Capítulo 34 -O infiel

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A doutora Fiona me deixou desconfortável com a pergunta. Eu estava diante de uma médica experiente, que à primeira vista não me pareceu ser nenhum pouco amistosa. Sua postura impunha respeito. Ela me olhava direto nos olhos, certamente estava me analisando. Seus olhos azuis, a pele muito clara e os cabelos loiros revelavam ascendência europeia. . Sua face me dava uma impressão de mulher inteligente e esperta, no inícios início dos cinquenta, com certeza uma profissional competente, e eu não deveria enganá-la. Então me abrir o coração e dizer-lhe a verdade.

"Eu estou apaixonado por Carol e assim como a senhora também quero o melhor para ela, porém não creio que esse seja melhor o de ser internada em uma clínica contra a própria vontade."

Ela fez uma cara de cética, fez algumas perguntas sobre minha vida pessoal e profissional. Me pediu um documento, eu apresentei minha identidade e meu crachá da empresa. Ela examinou e consultou meu nome no Google em seu computador e depois de alguns minutos voltou a me falar comigo.

"Senhor Ricardo, a quanto tempo se relaciona com Carol?"

"Estamos completando seis meses, quero dizer, a maior parte dessa relação foi a distância, pois nos conhecemos pela internet. A pouco mais de um mês estamos juntos aqui em Curitiba."

"Não acredito que estou ouvindo isso. Eu imaginava que tivessem algo mais consistente. Com todo respeito, o senhor não me parece uma pessoa mais madura do que ela."

Eu me irritei com o comentário da Dra Fiona, mas não estava em posição de falar alto, então continuei insistindo em mostrar minhas intenções e meus sentimentos.

"Doutora, eu a amo e me importo muito com ela. Eu vim aqui para essa cidade apenas por esse amor. Por tudo que passei do lado dela, posso afirmar que a Carol é uma pessoa muito boa Ela apenas precisa de carinho e compreensão."

"Eu acho bonito ouvir um homem falar dessa maneira. Porém a conheço a mais tempo que o senhor e como profissional, não considero que uma relação amorosa seja a solução para Carol. Creio que ela ficará melhor com a família."

"Com a família?"

"Sim senhor Ricardo, ela tem uma família, e a família dela é rica. Eles já manifestaram serem favoráveis à internação."

"Está interessada no dinheiro da família dela?"

"Está me ofendendo com esse tipo de pergunta, senhor Ricardo. Eu sou uma profissional séria e respaldo meu trabalho na ética."

"Desculpe doutora, não dois essa a minha intenção."

"Tudo bem. Me deixe continuar, essa senhorita se envolveu em várias encrencas. Ela viveu nas ruas ao lado de delinquentes, fez uso de drogas e até respondeu por agredir uma policial da guarda civil de nossa cidade. Foi apresentada por uma ONG dirigida por um grupo de motociclistas."

"As lobas do asfalto?"

"Sim, então o senhor as conhece. Deve saber que elas prestam um trabalho altruísmo muito relevante para ajudar pessoas como Carol."

"Eu sei disso, eu sou amigo delas."

Os olhos da doutora brilharam quando eu disse isso, mas logo em seguida ela demonstrou seu ceticismo.

"Não gosto que mintam pra mim senhor Ricardo."

"Não estou mentindo doutora."

"Acho improvável que tenha alguma relação com as lobas do Paraná."

Eu fiquei indignado me preparei para dar uma resposta a altura, mas a conversa foi interrompida por uma funcionária.

"Com licença doutora, os familiares da paciente Carol Hassã chegaram."

O Amor em revisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora