REDENÇÃO [rafe cameron]

11 | VOCÊ ESTÁ FORA

"Cada um tem uma história para contar
Todos sabem disso
Da Rainha da Inglaterra até os cães do inferno
E se eu pegar isso vindo no meu caminho
Irei servir para você"
Seven Nation Army ♪ The White Stripes

▂▂▂▂▂▂▂▂▂▂▂▂▂▂▂▂

MANDY

  A minha cabeça lateja quando acordo e uma estranha confusão toma conta de mim. Ainda estou vestida com a minha fantasia, que agora está encardida por eu ter tretado pela terra.

  Entro embaixo do chuveiro e um lampejo da noite passada invade minha mente. Em um momento eu estava curtindo a festa, e em outro eu estava pela floresta com alguns babacas. Para piorar, voltei a pé para casa tendo que deixar a minha moto por lá, ninguém estava em estado para pilotar.

  Que belo halloween!

  Visto uma roupa limpa e analiso os arranhões em meu rosto no espelho enquanto penteio o meu cabelo de baixo para cima. Estou revoltada. Sempre levei a sério o "não aceite bebida de estranho", mas naquele momento, na noite anterior, não parecia haver chances do vinho ter sido batizado. O próprio ruivo estava bebendo direto da garrafa ao me oferecer, e não imaginei o nível absurdo que os amiguinhos dele poderiam chegar para conseguirem o que querem.

  Ao ser arrastada para o meio do mato, Lucas e Robbie ficaram insistindo em saber o fornecedor do meu grupo, sendo que dias antes espalharam para os clientes que nossas drogas eram inferiores. Essa brincadeira de gangues rivais está ficando cada vez mais árdua e obscura. Por um instante — se eu não tivesse rolado no chão e pego a arma do garoto —, parecia que Robbie realmente apertaria o gatilho apontando para mim. Aconteceu tudo tão rápido e embaçado.

  As janelas do quarto começam a baterem insistentes pelo vento, já é praticamente meio-dia e o céu se mantém escurecido com leves relâmpagos. Fecho apenas a parte de vidro, e vou até o guarda-roupa, vestindo o primeiro moletom que aparece.

   Quando entro na sala os olhares se voltam para mim. Rafe agindo como um cozinheiro, com diversas comidas espalhadas pelo balcão; e Barry sentado no tapete, de frente ao sofá que Max Hudson está dormindo, como se esperasse o garoto acordar.

  — Você devia dormir mais — meu irmão diz ao ver as horas. De acordo com o horário em que chegamos, com o sol prestes a nascer, dormimos no máximo umas cinco horas.

  — O café da manhã está pronto — o filho de Ward anuncia com uma certa rispidez, se sentando na banqueta.

  — Concordamos que você apenas administraria o negócio — Barry se levanta com um olhar repreensivo para mim. — Mas você nunca me ouve. — Seu tom apresenta uma decepção constate, as palavras saem como se ele já tivesse em mente que eu pisaria na bola. — Não era para você estar vendendo as drogas, Mandy! 

  — Eu estava ajudando a terminar o pacote logo — me defendo. Eu queria agilizar as vendas para consegui um bom desconto da fonte, não imaginava que os encrenqueiros roubariam as drogas que estavam comigo em algum momento.

  — Eu não pedi a sua ajuda! — Sua voz aumenta, ele arqueia suas sobrancelhas bravo. — Não era para você se meter nessa parte! É tão difícil me obedecer?!

  — Você não é meu pai.

  Barry suspira alto, concordando com a cabeça. Ele caminha de lá para cá pela sala. E eu, me arrependo imediatamente do que disse.

  Garota estúpida!

  Apesar de ser meu irmão, ele tem autoridade sobre mim. Praticamente assumiu o papel dos meus pais em minha vida, sempre me ajudou em meus passos. Sem ele, eu estaria totalmente perdida. Porém, às vezes nossas ideias não batem e nos tornamos apenas irmãos em debate.