- Faz nove meses que você está com indigestão? Savanna? Calma, tenho um remédio aqui, só um minuto - trago minha bolsa para o meu colo e começo a remexer em busca do comprimido.

- Lana, eu estou grávida – diz ela, mas continuo procurando pelo bendito comprimido vermelho, suas palavras entram pelos meus ouvidos mas não são traduzidas pelo meu cérebro, estou concentrada demais em busca do remédio.

- Achei – digo ao tirar o comprimido da bolsa.

Grávida. A palavra ecoa de repente em minha cabeça, o que me faz encará-la com incerteza.

- O que disse? – pergunto temendo ter delirado.

- Que estou grávida – responde ela alguns tons mais baixo.

Eu a encaro, por um instante preciso de tempo para acreditar. Minha melhor amiga estava grávida.

- O que está sentindo? – resolvo perguntar antes de qualquer coisa reação.

- Pânico e ansiedade – diz como se tivesse acabado de soltar o peso do mundo – não foi nada planejado, não sei como Chaz vai reagir mas, não consigo ficar triste. Eu estou feliz, tipo, eu o amo e tem um pedaço dele dentro de mim.

- Nossa Sav, eu não esperava por isso. Eu estou feliz por você, é claro. Eu já quero tanto conhecê-lo ou conhecê-la – olho em direção a sua barriga enquanto falo – Chaz é um cara bom, é claro que ficará feliz também - tento confortá-la.

- Eu acho que sim, não sei como contar ainda, estava pensando em contar hoje à noite após a competição.

- O quanto antes melhor – sorrio – já tem algum nome em mente?

Ela sorri de volta, o azul dos seus olhos parece iluminar todo o seu rosto.

- Madison se for menina, e Ethan se for menino, na verdade, se for menino eu não sei, talvez Chaz seja melhor que eu para escolher.

Continuamos conversando sobre a chegada do futuro baby Somers, aos poucos Sav foi deixando de lado todo o nervosismo e se mostrando muito empolgada para contar a novidade ao Chaz.

- Eu já volto, preciso ir ao banheiro – diz ela antes de se levantar.

Aproveito para bebericar um pouco mais do meu suco e dar uma olhada no jardim ao meu redor. Bolsover era uma cidade clássica, rodeada de verdes e construções renascentistas, parecia não querer acompanhar a evolução do restante do mundo, os contornos do castelo presente no alto da montanha, era uma prova sagrada disso. Mas mesmo assim não deixava de ser bela e convidativa.

- Com licença – ouço uma voz masculina soar calma e cordialmente ao meu lado, mesmo assim acabo sobressaltando com sua aparição repentina – não foi minha intenção assustá-la, peço-lhe perdão.

Não era o garçom, ou nenhum outro atendente dali, era um homem consideravelmente alto, vestido em uma camisa de linho que cheirava a roupa nova e amaciante. Seus olhos verdes faiscaram na direção dos meus, provocando-me um certo desconforto.

- Sou Ives Vanci, cheguei recentemente na cidade e ainda estou um pouco perdido, não quero incomodá-la, na verdade, só gostaria de saber onde consigo encontrar o caixa eletrônico mais próximo.

Por alguma razão era como se a intensidade de seu olhar me deixasse incomodada, seus olhos eram intensos como os de Justin, só que me passavam a sensação contrária, ao invés de me atrair, parecia transmitir uma espécie de ameaça.

- Há um caixa dentro da galeria à esquerda – respondo sem desviar o olhar do seu.

- Obrigado, e mais uma vez, desculpa se lhe assustei – diz ele no mesmo tom cordial e calmo, destoando de seu olhar nocivo.

Contra RegraWhere stories live. Discover now