Baladas não combinam comigo

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Luzura B. Noceda é definitivamente a encarnação do estereótipo "nerd" então nunca, jamais, em hipótese alguma alguém me imaginaria em um cenário de festa noturna, mais conhecida como "balada".

Mas cá estou eu aqui neste ambiente deplorável.

Musica alta, bebidas, drogas, cheiro nojento de sexo, fumaça de cigarro e a visão de um bando de jovens estúpidos fazendo idiotices das quais eles certamente se arrependerão algum dia.

- Por que eu me submeto a essas coisas?!- me auto confrontei desanimada.

'Esse tipo de ambiente não combina comigo, é barulhento, nojento e cheio de coisas ilícitas que provavelmente combinam mais com a tia Eda do que comigo'.

Estava encostada em uma parede o mais "longe" possível das pessoas, por mais que seja quase impossível ficar afastado nessa latinha de sardinha que algum sádico chamou de clube, com um copo com água meio gelada e uma vontade de ir embora.

Ou pelo menos estava até elevar minha cabeça e vê-la, céus como ela é bela e dança tão bem é um desperdício uma garota tão linda com talento tão incrível estar o gastando em uma dança tão vulgar em um lugar tão deplorável.

Mas o jeito que ela dança o jeito como atrai olhares mesmo sem esforço o jeito tão delicado e elegante...

'Delicado e elegante é seu jeito único... Acho que to tendo uma ideia'.

'Seu jeito único me fascina

Um jeitinho de menina

Que só me trás alegria

Que me faz rimar até o outro dia

Seu jeito é digno de uma princesa

Que faz inveja até em uma marquesa

Com tamanha riqueza e beleza

Que me enlouquece e me amolece...

Mas também me entristece

Pois no final sei que não serei seu

Assim como você não será minha

E se não poderei te ter do que me adianta rimar?!'.

Acordo dos meus devaneios quando ela se aproxima de mim com uma cara preocupada.

- Luz você está bem- ela toca meu rosto com ternura.

Eu desvio meus olhos dos dela e me desvinculo de suas mãos e digo: - Casa! Eu quero ir pra casa- respondo sem a olhá-la.

Senti que ela iria dizer algo, mas se calou rapidamente. Ouvi seus dentes trincando e sua postura enrijecer e assim que me virei para olhá-la nos olhos.

Amity estava com uma expressão selvagem quase assassina eu diria.

'Merda'.

- Me diz quem foi o merdinha que te chateou pra eu comer o cu dele com farofa- ela disse com firmeza.

Eu rapidamente gesticulei e disse. - Não! Cê num tá entendendo ninguém mexeu comigo

- Então o que caralhos aconteceu pra você mudar do vinho pra água do nada?- ela perguntou em um tom bem agressivo.

- Olha eu só to cansada e essa musica ta martelando na minha cabeça e esse cheiro insuportável ta acabando comigo- admiti em uma meia verdade, de fato essas coisas estavam me deixando louco, de maneira negativa, mas me recordar que nos duas não podemos ficar juntas me destruía mais. Eu até pensei em admitir que eu sou a Spider, mas isso poderia colocá-la em perigo e isso é a ultima coisa que eu quero eu já pensei em assumi meus sentimentos por ela como Luz, mas sei que ela me rejeitaria por estar apaixonada pela Spider.

'Parece que não importa a minha decisão eu to lascada'.

- Mas Luz ainda são 00:13 tá muito cedo pra ir pra casa- ela disse docemente.

- Então vamos pra outro lugar- sugeri.

- Onde?- ela perguntou fazendo sua bela carinha de gatinho confuso. Muito fofo.

- Qualquer lugar menos aqui- eu peguei em sua mão e nos guiei para fora do lugar assim que passamos pelas portas o barulho alto se tornou praticamente um grito abafado.

Continuei nos guiando até o carro onde me sentei no bando de motorista e enquanto ela se sentou no passageiro, algo que nunca tinha acontecido antes, pois ela sempre pedia para dirigir.

Com rapidez liguei o carro e nos tirei dali, e liguei a radio em uma estação de jazz.

- Ok já fizemos o que você queria por um turno ta na minha vez- digo com um sorriso travesso.

Ela da um sorriso de canto e com um olhar provocante diz: - Eu tenho uma condição pra acatar esse seu pedido

- Ah é?- arquei uma sobrancelha. - E o que seria?- perguntei curiosa.

- Um poema- ela disse com um sorriso olhando diretamente pra mim. - Eu quero um poema seu agora

Dei uma risada fraca e abri um sorriso de canto. - Perfeito tenho um já pensado pra você

Limpei a garganta e abaixei um pouco o som e comecei a recitar:

- Lilás

O que dizer sobre o lilás

Seus cabelos lilás me tiram o raciocínio e minha capacidade de rimar

Lilás lindo como flores lilás doce como algodão doce que me faz te amar mais e mais

- É impressão minha ou você só sabe elogiar meus cabelos?

- Eu os acho eles lindos- respondi sem muitos rodeios.

- Ah é? Parece que você tem um apego maior pelo verde

- Porque diz isso?- perguntei sem entender sua linha de raciocínio.

- Porque o poema dedicado aos meus cabelos verdes foi bem melhor- ela resmunga com um beicinho fofo.

Eu rir nervosa.

'Ela ta certa eu trabalhei bem mais no outro poema do que nesse'.

- É que lilás é uma palavra difícil de rimar

'Foi um zás escrever esse poema justamente porque a única coisa com ligação a lilás são flores'.

- E por sinal onde estamos indo mesmo?

- Você vera Amyzinha- sorri pra ela.

'Sei do lugar perfeito pra levá-la e eu tenho certeza que ela vai amar e... E... E como ela sabia daquele outro poema se eu o escrevi no meu quarto de manha a semanas atrás e nunca mostrei pra ninguém... Acho melhor não pensar muito nisso pelo menos não agora'.

Só mais uma historia de heróiWhere stories live. Discover now