Capítulo 51

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LI

Acabamos de montar acampamento nas terras mais afastadas de Lutemor, nesse momento com certeza todo o castelo já está atento aos nossos movimentos, pois seria impossível não ver ao longe um exército tão grande. A primeira parte do plano é mandar uma pequena tropa pra "invadir" o castelo, obviamente não conseguirá, pois serão poucos homens, mas isso nos ajudará a entender como está atualmente as técnicas de ataque de Lutemor, e por esse motivo Jesse acabou de sair comandando a primeira tropa, eu fiquei aqui para organizar o acampamento e também porque ainda não é o momento para eu entrar na batalha.

— Domenico. - Chamei.  — Pegue mais alguns soldados e faça armadilhas pelos arredores, se eles tentarem vir até nós, não quero que estejamos desprevenidos. 

— Sim, senhora comandante. - Falou cheio de gracinhas. 

— Domenico, não…

Antes que eu concluísse a ameaça ele deixou um beijo em meu rosto e se afastou. Xinguei mentalmente e voltei a andar pelo acampamento, verificando possíveis falhas. 

Agora é definitivo, ou vamos cair de vez, ou finalmente derrubar Lutemor, sinceramente me encontro em um pequeno estado de euforia, não acredito que cogitei não participar desse momento, desde que montei meu cavalo em Miargas, me encontrava ansiosa para chegar até aqui. No caminho para cá, mandei alguns homens desviar e ir até Arnia, ver se o reino já foi retomado, e a resposta é não, está abandonado e vazio, então isso significa que a coroa de Arnia está abrigada aqui em Lutemor, então ela também está aqui, e esse é um dos motivos para que eu tema um pouco o momento da invasão, medo de não conseguir chegar até ela antes que alguém possa a ferir, fazem longos e duradouros meses que não nos vemos, mas nem isso foi capaz de diminuir o que sinto, muito pelo contrário, aumentou, e isso tudo me deixa péssima, é como se fosse alguém insuperável, ou eu que sou muito boba mesma, prefiro acreditar nessa segunda opção, balancei a cabeça e fui a tenda que irei ficar, era pra eu e Jesse dividir uma, já que estamos no comando, mas me recuso ficar mais que o necessário ao lado dela, logo temos tendas pessoais e uma destinada a reuniões, sim, estamos montando um grande acampamento, durante nossas repassada de planos, consideramos várias hipóteses, e a principal delas é que não será uma batalha fácil, e muito menos rápida, temos que fechar o cerco aos poucos, logo é de extrema importância um lugar para nos estabelecer. 

Mal chegamos e já quero mudar algumas partes do plano de Catarina, eu tenho certeza que não atingiremos efetivamente o castelo sem alguém do lado de dentro para nos ajudar, alguém que nos conte como estão as coisas, alguém de confiança, e eu só pensei em uma pessoa, Beatriz, mas me pergunto até que ponto vai nossa amizade, ela seria capaz de trair os seus para se juntar a mim? E mais, depois de todo esse tempo, ela ainda se considera minha amiga? Não sei, mas preciso saber. Dentro da minha bolsa de viagem eu peguei meu diário, arranquei uma das folhas em branco e escrevi um pequeno bilhete que será destinado a ela, agora me falta achar a pessoa de confiança que fará isso pra mim. Sai da tenda com o papel em mãos, o único que sei que não me trairia aqui, é o Domenico, mas não posso esquecer que ele é um foragido da guarda de Lutemor… ou posso? É, acho que posso, afinal estamos em guerra, e guerras requerem sacrifícios, e também porque sei que ele é bom o suficiente pra ir e retornar a salvo.

— Ei, cabeça de bagre. - Chamei e mesmo de longe ele ouviu e me olhou, o que me fez rir e o mesmo rolar os olhos. — Venha aqui.

Ele se aproximou me analisando e olhou para as minhas mãos. 

— O que você quer aprontar?

Sorri de lado, sou tão previsível assim?

— Não quero aprontar, apenas contribuir significativamente para que tudo ocorra bem. - Puxei ele mais pra perto de mim, e abri um pouco da sua camisa, o que fez ele erguer a sobrancelha, me segurei pra não rir.

LutemorWhere stories live. Discover now