21 - Morgana.

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Sexta-feira.

Oh sim, é sexta-feira. É hoje amigos e amigas, é hoje mesmo que eu vou-me passar. Tenho que tentar manter a calma, tenho que respeitar a distância de segurança que está escrita no guião: “Como evitar qualquer tipo de contacto com uma macaca dançarina.” Com força de vontade e dedicação, eu conseguirei! Eu vou conseguir!

Mas quem é que eu quero enganar? Não vou nada conseguir! Essa história da autoajuda é uma treta daquela rasca.

Já avisaram que elas estão para chegar. Vão passar cá a tarde de hoje, vão comer no mesmo sitio que eu e dormir a menos de um quilometro de mim. Expliquem-me agora como é que é suposto eu manter-me calma!

Os rapazes estavam a vaguear pela parte exterior do campo, o nosso treino foi de manhã e tivemos o resto do dia livre. Eles em vez de irem descansar foram todos a correr para o banho para a qualquer momento estarem preparados para a chegada daqueles seres vivos não pensantes. Kiko fazia parte desse grupo de desesperados, porém, Harry não. Ele simplesmente não queria saber, tirando aquele comentário que fez com o Kiko no dia em que soubemos da novidade, ele manteve-se bastante calado e não se manifestou nem um pouco com a chegada delas. A realidade é que ele também não precisa de se preocupar, ele pode ter qualquer uma delas na mão, só lhe basta estalar os dedos.

Não que com isto eu esteja a dizer que ele é incrivelmente sexy, de maneira alguma, ele ainda me deve a minha camisola do family guy, lembrem-se.

Ouviu-se um autocarro já perto daqui… já conseguia sentir o cheiro a perfume Chanel comprado nos chineses, eram elas, as abentesmas.

Encostei-me ao tronco de uma das árvores do terreno, tinha que esperar aqui por elas, ordens do estupido do careca. Harry colocou-se há minha beira.

“Já não devias de estar a correr para ir ter com elas?” perguntei num tom de azia.

“Não, elas acabarão por vir ter comigo.” Riu-se. “São apenas miúdas de claque, não lhes acho assim tanta piada.”

“Espera até uma delas te mostrar as mamas e depois falamos.”

O rapaz não disse mais nada. O autocarro parou entretanto perto do campo principal e eu só desejava que elas caíssem todas ao sair do mesmo e dessem com o queixo no chão.

A porta abriu-se. Esta cena parecia mais uma aparição de Fátima. Todos ali, quase de joelhos e a babar-se de tão ansiosos. Enfim.

Como era de esperar, eram todas atraentes. A primeira que saiu foi uma loira, seguida de outra loira, e depois outra loira, e não nos vamos esquecer da outra loira… oh olha mais uma loira! Espera aquele tem cabelo rosa? Já não é loira? Estragou tudo, devia de não fazer mais parte do clã platinado da dança.

A ultima que saiu, não era loira, nem tinha o cabelo rosa… era morena e provavelmente a mais apresentável delas todas. Tinha um tom de pele mais escuro, um corpo estilo Irina Shayk e olhos azuis. A sério, eu sinto-me um anão obeso aqui no meio. Elas ali, todas magrinhas e vestidas como se fossem para um festival em Copacabana, e eu, com o meu cabelo descuidado, uns calções de ganga e uma t-shirt larga.

E começou o ritual das boas vindas onde todos os rapazes se ofereceram para carregar as coisas delas e para lhes mostrar as “redondezas”. Tão estilo filme americano.

Fiz questão de não mostrar qualquer simpatia e depois de começarem a dispersar meti-me na cabana onde fiquei sozinha o resto da tarde. Pensei que aquela conversa do Harry de não querer saber era verdade mas ele nem sequer pôs os pés na cabana, deve estar a entreter-se.

Footballer ||h.s||Onde as histórias ganham vida. Descobre agora