Isso explicava as quantidades exageradas de banana que tinha em sua casa. Ela deveria ser dona de um hipermercado focado em frutas. Bananas, muitas bananas.

— E ele te dá trabalho?

— Huh… — pensou por instantes, com os olhos cerrados sem tirar os olhos da estrada. — Como toda criança na idade dele, acredito eu. Nada fora da realidade. Às vezes eu preciso respirar fundo mas no fim "tudo acaba em pizza".

Meus olhos escorregaram acidentalmente — dessa vez, juro —, por seu corpo. Aquela barriga chapada, coxas médias, cintura de violão. Camila não era muito grande também, o que dificultava imaginá-la com uma barriga imensa.

— É chocante saber que você tem um pirralho. Tu tem um baita corpão, cara. Quando eu te olho é difícil imaginar.

Um sorriso tênue sorriu entre seus lábios ao ouvir minha frase.

Então você me olha, Lauren?

Eu franzi os lábios, engolindo as palavras mal pensadas que eu havia acabado de falar. Sua boca marcada por um vermelho intenso mantinham o sorriso. Era melhor para minha imagem que eu ficasse quieta.

— Bom… eu… ah…! — Dei de ombros. Calada eu me defendia bem mais.

Ouvi outro riso curto e discreto sair dos seus lábios. Suas mãos eram bonitas, unhas bem tratadas e relativamente curtas. Pintadas num tom fechado de vermelho, quase vinho.

— Eu fui mãe relativamente nova. — e foi ela quem cortou o silêncio dessa vez. — Cresci com a ideia de que engravidaria agora, com a idade que tenho hoje. Mesmo que achando que não conseguiria tê-lo na época, tudo saiu melhor do que o previsto.

— Por que você achava que não ia conseguir ter?

Percebi que suas sobrancelhas se ergueram de forma rápida. Camila soltou um suspiro entre os lábios. Espero que minha curiosidade não tenha a incomodado.

— É complicado. Eu me achava muito imatura e também houveram outras coisas acontecendo no meu relacionamento que nunca foi sinônimo de paz e harmonia. Henry é meu príncipe, mas se eu pudesse ter adiado sua vinda eu faria com certeza. Nenhuma criança deveria nascer num lar como ele nasceu. Apesar de tudo, é um menino feliz. Meu único medo era que os fatores que não eram responsabilidade dele, o afetasse.

Assenti, encostando de forma confortável no assento do veículo. Decidi calar minha boca enquanto ela dirigia pelas longas avenidas rumo ao aeroporto. Aquele assunto parecia ser delicado e eu não era o melhor exemplo de estabilidade familiar.

A chegada não foi demorada. Ela estacionou o carro e caminhamos juntas em silêncio até o interior do aeroporto. A essa altura eu já tinha me arrependido de ter aceitado o convite, confesso. Estava me sentindo um tanto constrangida e tinha medo que o menino questionasse quem era a estranha adotada por sua mãe. De qualquer forma ele iria pra casa com ela então tudo o que eu tinha que fazer era sentar minha bunda naquela cama confortável e esperar, mas não. A vontade de bater perna e a mania de fofoca venceram, é claro.

— O Henry está vindo. — ela apontou discretamente para uma direção enquanto se levantou daqueles bancos desconfortáveis.

Quando eu vi o menino se aproximando dela, me assustei com a idade que ele apresentava a ter. Não era uma criança barrigudinha com cheiro de talco e cabelo boi lambeu como eu imaginei assim que soube que ela era mãe. Era um pré adolescente muito bonito, quase da altura dela, afinal dona Camila não era o maior exemplo de grandeza físico, com exceção de um aspecto que não vinha ao caso agora.

 Era um pré adolescente muito bonito, quase da altura dela, afinal dona Camila não era o maior exemplo de grandeza físico, com exceção de um aspecto que não vinha ao caso agora

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.
OUTSIDERWhere stories live. Discover now