– Millie! Trás logo a pipoca – Minha mãe grita. Os sons de conversas e risadas ecoando pela pequena sala onde eu estava. Quando eu tinha oito anos meus pais e meus tios acharam que seria uma boa ideia construir uma sala de cinema para nós. É claro que Angel, Lucas e eu aproveitamos cada segundo possível.

– Esperem – Gritei de volta. Abro o microondas e tiro o pacote, viro dentro do balde, pego o segundo balde de pipocas e vou para aonde todos estão.

– Até quem fim! – Lucas diz dramaticamente e Angel ao seu lado ri – Pensei que fosse comer a pipoca toda sozinha.

– Você se acha mesmo engraçado? – Debocho do meu primo e entrego o balde a Angel e a meu pai Ivan.

– Você se acha mesmo legal? – Retruca com deboche e reviro os olhos me sentando ao seu lado.

– Parem vocês dois e vamos logo assistir esse filme – Tia Ray encerra nossa discussão infantil.

Meu telefone vibra repetidas vezes enquanto eles escolhem o que assistiremos. Desbloqueio e um sorriso bobo aí constatar que as mensagens são de Bryan.

"Ei minha ruivinha, estou morrendo de saudade, um mês nunca demorou tanto a passar"

"Nossa cama está te esperando, Emy. É só você mudar de ideia"

B anexa fotos de seu quarto, na primeira ele mostra um espaço inteiro desocupado em seu armário; na segunda uma calcinha rosa que esqueci lá, com a legenda "não pense que a receberá de volta"; e na última uma foto dele sem camisa ou calça, somente de cueca deitado na 'nossa' cama, em um de seus punhos tem uma algema prateada.
"era assim que você me queria, ruiva?"

"Não, você está vestido demais"

Respondo rapidamente para o provocar.

Seleciono sua mensagem sobre minha calcinha e decido provoca-lo ainda mais.
"

Pode ficar com ela, B. Sempre deixo de lembrança para eles"

Ele demora alguns minutos para responder e começo a pensar se não peguei pesado na brincadeira.
Tenho minha resposta quando recebo outra foto, quando a abro tomo um susto com o grito de Lucas ao meu lado. Bryan me mandou uma foto totalmente nu, ereto e algemado a cama.

Gostoso, e todinho meu.

– Minha nossa! Vocês estão sem se ver a uma semana e já estão assim?! – Exclama com voz de nojo.

Todos param o que estão fazendo, o filme e pausado e todas as atenções se voltam para nós.

– O que vocês dois estão arrumando agora? – Minha mãe pergunta.

– O que nós dois estamos arrumando? Eu estava na minha assistindo a esse filme quando a sua filha - ele aponta para mim com os olhos semicerrados e meu rosto queima de vergonha pelo que virá - recebe uma foto do meu melhor amigo pelado. Fala sério, não é o tipo de visão que quero ter!

– É o que? – Todos perguntam em uníssono, chocados.

– Você é um intrometido, se não ficasse espiando meu celular não teria visto nada – Resmungo.

– Ah, claro. Como se você com esse celular na minha cara não me atrapalhasse de assistir o filme. Eu só olhei para pedir para você desligar – Lucas se explica.

As caras de meus pais indicam que estão fazendo um esforço sobrehumano para não dizerem nada ou nesse caso não irem para Londres matar um certo alguém.

– Agora a culpa é minha! – Reviro os olhos já sem argumentos.

– Sim, a culpa é sua. Deixe de ser tarada, Emilly. Estamos em um cinema em família, não é hora de fazer sexcall.

– Ainda não tínhamos chegado nessa parte – Digo sarcástica, e me arrependo ao me lembrar que não estamos sozinhos.

O rosnado de meus pais indica que talvez eu não escape sem punições dessa vez.

"Bem melhor agora, B"
"Só falta eu em cima de você"

Digito rápido uma resposta torcendo para ninguém notar.
Minha tia Rayna ao meu lado pigarrea para mostra que não passei despercebida.

Ela se aproxima e sussurra em meu ouvido:
– Você é a última aqui que pode ser julgada, querida. Não é como se todos aqui fossem um exemplo de castidade.

Sempre tive uma relação carinhosa com minha tia, ela parece entender o que passo melhor que qualquer um. Ela me salvou na minha primeira crise. Devo minha vida a ela.

❤️❤️❤️

Minha MillieWhere stories live. Discover now