Antes De Partir

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6:35 Quando ouvi alguém batendo na porta do meu quarto.

- Está na hora Hannah. Você precisa acordar.

Era a voz de Eliza minha ex babá, que agora trabalhava nos serviços doméstico da nossa casa.

Me levantei e vi que minhas malas ainda não estavam prontas, faltava menos de duas horas pra mim pegar o voo e meu quarto estava uma zona.

- Hannah, por favor colabora. Seu pai vai brigar comigo!

Me levantei e abri a porta.

- Não sei se quero ir...

- Você sabe que não tem escolha. Agora agiliza que não temos muito tempo!

Eliza tinha 55 anos, ela era como uma segunda mãe pra mim. Desde que minha mãe havia morrido, ela tinha se tornado mais importante ainda. Sempre me dando forças e estando ao meu lado em tudo que eu precisasse.
Eliza tinha cabelos grisalhos e era um pouco baixinha, sua pele era clara e olhos escuros.

- Eliza... Você acha que isso vai funcionar?

- Não sei... - Falou ela enquanto fechava minhas malas. - Mais seu pai acredita que sim. E aqui você está correndo perigo. O melhor é ficar distante por um tempo, até as coisas se resolverem!

- Não quero ficar muito tempo longe, não quero ter outra vida pra sempre. Quero que as coisas voltem ao normal!

Eliza se virou pra mim e segurou minhas duas mãos.

- Você precisa fazer isso, pra coisas poderem voltar ao normal entendeu?

Concordei com a cabeça.

- Você vem sendo muito forte Hannah, e sei que vai enfrentar isso tudo com muita garra!

- Espero que sim... - Falei enquanto me sentava na cama.

Bom... Há pouco menos de um ano, eu presenciei o assassinato da minha mãe. Os assassinos olharam bem nos meus olhos, mesmo encapusados mais eu vi o olhar de cada um deles.
Eu estava no estacionamento do shopping com minha mãe, estávamos colocando as compras na mala do carro quando eles chegaram e seguraram ela. Lembro que falaram algo pra ela antes de atirar na sua cabeça, mais eu não ouvi. Eu fiquei sem ação, não conseguia correr e nem gritar. Fiquei apenas olhando aquela cena, que parecia mais um filme...
Em seguida um dos assassinos apontou uma arma pra mim, e antes de puxar o gatilho, o outro cara falou alguma coisa no ouvido dele, e então ele abaixou a arma... Depois disso eu não vi mais nada, desmaiei na frente deles. E quando acordei, estava cheio de gente ao redor... Minha mãe estava sendo colocada dentro da ambulância e um dos paramédico estava me examinando no chão.
Depois disso a minha vida desandou... Eu tinha acabado de terminar o ensino médio e não pude entrar na faculdade, meu pai não confia em me deixar sair sozinha de casa, ou pior... Ele não me deixa sair quase nada.
Os policiais não descobriram o porquê do assassinato, minha mãe não tinha passagem pela polícia e era uma mulher comum...
Meu pai contratou os melhores detetives da cidade, ele jura que vai vingar a morte dela. E eu espero que ele consiga!

Um mês depois do assassinato da minha mãe, eu estava andando na rua e percebi que tinha alguém me seguindo. Me escondi de pressa e liguei pro meu pai... Não sei se era coisa da minha cabeça, mais isso não aconteceu só uma vez. Foram várias vezes...
Então meu pai resolveu contratar seguranças, mais eu não gostei da ideia e preferi sair com menos frequência de casa.
Há uma semana atrás, no meu aniversário de 19. Aconteceu uma tentativa de sequestro comigo... E um dos meus seguranças levou um tiro que quase ia tirando sua vida.
Meu pai resolveu me manda pra longe, pra outro estado. Pra casa do seu irmão mais novo, meu tio Sam...
Eu nunca o vi pessoalmente, não o conheço. Mais se é pro meu próprio bem e pro bem das pessoas ao meu redor, eu concordei com ele, e estou indo passar um tempo longe.

Eu não sei ao certo o porquê fizeram aquilo com minha mãe. As vezes acredito que meu pai sabe de algo mais não me conta, e eu não gosto de forçar muito esse assunto, então prefiro ficar na minha.

- Queria que fosse comigo. - Falei enquanto Eliza puxava minhas malas pra fora do quarto.

- Vou lhe visitar com frequência, isso eu já disse a seu pai também.

- Não é a mesma coisa... Eu vou tá sozinha lá, com pessoas que nunca vi.

- Você não vai está sozinha, seu tio vai lhe acolher e tudo vai dá certo!

Era o que eu queria acreditar, que ia dá tudo certo.

Assim que me arrumei, desci as escadas e fui tomar café. Meu pai estava no telefone conversando com alguém, andando de um lado pro outro.

- Hannah Você quer levar algo pra comer no voo? - Perguntou uma das empregadas que estava me servindo.

Neguei com a cabeça, eu não queria comer nada também. Estava com medo do que vinha pela frente, do que podia acontecer.

- Você quer bolo ou pão? - Perguntou ela.

- Nenhum dos dois, acho que não vou comer nada.

Saí da cozinha e fui até onde meu pai estava, ele olhou pra mim e disse ao telefone que ligava mas tarde.

- Você está pronta? - Perguntou ele.

- Não. Eu nunca vou está...

Ele segurou minha mão e nos sentamos no sofá.

- É pro seu bem filha... Eu não sei mais o que faço, eu não quero te perder também. Vou fazer de tudo pra te proteger.

- Eu sei... - Falei olhando pra ele. - Não quero ir embora pra sempre pai. Quero voltar pra minha casa.

- Eu não disse que seria pra sempre meu bem. É só por um tempo.

- Você pode ir comigo, a gente pode ir morar até em outro país se for necessário.

- Também pensei nisso, mais não posso deixar as nossas empresas pra trás. Não posso sair do país assim... E não vamos mudar de vida por causa daqueles assassinos. As coisas irão voltar ao normal, eu te prometo isso.

- Promete também que vai ficar bem? - Perguntei enquanto abraçava ele.

- Juro que vou ficar bem!

- O motorista chegou. - Falou Eliza nos interrompendo.

- Você precisa comer algo antes de ir. - Falou meu pai.

- Não quero.

- Eliza, prepara um suco forte pra ela. - Falou meu pai. - Ao menos isso você vai ter que tomar.

Tomei o suco e parti!

Meu pai não me levou ao aeroporto, e nem Eliza. Teve que ser tudo bem planejado pra que ninguém soubesse que era eu quem estava indo viajar. Nós não sabíamos do que essas pessoas eram capazes, e eu tinha que me proteger o mais rápido possível.

Entrei no avião e fui embora.

Entrei no avião e fui embora

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