Upside Down Love | Steddie

02. Luck in the game, bad luck in love

Definitivamente, 1986 não estava sendo um bom ano para a vida amorosa de Steve Harrington.

Há meses ele saía em vários encontros com diferentes mulheres, porém, nunca dava certo. Às vezes os interesses não combinavam, a química não parecia tão boa… Difícil especificar tudo. Nunca foi complicado para ele conquistar garotas, todas o desejavam desde sempre, mas isso parecia estar mudando.

Bom, Steve havia mudado. Uma mudança bastante radical, pode-se dizer.

Quem o visse três anos antes, quando saía com seus amigos ricos, mimados e babacas que adoravam implicar com outros adolescentes e tratar todos como inferior, sempre em festas bebendo, não imaginaria que ele estaria naquela situação atual. Um homem de quase 19 anos que foi rejeitado por inúmeras faculdades e atualmente trabalhava como atendente em uma locadora; que invadiu uma base militar secreta russa e enfrentou monstros de um universo paralelo abaixo de Hawkins; era amigo de um grupo de crianças que viviam se metendo em encrenca e que estava naquele exato momento discutindo sobre suas péssimas escolhas de mulheres com sua melhor amiga, que havia se assumido lésbica logo após ele literalmente se declarar para ela.

O mundo de Steve capotou e deu voltas demais até ele estar ali. Contudo, não se arrependia de nada que o fez chegar até ali.

Perdeu um grande amor para, surpreendentemente, o estranho Jonathan Byers, mas ganhou grandes amigos e muitas aventuras que o ajudaram a melhorar e evoluir como pessoa. Ele ainda não era perfeito, claro, mas se esforçava para ser alguém bom.

O momento em que se declarou para Robin foi, com certeza, um dos mais constrangedores daquele tempo, mas também um dos mais importantes. Foi ali que ela confiou para assumir para ele um de seus maiores segredos, mesmo correndo o risco de ser duramente rejeitada e não fazer ideia da reação que Steve teria.

Mas Steve a aceitou. A aceitou de coração e entendeu seu lado. E ele sabia que, infelizmente, nem sempre todos teriam a mesma atitude.

E acabou percebendo que, na verdade, não estava realmente apaixonado por Robin. Apenas se deixou levar e confundiu seus sentimentos, pois ela era realmente uma garota incrível. E apreciava muito sua amizade.

Ter Robin Buckley como sua melhor amiga com certeza foi a melhor coisa que aconteceu em sua vida nos últimos anos. E ela certamente tinha um grande papel em ajudá-lo a entender melhor o mundo a sua volta e evoluir seus pensamentos.

— Sinceramente, até pensei que poderia dar certo com ela, mas ela vai estudar em outro estado e… E eu realmente quero um relacionamento que seja mais do que ir pra minha cama! — disse enquanto olhava para a estrada, dirigindo o carro. Robin estava ao seu lado no banco do passageiro se maquiando.

— Mas a Linda era realmente areia demais pro seu caminhãozinho, Steve.

— É a Heidi! — corrigiu.

— Ah, me dá um desconto! Você sai com uma garota diferente toda semana, é difícil acompanhar os nomes. E você sempre faz péssimas escolhas.

— A sua escolha de encontro no Ano Novo também não foi das melhores. Aquela garota era muito estranha.

— Não me lembre daquele encontro terrível, por favor — suplicou. — Acelera essa lata velha! Eu já perdi o pré-jogo por sua culpa.

— Eu te avisei que não poderia te levar.

— E eu te disse que poderia deixar para consertar a pulseira mais tarde. Eddie não vai infartar por ficar um dia sem ela.

— Eu quase nunca vi ele sem ela desde que o conheço, então deve fazer falta — argumentou.