XXXIV
Corri, eu corri tão rápido que achei que não seria possível tanta velocidade, são mais de quatro lances de escadas pra descer até a masmorra, mas nem aquilo conseguiu me deter, só uma coisa passa pela minha cabeça: que Joana esteja errada e que Lucrécia não esteja de fato aqui na masmorra. Parei abruptamente ao ver uma movimentação além do normal, meu coração gelou ao ver que até Michael está ali, e me senti cair em um abismo ao ver Lucrécia dentro de uma das celas, nossos olhares se conectaram, e eu nunca os vi tão escuros, uma mistura de tristeza e medo.
— O que aconteceu? - Perguntei para os demais, mas sem parar de olhar pra ela.
— Recebemos a denúncia de uma herege habitando em Lutemor, fomos averiguar, e era verdade, essa jovem foi encontrada tendo relações sexuais com uma outra garota.
Olhei pra Michael, que conversava com um dos guardas mais afastados.
— Deve ter sido algum mal entendido, eu conheço Lucrécia, somos amigas.
Michael me olhou de imediato e veio até mim.
— Amigas?
— Hã… sim, e… eu garanto que ela não é adepta de tais práticas, é uma boa mulher e temente a Deus.
— Precisa filtrar melhor suas amizades, Camila de Miargas, não existe mal entendidos aqui, ela foi vista por mais de uma pessoa, e com isso será condenada à fogueira para que se lembrem que não toleramos atos profanos e contra a palavra do nosso Deus em Lutemor.
Meu coração bate em um ritmo alucinante, tanto que chega a doer.
— Não majestade, não faça isso. - Pedi sentindo a voz embargada. — Nós somos amigas, não faça isso, por favor.
Os olhos dele brilharam em raiva, e só então percebi o tamanho da minha tolice.
— Está defendendo o indefensável? EU NÃO ME IMPORTO SE SÃO AMIGAS, EU NÃO TOLERO TAIS PRÁTICAS, ELA IRÁ A FOGUEIRA AO RAIAR DO DIA EM PRAÇA PÚBLICA. - Uma mão se firmou na minha, eu não tenho ideia de quem fez aquilo, mas de certa forma foi o que me impediu de avançar no rei. — E mais. - Voltou a falar. — Até lá você não exercerá o cargo de chefe da guarda, pois não quero ser obrigado a condená-la também caso tente livrar sua amiga mundana do seu destino.
Ele se virou e saiu acompanhado pelos outros guardas, e só agora notei quem segurou em minha mão, Domenico, desfiz o contato e me aproximei da cela, chutei a grade incontáveis vezes.
— Camila, se acalme. - Lucrécia pediu em um fio de voz. — Por favor.
— Quem denunciou vocês? Cadê a Amis? Quais guardas a encontraram? Em que situação estavam?
Ela alternou o olhar entre eu e Domenico.
— Vou deixar conversarem. - Se afastou.
— Eu não sei, eu acabei de saber que foi uma denúncia, mas não sei quem pode ter sido, e eu não sei quem eram os guardas. - Secou as lágrimas. — Eu fiz a Amis fugir, eu a ajudei, ela está escondida na floresta, você precisa encontrá-la e tirar ela de Lutemor, Camila, por favor.
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Lutemor
Fanfiction1400 d.C. Um amor proibido em uma época onde o diferente não é aceito, onde o diferente precisa ser extinto. Camila Cabello, plebéia recém chegada ao próspero reino Lutemor, consigo ela traz alguns muitos segredos, e ao chegar ao castelo do rei Mich...