Capítulo 6

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Algumas horas antes...

O assassino não sabia quando ou onde encontraria suas próximas vítimas, mas nem por isso deixaria de andar pelas noites escuras, na esperança de encontrar um casal de desavisados. Cedo ou tarde lograria êxito. Já tinha feito isso por várias noites, até que finalmente sua oportunidade apareceu.

Paulo e Laura tinham o costume de ficar namorando dentro do carro, quando saíam durante a noite. Eles não eram mais tão jovens, mas ainda tinham vontade de fazer algumas coisas como antigamente. Transar dentro do carro em um lugar deserto era uma delas.

Os dois estavam se beijando, o desejo já tinha atingido o limite máximo. Paulo já estava sem a camisa e Laura sem a blusa, com os seios para fora do sutiã. Estavam tão empolgados que nem perceberam a aproximação do sujeito que saiu do meio da mata. Ele tinha uma espingarda numa das mãos, na outra segurava a lanterna ainda apagada. Um chapéu preto de aba larga ajudava a esconder seu rosto.

Eles levaram um enorme susto quando sentiram a luz da lanterna ofuscar seus olhos. Por um momento acreditaram que tinham sido surpreendidos por algum morador dali por perto. Mas logo perceberam que era muito pior do que isso.

— Seus nojentos — falou o sujeito apontando a arma para o casal.

Entre chutes e coronhadas, o assassino fez com que Paulo saísse do carro e ficasse caído a uns cinco metros dali. Paulo nada pôde fazer, apenas viu Laura ser atingida por uma facada e em seguida por um disparo de espingarda, enquanto gritava o nome dela.

Num momento de lucidez em meio ao desespero ou covardia, ele saiu correndo e foi em direção a mata, mas ainda viu quando o assassino foi atrás dele. Paulo correu o mais rápido que pôde e conseguiu escapar, pedindo ajuda em uma casa próxima dali.

Ele sabia que as chances de encontrar Laura ainda com vida eram muito remotas, mas precisava avisar a polícia e retornar ao local tão logo fosse possível.

*****

Quando Malu entrou na delegacia, encontrou delegado Ferreira na companhia de um homem que parecia desolado, ele estava sem a camisa e muito nervoso, também parecia ter levado alguma pancada, pois tinha uma mancha roxa na altura das costelas. Por um momento ela pensou que o assassino tivesse finalmente sido preso, quando recebeu a ligação. Mas a verdade era bem menos animadora. Provavelmente ele tinha voltado a atacar naquela noite e o homem que ali estava era uma das vítimas que havia conseguido fugir. Ao menos uma notícia boa, não era um casal assassinado como no crime anterior.

— Ainda bem que você não demorou. Vamos logo, esse homem irá nos levar até o local onde diz que foi atacado, juntamente de sua namorada que provavelmente está morta nesse momento.

— Outro ataque do maníaco?

— Ao que tudo indica, infelizmente — falou o delegado.

Aproximadamente vinte minutos mais tarde, o carro da polícia parou no local indicado por Paulo. Malu, assim como outro policial que os acompanhavam desceram de arma em punho. Eles logo avistaram o carro que estava com a porta do lado do passageiro aberta, mas não havia nenhum sinal do assassino por perto. Após constatar que era seguro, Malu se aproximou do carro e sentiu um nó na garganta, a mulher estava toda ensanguentada, tinha sinais de perfurações por arma branca na região do tórax e também de ao menos um tiro de arma de fogo. Estava morta, provavelmente desde o momento em que fora alvejada, nada mais podia ser feito por ela, a não ser encontrar o culpado daquela barbaridade.

Paulo ficou desesperado quando caiu em si, quando viu que Laura estava morta. Ele não podia fazer mais nada por ela, mas poderia ajudar a polícia a encontrar o assassino. Junto do corpo havia um bilhete deixado pelo criminoso. Nele estava escrito "traidora". A chave do veículo havia desaparecido, provavelmente levada pelo sujeito.

A luz da morte (degustação)Où les histoires vivent. Découvrez maintenant