Capítulo 1

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Abril de 2001

Era uma noite de lua cheia, de céu sem nuvens em Alta Floresta, município do extremo norte do Estado de Mato Grosso. Longe do centro da cidade era possível ver o céu pontilhado por milhares e milhares de estrelas, um belíssimo espetáculo da natureza. Não havia qualquer possibilidade de chuva naquela noite, a temporada ainda não havia chegado ao fim, mas as chuvas estavam ficando cada vez mais escassas e logo cessariam totalmente. O palco perfeito para um encontro amoroso ao relento, apesar de que não tinha nada de confortável ou glamoroso, além da bela noite, e que aquilo tinha tudo para não acabar bem.

Jorge e Aparecida estavam namorando há alguns meses e ainda não tinham dormido juntos, não que não houvessem tido nenhuma oportunidade. A moça acreditava que ainda era demasiado cedo e o rapaz sempre tentava convencê-la do contrário. Que aquilo não era pecado, sendo que eles se amavam, que esse negócio de casar virgem era coisa do passado e que ninguém precisaria saber que ela tinha perdido a pureza. Não era obrigada a contar isso a ninguém, a menos que quisesse.

Ela já era maior de idade e concordava com a maioria dos argumentos do rapaz, apenas queria ter certeza de que Jorge a amava realmente, para só então ceder as suas vontades. Na verdade, ela queria aquilo tanto quanto ele, só não sabia que não teria a oportunidade de se entregar a Jorge e saciar o desejo deles.

Naquela noite, os dois se encontraram na casa dos pais da moça e depois saíram para dar uma volta pela cidade. Depois de algum tempo, Jorge parou a moto em uma estrada de terra, a fim de dar uns amassos em Aparecida, tentar mais uma vez persuadi-la a ceder a seus caprichos.

Apesar de figurar entre as dez maiores cidades do estado de Mato Grosso, Alta Floresta na época ainda tinha muitas ruas dentro do perímetro urbano desprovidas de asfalto, com as estradas que que davam acesso a zona rural do município não era nada diferente.

A moça estava vestindo uma saia naquela ocasião, talvez com a intenção de facilitar um pouco as coisas e Jorge se aproveitou da situação para que pudesse tocá-la mais intimamente pela primeira vez. Talvez tivesse sucesso dessa vez, finalmente. Nem que para isso tivesse que transar com ela ali mesmo, se equilibrando sobre a moto ou deitados sobre o capim na beira da estrada, já que não tinha condições de levá-la a um dos motéis da cidade e não correria o risco de o pai da moça flagrar os dois sozinhos na casa em que ele morava. Enquanto a beijava ele deslizou a mão por debaixo da saia, subindo lentamente e logo já tocava sua intimidade sobre a calcinha, fazendo-a gemer ao toque de seus dedos.

Ela parecia de fato estar gostando, pois não afastou sua mão, mas não via com bons olhos o fato de estarem parados quase no meio do nada, naquela estrada de terra, longe da civilização. Apesar de morarem em uma cidade pequena e tranquila, onde não aconteciam muitos crimes, nunca se sabe quando pode aparecer um bandido, alguém com más intenções. Ela não sabia o que estava por acontecer, mas estava pressentindo o perigo por perto, talvez fosse o seu sexto sentido tentando lhe alertar do perigo que rondava.

Jorge não ouviu os apelos de Aparecida para que eles fossem embora dali. Ela até mesmo estava disposta a ceder, com tanto que fossem para um local mais seguro e aconchegante. Ele continuava a se aproveitar da situação, se dependesse dele fariam sexo pela primeira vez ali mesmo, nem que fosse no meio do mato. O rapaz estava tão afoito que nem percebeu os passos do estranho que se aproximava sorrateiramente, quase inaudível sobre a estrada de cascalho, como um fantasma que pairava sob a luz da lua. Só perceberam que não estavam mais a sós quando a luz do que parecia uma lanterna iluminou ambos, atingindo seus olhos, cegando-os quase que completamente, pegando-os de surpresa quando estavam prestes a praticar o ato sexual.

— Que diabos é isso? — disse Jorge tentando ver o que era aquela luz, protegendo os olhos com a palma da mão direita. A mesma mão que a poucos segundos tocava intimamente em sua namorada.

A luz da morte (degustação)Where stories live. Discover now