— Mais tarde então seremos nós três. Jimmy, você e eu.

— Unidos contra Gary Smith.

•••

— Lucy e Verônica não quiseram vir? — perguntei, me sentando numa lanchonete popular com Ally que tinha aceitado se encontrar comigo no fim daquela manhã.

— Ah, você sabe como elas são. Dormem mais que a cama e ainda por cima, brigaram outra vez ontem a noite. Acordei antes pois não queria resolver outra merda das duas.

Sentamos na mesa afastada e próxima a janela. Eu sempre escolhia aquela quando podia vir aqui.

— Ciúmes? — dei a primeira mordida no hambúrguer do melhor fast food da cidade. — Huh, nem precisa falar, é claro que foi ciúmes.

— Eu tento ajudar como posso. — Ally sugou o milkshake de chocolate crocante pelo canudo e gemeu de satisfação pelo sabor. — Mas elas não me escutam, Lau. Não dá pra cobrar ciúmes ou responsabilidade afetiva se elas não definem o que tem. Nunca dá certo, mas o povo é teimoso e quer bater na tecla. — deu de ombros.

— Bom que assim você não fica sem emprego. — ri. — Dá pra ganhar em cima das situações más resolvidas.

— Eu ainda quero me especializar em casais. — revirou os olhos. — Relacionamentos amorosos são complicados. Troy e eu somos a prova disso.

— Pra quem namorou três vezes com o mesmo cara em épocas diferentes da vida, coloque complicações nisso.

— Exatamente. E eu não nego. Hoje estamos bem… quero dizer, faço faculdade para garantir que vou pegar um lugar especial na prisão caso ele me obrigue a gastar o réu primário.

— Eu amo vocês juntos. Entre trancos e barrancos, ainda sim não desistem um do outro.

— Hum… — ela fez o seu som analítico enquanto mastigava. — E você, o que tem pra me dizer?

— Nada. — franzi as sobrancelhas quando meus olhos se desviaram dos dela. — Não tenho absolutamente nada pra dizer. Sobre o que acha que eu supostamente teria algo a dizer?

Você sabe.

— Não, eu não sei.

— Você virou algum tipo de acompanhante de luxo? — perguntou nada discreta.

Cê tá louca, porra? — gritei, acidentalmente.

Toda lanchonete olhou para mim e eu corri de raiva e vergonha por Ally ter me feito ter aquela reação. E a desgraçada ainda estava rindo.

— Eu estou brincando. Mas é o que pareceu, sendo bem sincera… Ela é só sua amiga mesmo ou…

— Ela é apenas minha amiga, Ally.

Ela concordou de forma tranquila com minha resposta.

— A gente se beijou ontem, mas não colocamos rótulos em nada, então somos apenas amigas.

Usei sua lógica contra ela mesma.

— Puta que me pariu. — ela fechou os olhos com força, colocando a mão na testa por conta da dor do congelamento repentino do cérebro. — Vocês se beijaram?

— Sim e eu passei a madrugada inteira pensando nos lábios dela. — sorri pra mim mesma. — Na boca também, mas principalmente nos lábios.

— Você é uma safada!

— E há como não ser com uma mulher daquelas? Por céus, Ally. Você observou aquilo tudo?

— É, ela é gostosa. — concordou com a cabeça. — Só não sabia que mulheres mais velha faziam seu tipo.

OUTSIDERWhere stories live. Discover now