Gift

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- Aconteceu alguma coisa. – Diego cruzou a perna e tomou um gole do café, Aly amava quando ele falava "esquisita" na língua nativa, mas até aquilo não havia chamado a atenção dela.

- Não. – ela abaixou os papéis do ensaio dele que tinha em mãos e o encarou.

- Você está esquisita. – ele ajeitou a xícara e olhou para ela. – Estamos no meio da rua tomando café, normalmente estaríamos na minha casa.

- Isso aqui é um freela não remunerado e eu estou cheia de coisas para fazer, não posso parar um dia no escritório.

- Eu te pago com outras coisas, pode não ser dinheiro, mas com certeza é pago. – ele lançou um sorriso malicioso para ela. – Você não gosta mais de mim, Aly?

- Não é isso. – ela bufou. – Eu estou mesmo cheia de trabalho. – ela havia acumulado coisas por causa da ida de Sebastian para a casa dela, então não era totalmente mentira.

- E...

- E o que?

- Tem mais alguma coisa ai que você não está querendo me contar e algo me diz que tem a ver com o cara que está na sua casa.

- Sebastian é um amigo, não tem nada a ver com ele. – na verdade tinha.

- Ele não é só um amigo.

- Sim, ele é.

- Mas não era. – ele segurou a mão de Aly e deu um beijinho, aquilo estremeceu um pouco ela. – Olha tem gente que tem o poder de saber quando uma pessoa está apaixonada e eu tenho o poder de saber quando uma pessoa foi apaixonada. O que, no caso, você por ele. – ele deu um sorriso mostrando que havia acertado com tudo aquilo.

- É uma história complicada, mas que já acabou, faz tempo. Ele hoje é só um bom amigo que me lembra tempos muito bons.

- Então você não está assim por que tem transado com ele a noite toda? Não é uma critica, você sabe muito bem que o que a gente tem é algo totalmente aberto e...

-...você fica com sua ex esposa as vezes e eu posso ficar com quem eu quiser. – ela o interrompeu meio amarga, aquela coisa de Diego ficar com a ex era o único ponto do relacionamento deles que incomodava Aly.

- Achei que não estávamos criticando um ao outro aqui.

- E não estamos. – ela solto a mão da dele. – Foi só uma observação como as que eu estou fazendo aqui. – ela levantou uma das páginas e apontou para uma marcação que havia feito.

- Sei. – ele deu uma risadinha. – Mas, só para você ficar sabendo, eu não me importo, está bem?

- Não se importa com o que, Diego?

- Com você ficar com ele. – ele pegou a xícara de café e tomou um gole. – Você é jovem Aly, tem uma vida inteira pela frente. Eu já tenho dois filhos adolescentes, não é como se eu fosse querer uma nova família.

- Ou seja, a gente se diverte, mas isso não vai sair da diversão.

- Exatamente. – ele voltou a colocar a xícara na mesa e esticou a mão para tocar no rosto dela, fazendo um carinho bem leve. – Eu gosto de você, mas eu não posso te dar nada além de alguma diversão.

- E quem disse que eu quero algo mais do que isso? Gosto desse nosso acordo.

- Mas eu conheço você e sei que espera muito mais do que só isso.

- Não espero não.

- De mim não, mas de alguma outra pessoa sim. Eu já vi você brincando com meus filhos e sei que, lá no fundo, você também quer ter uma família. – Diego se levantou e pegou uma carteira de trás da calça, abriu e tirou um bolo de dinheiro, colocando-o na mesa.

- O que é isso? – Aly franziu a testa.

- A gente não vai ter o mesmo acordo de antes, estou te liberando Aly. – ele sorriu e pegou as páginas em cima da mesa. – Agora eu vou realmente te pagar por tudo o que você faz por mim.

- Mas Diego... – ela se levantou.

-...sem mais. – ele deu um selinho rápido nela. – Eu te envio quando tiver a outra parte e, se você quiser, eu sou muito bom em fazer ciúmes. – ele colocou os óculos escuros e saiu acenando para ela.

Embora Aly tenha ficado meia perplexa, começou a rir sozinha. Ela nunca iria amar Diego, ou sentir algo próximo daquilo, mas ela o adorava como um amigo e sabia que ele era ótimo e que sempre poderia contar com ele.

--

Quando Aly chegou em casa, Sebastian já estava lá e, para surpresa dela, estava terminando de colocar a mesa para o jantar.

- O que você está fazendo?

- Eu fiz nossa comida hoje. Considere um agradecimento por estar me deixando ficar aqui.

- Nossa. Obrigada. – ela sorriu, a mesa não estava tão bem colocada, faltavam alguns talheres, mas ela achou extremamente fofo aquele gesto dele.

- Então, você vai querer comer primeiro ou eu espero você tomar banho antes?

- Acho que eu vou tomar banho antes. Fiquei na rua com o Diego boa parte do dia e estou fedendo a cigarro. – ela cheirou a própria blusa e fez uma cara de nojo.

- Diego... – ele tentou não transparecer que ficou um pouquinho irritado.

- Não se preocupe, foi só trabalho.

- Você não me deve explicação alguma, Aly.

- Eu sei que não, mas é só para não ficar estranho.

- Aly...

-...o que? – ela se aproximou dele e ficou de frente para Sebastian.

- Acho que é melhor você ir tomar banho e eu pegar o jantar.

- Você está certo.

No fundo, a conversa de Aly com Diego naquela tarde havia surtido certo efeito sobre ela e ela queria tomar alguma atitude, se divertir um pouco talvez. Ela olhou bem para Sebastian, ele era perfeito, não havia como negar isso.

- Eu vou tomar banho. – ela deu um sorrisinho um tanto encabulado para ele.

- Assim que você terminar o banho dá um grito para eu esquentar a comida.

- Está bem. Obrigada Sebastian. - Aly saiu da sala e entrou no quarto, fechou a porta e suspirou.

Ela começou a tirar a blusa e, quando olhou para a cama, havia uma sacola com sabonetes e o que parecia ser shampoo e condicionador e, ao lado, havia uma pequena caixa azul bebê. Aly se sentou na cama, colocou a caixa no colo e a abriu, quando olhou o que tinha dentro, começou a rir.

Era um vibrador, parecido com o que ele havia dado anteriormente para ela, só que dessa vez ele era um lilás bem clarinho. Do lado, tinha um pequeno bilhete escrito a mão, ela sabia que aquela letra feia era dele.

"Fiquei sabendo que esse é muito melhor, com mais funções.

Obs: só por precaução, eu instalei o app no meu telefone."

Sozinha, Aly revirou os olhos e pensou que seria ótimo se Sebastian lesse a mente dela porque, se por um acaso ela usasse aquilo um dia, ele estivesse com o celular em mãos, disposto a usá-lo.

As It Was II Sebastian StanWhere stories live. Discover now