𝕮𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 38

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Ficamos em silêncio nos olhando por um tempo, depois empurramos o barco e Johm B liga ele indo embora, ficamos olhando o barco sumir do nosso campo de visão. Quando estamos indo embora, Shoupe aparece com a viatura, eu, Pope e Kie fingimos demência, ficando um do lado do outro e encarando o policial.

-Onde está o John B?

-Não sabemos -falo olhando pra ele

-Venham comigo -ele fala

Vamos atrás dele e entramos na viatura. Shoupe nos leva pra umas tendas, já estava escuro e as tendas estava uma zona, muitas pessoas andando de um lado pro outro falando alto, luzes de sirenes, barulho de rádios, mas ainda estavam procurando pelo John B e pela Sarah, isso era um bom sinal. O tempo do lado de fora da tenda já estava mudando, hoje teria uma tempestade, o mar estava começando a ficar agitado, chovia bem fraco mas já ventava bastante. Meu único pensamento era nos meus amigos, precisava e rezava pra que ele estivesse e ficasse bem.

Shoupe deixou a gente em uma tenda isolada das outras, só tínhamos nós três e mais quatro polícias, mas o barulho do lado de fora ainda permanecia Até a pior coisa acontecer, as luzes do farol que antes estavam apagadas se ascenderam e uma gritaria alta começou, tentamos ver o que era, mas soube da resposta quando ouvi de um dos policiais que tinham "achado eles", nessa hora meu coração acelerou, eu comecei a andar de um lado pro outro, o policial seguia todos os meus passos, minhas mãos tremiam e minha respiração estava começando a ficar desregulado, o silêncio lá fora era o mais assustador.

Depois do que pareceu uma eternidade o Shoupe entrou na nossa tenda, a chuva já tinha ficado mais forte e ele estava ensopado. Vou pro lado da Kiara e do Pope esperando uma boa noticia, eu sentia no fundo que o John B estva bem, mas a cara do policial não era boa, ele para na nossa frebte e baixa o capus.

-Sinto muito meninos, perdemos eles -ele fala e depois olha pra baixa

-Como assim perderam eles? -Kie fala com um voz chorosa

-Eles foram com uma lancha pra uma tempestade, eu sinto muito

-SENTE MUITO, VOCÊS LEVARAM ELES PRA ISSO, A CULPA É SUA -grito me desesperando

Sinto o braço dos outros policiais me segurando.

-ME SOLTA! -me debato

Eles olham pro Shoupe, o homem da sinal e eles me soltam, olho pros meus amigos, Kie e Pope estavam chorando, eu também estava, não conseguia conter as lágrimas, não podia acreditar que tinha perdido o John B, pensar nisso era como pensar em perder uma parte minha, ele era mais que meu melhor amigo, era meu irmão, um abrigo, um conselheiro, amigo pras melhores horas e pras piores também, ele sempre esteve do meu lado, mesmo quando eu fazia alguma merda, ele nunca me abandonou, não conseguia pensar em viver em um mundo sem ele, eu não era o JJ sem ele.

Me sentia perdido, a dor era parecida com quando perdi minha mãe, ela também levou um pedaço meu, agora eu estava mais quebrado e incompleto ainda, sem o John e sem ela, me sentia sem rumo, perdido em mim mesmo, numa escuridão dolorosa. Olho pro lado de novo, atrás de algum olhar reconfortante dos meus amigos, mas ambos estavam abraçados com as suas famílias, isso só aumentou minha dor. Minha família tinha morrido, as pessoas que me abraçariam e me consolariam tinham me deixado, mesmo que eu tenha o Pope e a Kiara, eles tem a vidas deles, Pope quer ir embora fazer faculdade e a Kie viajar o mundo, e no fim eu vou ficar sozinho em Outer Banks, sem amigos ou família.

Nunca tinha pensando nisso, mas pensar agora doia, uma dor agonizante, uma dor que me faz lembrar primeiro da minha mãe, da falta que o abraço dela fazia, mas depois meus pensamentos vão na Lizzie, no dia em que me senti um lixo, me senti quebrado, ela estava lá me abraçando, precisava de um abraço dela agora, ou pelo menos da Lizzie que eu pensei que ela fosse. Queria sentir raiva dela, porque no fim das contas ela também estava envolvida na morte do John B, mas não conseguia, só sentia saudade e magoa, uma dor e um vazio, que agora eram maior sem o meu melhor amigo.

