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Rose

Uma das vantagens de ser mulher era usar da própria aparência pra conseguir o que quero dos homens. Minha primeira opção sempre era agir com arrogância e valentia, mas quando não funcionava, eu optava pelo meu charme.

Normalmente, eu só precisava partir para o segundo caso com homens mais poderosos, difíceis de amedrontar, nunca antes eu precisei jogar meu charme em um funcionário pra que ele me obedecesse

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Normalmente, eu só precisava partir para o segundo caso com homens mais poderosos, difíceis de amedrontar, nunca antes eu precisei jogar meu charme em um funcionário pra que ele me obedecesse. Dimitri era um homem que me deixava confusa e fora de mim.

Depois do expediente, fui para casa e me deixei relaxar. Isso era tudo o que eu fazia quando chegava em casa.

Deitada em minha cama, eu comecei a olhar o meu quarto. Fotos com meu pai, minha mãe e meu irmão. Nenhuma foto com amigos. Não se pode tirar fotos com o que não se tem, certo?

Mesmo me sentindo totalmente superior à todos da empresa, tinha algo neles que eu invejava. Todos eram cercados de amigos e toda vez que eu passava pelo refeitório, ouvia as risadas e conversas engraçadas entre eles.

Sentia falta desse tipo de conexão com alguém.

Eu tinha muitas amigas no colégio, mas com o tempo, essas amizades diminuíram até se perderem.

Zerei meu número de amigos depois de me tornar uma mulher de negócios e ter sido enganada por um deles. Passei um tempo sem confiar nas pessoas e acabei afastando todos. E agora que sinto falta disso tudo, não tenho ninguém.

Na maioria dos dias, eu não me importava, gostava da minha própria companhia. Mas em dias específicos, meu peito se envolvia numa melancolia e um vazio que eu não sabia com o que preencher. E hoje era um desses dias.

Peguei meu celular sobre a cômoda e disquei o número da minha mãe.

– Alô? - respondeu ao atender.

– Oi, mãe. Tudo bem?

– Você está bem, querida? Não é comum me ligar à noite e no meio da semana.

– Estou me sentindo um pouco sozinha. - suspirei.

–Isso é uma pena, querida. Por que não chama suas amigas pra saírem com você?

– Sabe que não tenho amigas.

– Deve ter alguma falsa que fica do seu lado a qualquer custo. — dei risada da naturalidade com que ela falava aquilo.

– Não ando com pessoas falsas.

– Ah, meu bem, quando se é uma mulher rica, tudo o que vai achar é falsidade. Temos duas escolhas, engolir isso ou ficar sozinhas.

– Não quero ficar sozinha, mas queria alguém de verdade ao meu lado.

– Infelizmente, o dinheiro não compra isso.

– É uma pena...

– Mas tem um jeito de ter nem que seja algo próximo à isso.

– E o que seria?

– Visite uma psicóloga. Elas conseguem ser ótimas amigas depois de algumas sessões.

– Não preciso de psicóloga, Janine.

– Todo mundo precisa.

– Não sei... não acho uma boa ideia.

– Bom, pense bem nisso. Querida, é sempre ótimo falar com você, mas eu preciso ir. Estou vendo um desfile de moda e estou na primeira fila. Tenho que desligar.

– Tudo bem. Até mais.

– Até.

E então, ela desligou. Janine não era a melhor mãe do mundo, mas sempre que eu precisava de um conselho, ela se esforçava pra dizer algo com coerência.

[...]

– Mia e Ivan tiveram que correr pra realizar alguns trabalhos pessoais, mas me mandaram boas energias.

– Ok. Comece.- confesso que eu não esperava muita coisa dele.

– Muito bem. Nós temos uma mulher, sozinha em um museu muito luxuoso e com tons em dourado que imitam o ouro. Ela anda até o centro, onde há um tecido também dourado e então ela começa a subir. - tudo estava devidamente ilustrado nos banners. - E enquanto sobe, ela se desprende de suas "amarras". E com isso, eu quero dizer que ela se livra das joias e sapatos que usa. Quando ela chega ao topo e fica sobre o prédio do museu, ela se depara com uma cidade completamente tecnológica, que assim como o museu, parece ser feita de ouro. - notei que ele estava menos animado do que da primeira vez. – Ela olha para o chão e vê o perfume J'andor, o pega e usa um pouco. Depois olha para a câmera e finaliza sua fala.

– É isso? - arqueei a sobrancelha.

– Não. Enquanto toda a cena está acontecendo, uma voz feminina diz ao fundo: "O passado pode ser lindo. Uma lembrança, um sonho. Mas não é lugar para se viver. A única saída é para cima." E depois de usar o perfume, ela diz: "O futuro é de ouro."

– Ok... - ele me olhava desanimado, como se estivesse prevendo que eu não gostaria. – Consigo imaginar isso. Achei a proposta interessante. E pela minha interpretação, o museu representa o passado e a cidade, o futuro.

– Correto. - agora sim ele começou a ter mais animação.

– Ambos estão cobertos de ouro, o que significa que...?

– O outro é um material antigo, usado desde os primórdios da humanidade, mas que até hoje tem um valor alto. É uma ideia antiga que ainda pode ser transformada em algo novo. O que a Dior fez foi pegar um mineral antigo e transformá-lo em inovação.

– Usar o passado pra criar o futuro. - sorri satisfeita e ele sorriu também. – Eu gostei.

– Mesmo? - Radiante, seu sorriso ficou.

– Sim, Belikov. Pode entregar todo o material à Lissa e na próxima reunião com os sócios da Dior, nós dois iremos apresentar a proposta.

– Vou apresentar junto com a senhorita? Numa reunião de sócios? - disse surpreso.

– A propaganda é sua, quem melhor do que você pra explicar a proposta?

– Ok, ótimo! - ele parecia querer saltar de felicidade, mas mantinha-se contido.

– Sinta-se como uma parte fundamental da empresa agora, Belikov. E que mais trabalhos como esse sejam criados. - estendi minha mão para um aperto de mãos.

Ele segurou minha mão de forma delicada, ainda sorrindo. Não deixei de dar um breve sorriso também.

Ainda com as mãos grudadas, eu sentia faíscas em meu estômago enquanto sentia a rigidez de seu toque. Não conseguia entender de onde vinham essas sensações, mas eu não sabia se gostava ou se odiava aquilo.

Puxei minha mão rapidamente e depois de respirar fundo, deixei que minha expressão mais séria tomasse conta da minha face. Ele não notou nada, nem mesmo se deu conta do que eu estava pensando.

– Agora, melhor se concentrar nos seus próximos trabalhos, Belikov. - falei firme.

– Claro. - assentiu. – Com licença.

Ele saiu e eu sai logo atrás indo direto para a minha sala.

Pedi que Liss me trouxesse um chá. O que diabos se passava em mim?
Por que por uma fração de segundos eu me senti distraída olhando para ele? Por que notei com mais relevância o tipo de textura que sua mão tinha sobre a minha? Nunca me senti daquela forma e temia os motivos de tamanho desconforto.

Dona De Mim | RomitriWhere stories live. Discover now