Capítulo 22 - Ava

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Termino de me vestir, a expressão triste no rosto de Sávio continua na minha cabeça. Não acredito que vou virar daquelas mulheres que não podem ver um novinho e se derretem por suas carinhas fofas. Não... Eu sou Ava Wallerius... Rainha do gelo... Demônia Russa...e ... e... estou agindo exatamente desse jeito.

Merda.

Por que o rosto dele tem que ser tão fofa?

Calma Ava. Bote sua cabeça no lugar, isso é um acordo, como um contrato, com começo, meio e fim. Só isso. Logo tudo volta para o seu lugar.

Toda minha convicção vai embora quando vejo Sávio na sala me esperando, com uma blusa de gola alta preta e uma jaqueta de couro. Ele está muito atraente.

- Estamos combinando- fala.

Eu uso um vestido preto e uma jaqueta de couro.

- Verdade.

- Que milagre você de vestido.

- Achei que ficarei bonito, não gosto muito de vestido. Ficou estranho?-indago.

- Ficou linda- falou abrindo um sorriso e alisando meu cabelo.

-Vamos nos atrasar- falo meio sem jeito.

No estacionamento escolho uma Bugatti branca, percebi que Sávio gosta de carros esportivos, mas hoje eu fui dirigindo por ter um pouco de gelo na pista.

- Achava que seu tio estava morto- Sávio quebra o silêncio- Vocês nunca falaram dele.

- Tio Higor odeia esse negócio de máfia e qualquer responsabilidade- digo- Ele nunca foi muito ligado na família, prefere só viver com os frutos do nosso dinheiro sujo do que sujar as mãos.

- Então ele não é brigado com vocês?

- Não, ele só não gosta dos assuntos da máfia e não tem o mesmo conceito de família tão forte como nós. Meus primos foram criados pelo meu pai e avô.

- E a mãe deles?

- Deve estar morta, alguma merda ela fez pra eu nunca ter ouvido nada sobre ela. Meu avô gosta de apagar as manchas da nossa família.

- Apagar, você quer dizer matar?- vejo o rosto de Sávio empalidecer.

- Não se preocupe, nós cuidamos do nossos- digo para tranquilizar ele.

- Eu e Dmitri não somos Wallerius.

Ele descobriu sobre Dmitri. Bem, cedo ou tarde ele ia saber, mas pouco importa, pra mim Dmitri é família.

- Você se tornou um Wallerius quando casou comigo, do mesmo jeito que Dmitri quando levei para nossa casa. Família não é somente de sangue- estaciono o carro.

- Vai me proteger, então?

- Eu queimaria o mundo todo para te proteger Sávio- respondo.

Descemos do carro, o vento frio do inverno bate nas minhas pernas, não foi uma boa ideia vir de vestido. A mão de Sávio agarra a minha, olho e ele está escolhido de frio. Não se acostumou ainda com o frio da Rússia.

Entramos no estabelecimento, por sorte lá dentro está mais quente. Hoje muitos subchefes estão presentes, amanhã tenho uma reunião trimestral com meus subordinados, por isso o evento de hoje está lotados. Muitos olhos estão em nós,
pouca dessa pessoas nos viram juntos. Em nosso casamento estavam somentes as pessoas mais próximas e pouquíssimo subchefes. Não era uma coisa que queria comemorar, e não gosto de coisas extravagantes e chamar atenção.

Quando adentro a arena todos se calam, na área vip todos se curvam e me comprimentam. Puxo a mão de Sávio para um sofá mais na frente. Para minha surpresa Higor também está aqui.

- Achei que tinha estômago fraco para isso tio- digo me ajeitando na cadeira.

- Vim ver uns antigos amigos, mas seu marido tem idade suficiente para ver essas lutas- debocha.

- Tenho que acompanhar minha esposa- Sávio fala.

- Como um daqueles cachorrinhos que as madames levam no colo- Higor fala.

Meu tio já estava me irritando, sei que não usamos violência contra a família, mas cada vez mais a ideia de arrancar sua língua parecia mais razoável. Ele ainda conseguiria viver, só ia parar de falar merda.

- Eu sou da Ava, ela me usa como quizer dentro e fora do quarto.

Fico olhando para Sávio, até poucos dias ele mal tinha coragem de dizer um "ai" para nós, agora estava retrucando meu tio.

- Tio- imterrompo antes dele falar- Mais uma palavra e a próxima atração naquela jaula será você.

Higor finalmente cala a boca e o silêncio reina. Estava distraída com a luta, quando sinto o calor da mão de Sávio no meu joelho. Ela começa a subir, espalhando o calor pela minha perna, parando na barra do meu vestido. As lembranças da nossa noite vem na minha mente. Como uma pessoa consegue ir aos extremos, de fofo para dominador. Para alguém quem nunca fez isso, ele me surpreendeu.

Olho para seu rosto, suas bochechas e nariz estão vermelhas pelo frio. Passo minha mão por seu rosto, ele se surpreende me dando um sorriso.

- Está com frio?

- Só um pouco- ele me puxa para mais perto no sofá, abraçando minha cintura- Fica sentada perto de mim para me esquentar.

Aceno que sim.

- Só pode ser o fim dos tempos- Klaus fala.

Olho para o lado, Klaus, Serguei, Dmitri e Vlad, eles nos olhoam como se fôssemos de outro planeta.

- Não, não-Vlad exclama- Essa não é minha irmã- chega perto de mim- Quem é você e o que fez com a Ava?- aponta o dedo para meu rosto.

-Se não tirar esse dedo da minha cara vou quebrar ele- digo.

Vlad murcha, e os outros riem dele.

- Agora sim- Serguei gargalha- Essa é a Ava que eu conheço.

- Acho que vai ganhar a aposta- Klaus dá um tapinha no ombro do meu irmão.

Minhas sombrancelhas se juntos me lembrando da dita da aposta.

- Se eu souber que essa aposta é verdade- já sinto o sangue quente em minha veias- A família Wallerius vai ficar sem sucessores por que vou castrar os três.

Os três homens engole em seco, confirmando minhas suspeitas. Estava pronta para esganar um, quando Sávio aperta minha cintura por baixo da jaqueta.

- Fica aqui Ava, tô com frio- parece um nenê dengoso.

Sinto um reboliço em meu estômago. Faço carinho em seus cabelos e ele deita a cabeça em meu ombro. Os sussuram são inevitáveis, todos comentam baixo, mas não o suficiente para não ouvir, falam que nosso casamento é verdadeiro.

As lutas terminam perto da uma da madrugada, volto para casa com Sávio. Klaus já levou Dmitri mais cedo e depois foi para uma balada. Serguei e Vlad também não dormirão em casa.

Estaciono o carro na garagem e vejo que Sávio estava cochilando.

- Chegamos- acordo ele.

Sávio está com o cabelo bagunçado e a cara amassada. Caminhamos para a minha ala no segundo andar. Paro na minha porta que fica ao lado da porta de Sávio, ele para também e fica me olhando. Queria falar algo para ele mais não sei o que.

Sávio se aproxima, abaixa a cabeça me dando um beijo na bochecha.

- Boa noite cobrinha.

Entra. Fecha a porta do quarto.

Eu fico congelada aqui por alguns segundo, até também entrar no meu quarto.

A Herdeira da Serpente ( Tríade das Máfias - Livro 2)Where stories live. Discover now