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𝑳𝒊𝒛𝒛𝒊𝒆

Quando voltei pra casa do Rafe depois da minha crise, ele ainda estava dormindo, deito do lado dele na cama, mas não consigo dormir, minha cabeça doia, minhas mãos e coxas estavam doloridas, eu estava esgotada, sabia que precisava e devia dormir, e mesmo totalmente acabada eu não conseguia, quando fechava os olhos imagens e lembranças vinham na minha cabeça, coisas que me faziam me sentir pior. Traduzindo aquela foi uma longa noite, o dia foi pior, Rafe me enxeu de pergunta sobre o corte na testa e as mãos, inventei que cai da escada por ter brigado com a Mary, e soquei uma parede antes de cair da escada por estar brigando com ela, acho que ele acreditou.

Achei que nenhuma noite seria pior do que essa, mas a de hoje com certeza é a pior. Há alguns minutos recebemos a noticia que durante a fuga o barco onde o John B e a Sarah estavam foi engolido pela tempestade e que eles estão perdidos e provavelmente mortos. Eu precisei ir pro banheiro pra não desmoronar no meio da sala dos Cameron, a culpa da morte deles é mais uma intem da minha lista de "coisas ruins que fiz", era mais um peso, mais um demonio pra me assombrar.

Levanto do chão e lavo o rosto, não podia demorar muito, não podia demonstrar dor, precisava ficar neutra. Saiu do banheiro e volto pra sala, mas o Rafe não estava mais lá, subo pro quarto ele, quando entro vejo o Rafe sentado no chão e o quarto cheio de cacos de vidros espalhados. O cameron estava com o rosto entre as mãos, parecia estar chorando, caminho até ele e me sento ao seu lado, tomando cuido com os cacos de vidro.

-Rafe -falo baixo colando a mãos nas costas dele

-Ela está morta Liz, sei que não me dava bem com ela, mas...mas ela era minha irmã -ele levanta a cabeça e me olha chorando, ele força um sorriso- Lembro da sensação de quando minha mãe falou que estava grávida, eu só tinha dois anos mas achei a coisa mais legal do mundo, mesmo quando descobri que era menina, eu queria ser o herói da Sarah, o mesmo herói e cavalheiro das histórias que minha mãe lia pra mim -ele morde o lábio tentando parar de chorar- Quando ela nasceu, eu adorava ficar com ela no colo e por muitos anos eu tratava ela como uma princesa, ela era minha irmãzinha, minha protegida...mas ai fomos crescendo, meu pai só dava atenção pra ela e eu comecei a sentir raiva dela por isso, por ela ser tão perfeita e a preferida sem nem tentar, enquanto eu me matava pra ter algo -ele olha pros cacos de vidro

Sigo o olhar dele, ele tinha quebrado vários porta retratos, perfumes, tudo que poderia quebrar, no meio dos cacos tinha uma foto, com certeza eram o Rafe e a Sarah, quando crianças, na foto ele deveria ter uns sete anos e ela cinco, eles estão abraçados no jardim.

-E agora ela morreu -ele suspira pesado- Uma parte de mim, acha que agora eu finalmente vou ter o amor do meu pai, a atenção dele e a outra parte abomina essa, porque é cruel pensar assim, essa parte ta quebrada, porque mesmo sem nos darmos bem ela ainda era minha irmã, eu ainda deveria cuidar dela e deixei ela se envolver com o John B, deixei ele colocar ela em perigo, falhei com ela e falhei com a minha mãe -ele volta chorar

-Você não falhou com a sua mãe ou com Sarah, ninguém nunca imaginaria que tudo isso fosse acontecer, você deu o seu melhor enquanto pode -coloco a mãos no rosto dele e faço ele olhar pra mim- E essa parte que se dente feliz por tudo isso, você precisa ignorar ela, é uma parte que você nunca deve ouvir ou deixar crescer -Rafe concorda com a cabeça e me abraça

Relaxo minha cabeça no ombro dele e sinto ele me abraçar mais forte, eu sabia que depois de hoje nada mais seria fácil, tudo iria mudar e isso iria doer, e mesmo que doesse em mim eu precisaria esconder, porque também estaria doendo no Rafe e ele precisava da minha versão mais forte.

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A Aposta - JJ MaybankWhere stories live. Discover now