Capítulo 7 Para deixar de sonhar

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3021 Palavras

Eu tenho essa extraordinária habilidade de estragar tudo, aquelas duas semanas no interior de São Paulo tinha sido perfeita, todos gostaram de Mariane e ela estava amando minha família, mas na volta, meus delírios voltaram a acontecer e ela estava muito aborrecida, durante toda viajem permaneceu calada, eu achei por bem não insistir em falar com ela.

Chegamos em São Paulo por volta das onze horas da noite, o trânsito na metrópole estava tranquilo, não demoramos a passar pelas marginais e pegar o caminho para ABC, quando cheguei em sua casa ela estava dormindo, toda encolhida no banco de trás, eu toquei em seu rosto para desperta-la, ela deu uma tapa em minha mão, nem parecia minha Mariane. Levantou e foi logo retirando suas bagagens, nem aceitou a ajuda que lhe ofereci.

—Amor, amanhã te ligo para gente conversar.

Ela não respondeu nada, pegou a ultima mala e se dirigiu de cabeça baixa, adentrou a residência sem olhar para trás. Eu esperei alguns minutos, depois entrei no carro, meu coração estava agoniado, sentia medo de perder Mariane.

Ao chegar em casa fui logo entrando, estava cansado e aborrecido, programei o celular para despertar de manhã, depois tomei alguns comprimidos, cai na cama sem me preocupar em tirar a roupa.

O motivo para acordar de manhã era a consulta agendada com a doutora Eunice, precisa renovar as recitas dos remédios e as consultas com os psiquiatras são difíceis para se agendar, mesmo para quem tem um bom convênio. As nove horas da manhã eu estava no consultório dela. Doutora Eunice era uma psiquiatra experiente e muito profissional, ela me recebia sempre com muita educação, mas sem demostrar qualquer envolvimento profissional, nisso ela se diferenciava de Sayuri a minha psicóloga.

—Bom dia senhor Ricardo, como tem passado?

—Bem, quero dizer,  mais ou menos doutora.

—Porque esse mais ou menos, na última consulta você tinha demonstrado uma sensível melhora, aconteceu com minha coisa?

—Sim Doutora, mas  tive alguns problemas pessoais. Bem ,queria saber mesmo se a senhora poderia aumentar a dosagens dos remédios?

—Não Ricardo, você já está tomando doses muito altas, não acho prudente aumentar, pelo contrário, eu tinha esperança de poder começar a reduzir.

—Doutora, tem algum medicamento que impeça a gente de sonhar?

—Eu desconheço tal medicamento meu querido. Por falar nisso,  você tem feito sua terapia com a psicóloga Sayuri?

—Não doutora eu parei de ir faz alguns meses.

—Ricardo você não deveria ter feito isso, a minha função é te orientar com os remédios que vão manter sua mente estável, mas a terapia é tão importante quanto a medicação, se você não se deu bem com a terapeuta eu posso te indicar um outro profissional.

—Tudo bem doutora, eu verei isso depois.

Ela me fez as recitas com validade para mais dois meses, me dirigi a farmácia próxima de casa e comprei tudo de uma vez, também me deu o nome de um psicólogo, mas eu não liguei para ele. Não achava que a terapia faria muita diferença na atual situação em que eu me encontrava. Eu tinha feito mais de um ano de tratamento com a doutora Sayuri, ela uma pessoa muito simpática, educada e atenciosa, mas como falei, não era tão profissional quanto a Doutora Eunice, pois em qualquer área não é recomendável par um profissional se envolver emocionalmente com um cliente ou paciente, no caso dos psicólogos eu acreditava que isso seria mais rígido ainda que em profissões como a minha, porém não foi bem o que aconteceu.

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