7.

8.1K 1.2K 711
                                    

22 de março,
1986.
will byers.

Tentamos ir até a delegacia para falar com El, mas sem sucesso.

— Nós somos os irmãos dela, e somos família. - Eu insisti.

— Não é o bastante. Precisa ser o pai ou guardião legal. - A secretaria respondeu.

— Pra que tudo isso? Nós só queremos vê-la! - Henry insistiu também.

— É a lei. - Ela respondeu simplesmente, e se virou para seu computador.

Nós saímos da delegacia, desacreditados e resmungando. Até que o carro, que provavelmente era o que estava levando El para o reformatório passou pela nossa frente, e Mike correu para rua. Mas não havia mais tempo.

Quando voltamos para casa, Mike subiu para os quartos, eu e Henry ficamos no sofá enquanto Jonathan andava pra lá e pra cá pela sala.

— Isso é loucura! É loucura! Não pode estar acontecendo. - Ele balbuciava, puxando seus fios de cabelo e roendo as unhas, completamente nervoso. — Eu preciso fumar um. - Henry entrou em sua frente quando ia começar a andar para as escadas, e segurou seus ombros.

— Ei, ei, ei. Você não precisa disso pra se acalmar, beleza? Vai pra cozinha, e bebe uma água. - Ele fez uma pausa enquanto Jonathan concordava com a cabeça freneticamente. — Meu... pai é advogado, eu vou tentar falar com ele e ver o que pode fazer para ajudar. - Deu um sorriso fraco, e o rosto do meu irmão se iluminou.

— Isso! Cara, por que não disse isso antes? Vai ser nossa salvação! - Aliviou-se, e deu dois tapinhas nas costas de Henry, que se jogou no sofá de volta.

— Você não tem um bom relacionamento com seu pai, não é? - Perguntei depois que Jonathan havia ido para cozinha.

— Definitivamente não. Mas talvez o velho possa tentar fazer alguma coisa. - Deu de ombros. Mas eu sabia que por dentro, ele estava se arrependendo.

— Obrigado. Por tudo que fez por nós até aqui. Você... é um ótimo amigo. - Quebrei o silêncio que estava se instalando.

— Já posso ser considerado oficialmente o guarda-costas da família Byers? - Disse divertido e eu soltei uma risada.

— Só se quiser trabalhar de graça.

Ficamos nessas brincadeirinhas bobas, sem nem perceber que estava anoitecendo. E de repente, vários carros apareceram no quintal, e fomos correndo para verificar.

— Quem são vocês? - Jonathan, que havia aparecido, tomou a frente.

— Nós só queremos conversar. - Uma mulher respondeu, vestida com um terno, igual os outros que saíram do carro.

O mais velho relutou, demorando para responder. Mas depois de algum tempo, permitiu, e os agentes entraram em nossa casa.

Começaram falando dos monstros, que Hawkins estava em perigo, Vecna, ossos quebrados, Eddie Munson, assassino, poderes e mais algumas coisas que eu definitivamente não prestei atenção. E eu estava nervoso, porque ainda não tínhamos apresentado esse mundo para Henry ainda, mas ele parecia indiferente com tudo.

— Desculpa, é que tá meio difícil de entender essa história toda. O que exatamente tá acontecendo lá em Hawkins? O que tá matando as pessoas? - Jonathan questionou.

— É o que estamos tentando determinar. - A mulher respondeu pacientemente.

— E onde a El tá agora? - Mike interrompeu.

— Por segurança, é melhor que não saibam. - Mike levantou furioso nessa hora.

— Isso é loucura! - Saiu resmungando.

— E o treinamento para trazer os poderes dela de volta, quanto tempo dura? - Meu irmão perguntou.

— Podem ser semanas, meses...

— Meses?! - Interrompi, mas a mulher continuou falando.

— Até lá, os agentes Ramon e Wallace irão ficar com vocês. - Apontou para os dois que estavam atrás dela.

— Não é a gente que tá em perigo! - Mike retrucou.

— Nossos amigos moram em Hawkins.

— Minha família mora em Hawkins.

— E eu vou tentar conter a situação até a Eleven estar pronta. Até lá, é de suma importância que vocês não falem com ninguém sobre isso.

— Não! Nada disso! - Mike esbravejou.

— Eu sei que é difícil de entender...

— Não é difícil! Isso é impossível. - Ele interrompeu. E a mulher perdeu a paciência, e se levantou da cadeira.

— Existem facções em nosso governo operando diretamente contra a Eleven, que estão de fato procurando por ela agora mesmo. Não dá pra arriscar ter contato, se ficarem sabendo disso, eles vão prejudicar a Eleven. E se a Eleven é prejudicada, sua família e amigos também.

— A gente tem que confiar que vocês são do bem? - E mais uma vez, Mike retrucou. — Eu nem sei quem vocês são.

— Somos amigos do Owens. A Eleven confiou na gente. Agora pedimos o mesmo de vocês. - Ficamos todos em silêncio, e ela puxou um papel do terno. — Isso é pra você. - Entregou para Mike, que subiu as escadas.

A agente acompanhou com a cabeça ele subindo as escadas, mas quando se virou para nós novamente, olhou diretamente para Henry, que encarou de volta, e eles ficaram algum tempo assim.

— Acho que já demos nosso recado. Ramon, Wallace, bom trabalho pra vocês. - Ela apertou a mão dos dois e saiu.

Soltamos o ar quando escutamos os barulhos de motor dos carros ligando, e as luzes indo embora. Eu e Jonathan viramos a cabeça para Henry.

— Acho que preciso te contar algumas coisas. - Comecei.

— É! Com certeza. - Subimos para a meu quarto, e quando entramos ele ficou olhando para mim.

Eu suspirei, e sentei na cama. — Vai, começa.

— Okay! Então, a Eleven tem poderes? Tipo, boom! X-men? Super heróis? Você também tem poderes? O Jonathan tem poderes? Espera! A Joyce tem poderes? - Começou a fazer milhões de perguntas, que eu respondia calmamente. Afinal, não era todo dia que descobri que um dos seus amigos tinha poderes.

Ficamos quase até meia noite conversando sobre isso, eu expliquei sobre Hawkins e tudo o que tinha acontecido nos anos em que morei lá.

Quando Henry estava indo para a porta, um dos agentes parou ele.

— Ei! A onde você vai, garoto?

— Pra casa, ué. Eu não moro aqui. - Deu de ombros.

— Então quer dizer que você não faz parte de nada, e estava aqui coletando informações sobre nosso governo? - Um deles interrogou, com uma voz ameaçadora.

— Ei! Ele é nosso amigo, e confiamos nele. - Eu respondi, entrando na frente.

Os dois me olharam com julgamento.

— Ramon, leva o amigo pra casa.

— E se eu quiser voltar amanhã? - Henry perguntou.

— Ramon te busca.

— Eba, motorista particular. - Ironizou e revirou os olhos.

— Vamos, pirralho. - O tal Ramon pegou as chaves do carro.

— Tchau, Will. - Bagunçou meu cabelo, como sempre. E passou pela porta resmungando com o Ramon.

𝐦𝐚𝐠𝐞 𝐨𝐟 𝐦𝐲 𝐡𝐞𝐚𝐫𝐭 , will byers.Where stories live. Discover now