Capítulo 4: A Partida

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      Havia sangue para todos os lados, pedaços de corpos bastante visíveis e também havia corpos esmagados por escombros. Um som era ouvido mais adiante, o ideal seria ir na direção oposta daquele som, mas poderia ser alguém que conseguisse explicar o que estava acontecendo.

À medida que andava o céu ia ficando com uma mistura de cores nos tons de vermelho escuro e preto, dava para sentir todos os ossos do seu corpo tremem, o pouco calor que possuía saia em forma de fumaça no ar quando expirava, sua roupa também não ajudava, mas arrumou o cachecol no pescoço para pôr na frente da boca e do nariz para aquecer um pouco mais o rosto e as orelhas também, e as pontas enrolou nas mãos antes de cruzar os braços. A cada passo sentia arrepios iniciando e terminando em pontos aleatórios de seu corpo, alguns aconteciam quando um vento passava, era um ar tão gelado que não era de se estranhar o fato de não ter vestígios de neve, porém o mais estranho era quando não havia correntes de ventos passando, talvez fosse a ansiedade e quem sabe até o medo que estivesse lhe causando isso. Mas mesmo assim, continuou a andar em direção ao som.

Conforme ia andando o som ficava mais alto, era uma mistura algo agudo com uma voz humana bem rouca, havia uma grande pilha de pedras, madeira e ferro no caminho e do outro lado a fonte do barulho, estava perto demais para desistir de encontrar ajuda sobre o que estava acontecendo. Então, começou a escalar, era alto, mas dava para subir e provavelmente descer pelo outro lado. A subida foi tranquila na maior parte do tempo, as poucas dificuldades eram causadas pelo fio e por um ou dois imprevistos entre as pedras, como, por exemplo, se segurar em um braço humano ou acontecer um leve deslizamento.

Mas o esforço valeu a pena e venceu os sustos, embora nenhum dos sustos que tomou fossem algo tão forte quanto aquilo que via. Seus olhos se abriram mais, a pupila negra se afinou e se alongou até as duas extremidades da orbes douradas da íris trêmulas assim como as pálpebras. As sobrancelhas se levantaram criando uma forma ondulada entre as pontas acima do nariz, uma falta de ar tomou o seu corpo com a cena fazendo as suas pernas ficarem frágeis ao ponto de não aguentar o próprio peso e cair de joelhos.

      A visão daquele humano... Daquela coisa, era algo terrível. Seu corpo era grande, porém muito esquelético de tão magro, enquanto se movia dava para ver todos os ossos e juntas se mexendo, mesmo com o som do vento o ruído do corpo se mexendo era um estalo agoniante, a pele negra era tão fina que talvez fosse possível ser desfeita com um leve toque de unha, o cabelo preto era longo, porém no topo da cabeça era quase completamente calvo. No céu, apesar das cores escuras, havia a lua que iluminava intensamente o local permitindo ver o tom vermelho sangue não ao redor daquela criatura, mas além disso, o que de fato causou medo era o fato de aquele ser estava se alimentando de alguém, uma pessoa viva.

      A pessoa não conseguia falar, mas olhava em sua direção, era uma expressão de desespero no rosto da vítima, sua barriga estava aberta e suas tripas espalhadas ao redor com aquela criatura às comendo com certa pressa, e ainda dava para notar que a pessoa ali no chão estava tentando pedir ajuda, mas não saia nada de sua boca, era apenas os lábios se mexendo lentamente e os dedos da mão pertencente ao braço esticado que se moviam minimamente.

      Então, a criatura parou de comer, e levantou a cabeça mostrando o rosto ossudo sem olhos enquanto mexia a cabeça devagar procurando algo até encontrar seu novo alvo e correr saltando em direção ao topo da pilha abrindo a boca para gritar um som agudo e estridente.

Suando e tremendo Hol abriu os olhos dourados levando pra fora da cama de forma involuntária, o nervosismo percorria seu corpo o deixando fraco e assim ela tropeçou entre seus pés e caiu no chão duro. Seu corpo ainda tinha espasmos em alguns locais e seus olhos percorriam o cômodo ao redor procurando qualquer sinal daquela criatura. Foi quando ela sentiu um par de mãos em seus ombros a segurando com firmeza.

A Espada da Nova AlvoradaWhere stories live. Discover now