Cicatrizes - Pjm + Jjk

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Eu não sei o que pensar, o que falar e como agir. Eu só balanço a cabeça para cima e para baixo, me levanto da cadeira e dou dois passos para frente, mas logo retorno perdido que só por deus. Eu estou sem rumo algum, agoniado e me segurando para não chorar.

— Eu vou falar com ela. — eu digo mais para mim mesmo do que para o médico, mas mesmo assim ele assente com a cabeça. Mesmo desorientado, eu saio da sala e, ao olhar para o lado, a percebo sentadinha no meio de três brancos que há justamente para paciente esperar até que seja atendido.

Me sento ao seu lado direito, quando ela percebe que sou eu, sorri e abraça-me de lado, apoiando a sua cabeça em meu ombro ao dizer, praticamente conformada: — Eu já sei o que ele disse, então por favor, não cite quanto tempo tenho sendo que no final irei embora.

— A senhora só piora toda a situação. — eu digo inconformado, já deixando minhas lágrimas banharem o meu rosto. Pronto, eu deixei a barreira que construí se quebrar. — Por favor, mãe. Fique aqui no hospital, é mais tempo que a senhora tem para ficar com a gente.

— E faltar no aniversário do meu neto, Jungkook? Eu não vou ficar, já disse. — ela é firme com a sua resposta, mesmo me abraçando cuidadosamente.

— Para de ser teimosa, tá pior que criança. Meu deus, é pela sua saúde. — eu procuro qualquer argumento que seja o mais convivente possível. Ela não pode ir agora, porra. Não pode.

E o meu desespero interno transparece, pois eu não só repito um bilhão de vezes em minha cabeça a frase "não pode" como, também, começo a chorar tanto que sai até soluços entre os meus lábios.

— Eu não quero que a senhora vá, mãe. Não quero. Eu fui um filho ruim, porra. Eu quero concertar tudo, quero que realize seus sonhos. Não pode ser que esteja indo embora.

Eu começo a passar a mão em meus olhos para limpar as minhas lágrimas mas é em vão, não adianta o quanto eu tente limpar, outras vem imediatamente já que a dor é imensa após tantos dias escondendo-a de todos, até de mim mesmo.

Mas ela continua lá, forte como sempre. Bom, pelo menos é o que o seu abraço traz, pois logo sinto em meu olho gotas grossas caindo ao ponto de molhar, tanto que paro de limpar meus olhos para olhar para a minha mãe que também chora, mesmo com um sorriso forçado no rosto.

— Eu já realizei meus maiores sonhos, filho. Pode ter certeza disso, viu? — ela diz, serena como sempre foi. — Eu fui mãe do melhor menino que poderia ter vindo nessa terra, também fui uma vó muito feliz com o netinho tão adorável quanto o filho. Mesmo com as desavenças que houve no caminhar dos anos, nunca perdi a esperança e cá está você. Vivendo todas as coisas boas que a vida pode oferecer, até mesmo o amor verdadeiro. Era tudo o que sempre quis antes de ir, Jungkook... — ela deixa um soluço também escapar de seus lábios, minha mãe tira seu braço em volta do meu corpo e passa a mão por de baixo dos olhos, depois a apoia sobre a minha que está nos joelhos e, olhando para os meus olhos, pergunta: — Deixa eu vê o aniversário do meu neto, filho? Cedo ou tarde irei embora mesmo, então deixe eu realizar um dos meus últimos sonhos, por favor.

Acho que o que torna a vida difícil mesmo é a imprevisibilidade, assim como a torna adoravelmente feliz. Depende muito.

Olha só, foi imprevisível cada coisinha boa que aconteceu desde agosto até agora, coisas tão boas que as vezes acho que faz parte de um grande sonho. Tenho o meu filho e um grande amor, o mais lindo e verdadeiro que poderia ter aparecido em minha vida. E ambas essas coisas apareceram de surpresa, tornando-a gostosinha de viver.

Em contrapartida, cá está a imprevisibilidade de perder alguém, ou melhor, a pessoa mais querida da minha vida. Minha mãe. A mulher que esteve comigo desde quando eu era uma sementinha, que me ajudou em tudo, desde as coisas mais simples até às mais, bom, imprevisíveis. O que estou tentando dizer é que se, talvez, eu soubesse desde o início não doeria tanto assim como está doendo agora. Eu poderia ter mudado antes, feito um esforço, sei lá. As coisas poderiam ter sido diferentes.