fantasma não pareceu notar, agora completamente formado e de pé-flutuante em frente a ele.

—Acontece que ele tinha sete amantes e...— Sua voz sumiu quando ele levantou as sobrancelhas. —Ele tinha muitas crianças, e os chamava por nomes élficos.

Case Closed - ziamWhere stories live. Discover now