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Chan sempre teve um pequeno problema com insônia. Digamos que tudo começou a partir do momento que sua vida adulta estava para iniciar, em meados da sua adolescência e fim do ensino médio. Suas crises dependiam da forma como se sentia, e hoje, com a chegada do seu divórcio marcado para aquela manhã fria de novembro, suas crises de insônia não podiam estar em pior estado.

O rapaz viu o dia amanhecer sentado na cama, o notebook no colo passava uma série que com certeza ele perdeu o interesse a muito tempo, apenas deixou rolando porque aquilo era o mais próximo que tinha de vozes reais. Estava tão ansioso que apenas o sentimento de estar sozinho o deixava aflito. Buscou o celular embaixo do travesseiro apenas para olhar o horário, ficando surpreso em como o dia tinha amanhecido rápido.

Durante a madrugada, a tentação de ligar para changbin soou gritante, mas o ruivo estava tão ocupado nessas últimas semanas com o trabalho que mal tinham tempo para se verem, levando em consideração que essa estação do ano sempre tinham ocasiões em que as pessoas iam atrás de agências para registrar festas e cerimônias importantes. Embora de vez em quando o baixinho aparecesse em sua casa — desta vez pela porta da frente — para checar se o australiano havia parado de comer comida enlatada, ainda não era o suficiente para chan. Estava cada dia mais difícil se manter longe do ímpeto de tornar changbin somente seu.

Com preguiça, chan ficou de pé, saindo do quarto enquanto a manhã escorregava para dentro da sua casa como um sopro. Passou no quarto de felix apenas para checar se ele estava dormindo confortavelmente. O menino era do tipo que sempre derrubava um travesseiro no chão ou até mesmo o cobertor. Certa vez, chris o pegou quase caindo da cama por ser tão inquieto durante o sono. Graças aos céus, nesse momento ele dormia como um anjinho que era, todo empacotadinho em seu lençol de flores e fadas.

O deixou dormindo enquanto descia até a cozinha, sem antes parar no banheiro para lavar o rosto. No andar de baixo, chan ligou a televisão e degustou de um café com leite e bolachas enquanto via o noticiário, pegando um certo hábito em fazer esse mesmo percurso nos dias em que acorda mais cedo que os animais matutinos: garantia que felix estava deitadinho corretamente, lavava o rosto, fazia um café e buscava suas bolachas preferidas, e terminava sua rotina vendo um noticiário local. No início, era um pouco entediante, mas agora até que fazia sua mente não se tornar tão pesado com os acontecimentos da madrugada, seja alguma crise de pensamento desconexos ou apenas sua insônia o mantendo lúcido por mais tempo que desejaria.

Às oito horas em ponto, chan já preparava o almoço. Não queria deixar mais aquilo para changbin cuidar, uma vez que tinha pedido ao mais novo para ele cuidar de felix enquanto resolvia as coisas no juíz. Changbin aceitou sem pestanejar, assegurando o moreno que chegaria antes das nove, que era o horário que chan sairia de casa junto com nakamoto yuta, o advogado que sana arranjou para ajudar christopher no divórcio. O rapaz japonês era um excelente advogado, apesar de ter trabalhado com poucos casos como o do bang. Na semana anterior, eles tinham saído para conversar em uma cafeteria próxima do centro, e yuta o garantiu que ele sairia daquele divórcio com um tratado de paz entre ambas partes, deixando que chan tivesse a guarda do menorzinho de forma definitiva.

Mesmo ansioso, chan confiava no loiro. Sabia que ele seria capaz disso, e ansiava para os fins das suas noites de insônia.

Enquanto descascava uma batata, chan ouviu através da música do rádio batidas na porta. Olhou no visor do celular a hora, vendo algumas mensagens de changbin avisando que já tinha saído de casa com jeongin. O moreno deixou o cortador de batatas em cima da ilha da cozinha e partiu em direção a porta, arrumando o cabelo bagunçado e dando algumas tapinhas nas bochechas para despertar de uma vez. Changbin já tinha o visto tantas vezes com o rosto inchado pelo sono que em algum momento christopher deixou de ter vergonha em aparecer assim para ele. Não era estranho e o ruivo nunca fizera nenhum comentário desconfortável sobre sua aparência pela manhã, ao contrário, ele o enchia de elogios.

moral of the story | chanchangWhere stories live. Discover now