Melissa empurrava o carrinho pelo aeroporto como se estivesse em uma corrida. Focada e distraída. Apavorada e ansiosa.

— Espera aí, linda. — Rafael a fez parar pouco antes de chegarem aos guichês. Melissa parou e olhou para ele rapidamente, logo voltou a focar no caminho à frente, no entanto, como ele continuou segurando seus braços ela o encarou com os olhos agitados. — Respira, linda. Respira.

A voz de Rafael era suave e seu sorriso era sempre tão tranquilizador.

Ele a envolveu pela cintura e chegou bem perto.

Melissa inspirou fundo, devagar. O cheiro do hálito de menta dele bem perto de sua boca entrando pelas narinas era como um calmante para ela.

— Vai dar tudo certo, não vai, lindo? — Disse ela sorrindo, mas com a voz chorosa.

— É claro que vai, Mel. No final, tudo sempre dá certo. Eu prometo.

Ela franziu as sobrancelhas ao ouvir aquilo e sentiu novamente aquele aperto no peito, mas quando Rafael a beijou o toque dos lábios dele fez aquela sensação evaporar porque tudo era sempre perfeito quando estava com ele. Rafael era seu porto seguro. Seu atestado de que a vida era boa e que nada podia dar errado se estivessem sempre juntos.

Pouco tempo depois estavam sentados no saguão de espera.

E é claro que Melissa estava novamente concentrada no medo.

Estava com medo de terem sido precipitados e tomado a decisão errada, com medo por deixar a família e os amigos.

Estava com medo de que as coisas em Positano não fossem como ela e o noivo tinham imaginado.

Estava com medo de que a empresa da amiga fosse um verdadeiro porre e que acabasse odiando o trabalho.

E o pior medo de todos. Estava apavorada com a ideia de entrar naquele avião.

Rafael nunca a deixava mergulhar naquele abismo. Ele a conhecia tão bem que bastava olhar para ela pra que soubesse que os pensamentos estavam torturando sua amada. Não queria que ela deixasse o medo roubar dela a sensação boa de estar se aventurando em algo novo na vida e a voz dele sempre espantava qualquer medo para longe.

O único problema era que naquele momento Rafael não estava olhando para ela, ele estava distraído ao lado de Melissa enviando e respondendo alguns e-mails de trabalho no celular.

Melissa olhou para ele e suspirou pensando em interromper e pedir atenção, mas antes que fizesse isso sentiu algo bater em seu pé.

Olhou para baixo e viu uma bolinha vermelha do tamanho de uma bola de tênis rolando por ali.

Quando ergueu o olhar um garotinho de uns três anos ou quatro vinha correndo na direção da bola para pegar o brinquedo de volta e ela pegou o objeto antes que ele chegasse perto.

— Isso é seu, fofinho? — Disse ela quando o garotinho parou na sua frente, ele tinha os olhos azuis grandes e redondos mais lindos que ela já viu, cabelos ondulados bem escuros, um rostinho redondo que dava vontade de apertar e exibia um sorriso que era capaz de iluminar tudo.

— É a minha bolinha. — Disse o garotinho estendendo a mão para pegar, mas Melissa desviou a bola da mão dele.

— O que você tem na outra mão? — Perguntou ela e o menininho ergueu a mão todo orgulhoso.

— É o meu avião. É igual o avião do papai.

— É um avião muito bonito.

O menino tentou pegar a bola mais uma vez e mais uma vez Melissa desviou provocando o garotinho que riu da brincadeira.

P O S I T A N OWhere stories live. Discover now