10. Fogos de Artifício

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P.o.v Ji-hoo

~depois~

         Acordei cedo, como de costume, e fui até a cozinha, ver o que estava pronto para o café. Quando desci as escadas que davam acesso a cozinha, não senti cheiro de comida. Estranhei isso, já que toda vez que eu acordo tudo está preparado. Assim que coloquei os pés lá, notei que não havia nenhum funcionário trabalhando, a única pessoa que estava lá além de mim, era meu pai, que estava sentado na mesa do café segurando uma pasta de documentos.
          Isso é um péssimo sinal, meu pai quase nunca fica em casa pela manhã...
         Sentei perto dele, e perguntei: cadê a comida?
          Um sorriso enferrujado tomou de conta do seu rosto, e disse: passei praticamente três meses na África e você vem me perguntar de comida?
          Eu sorri envergonhado, dizendo: desculpe, pai.
          Ele empurrou a pasta na minha direção, dizendo: poderia abrir isso pra mim?
         Olhei pra pasta, e encarei ele em seguida. Quais eram as intenções dele? Meu pai nunca foi a favor do nepotismo, será que ele mudou de ideia e quer que eu seja político que nem ele? Ou talvez ele quer que eu faça algum favor duvidoso? Abri a pasta, a fim de acabar com minhas dúvidas. Logo me deparei com umas fotos minhas de mãos dadas com o Woo-bin, no Havaí. Observei cada detalhe, e pude lembrar a data das fotos, elas foram tiradas no nosso aniversário de namoro do ano passado...
           Respirei fundo e me fiz de desentendido: o que é isso?
          Ele me encarou irritado, e disse: não se faça de bobo, Ji-hoo.
         Passei algumas fotos e achei um retrato meu beijando Woo-bin em público... Senti a palidez pintar meu corpo, e engoli seco, enquanto meus olhos se encontravam com seu rosto irritado.
         Ele me olhou com uma expressão desapontada, e suspirou com chateação.
Ji-hoo: pai, eu posso explicar.
        Nem sei por quê falei que poderia explicar... Não tinha explicação nenhuma pra tudo isso. Nunca sequer pensei na possibilidade de ser descoberto. Ainda mais dessa maneira.
        Ele me encarou com seriedade, e perguntou: o que vai explicar? Vai dizer que isso é montagem por acaso?
Ji-hoo: p-pai.
          Meus olhos se afogaram em lágrimas, o medo me sufocou. O que seria de mim agora? Minha família iria me deserdar e isso era o mínimo que eles poderiam fazer. Pude sentir a prévia dos olhares de desgosto e desaprovação vindos de minha mãe. Eu posso até aceitar o desprezo do meu pai, mas não consigo viver sem o amor da minha mãe. Desde criança, escuto as histórias de como ela lutou para ter um filho, ela sempre me pôs no pedestal, por apenas ter nascido, e eu sei que não mereço isso. Minha mãe era praticamente estéril e batalhou a vida toda para seguir seu sonho maternal... Esse sonho pode se tornar um pesadelo, e a responsabilidade é toda minha.
          Ele levantou da mesa, dizendo: sei que seus instintos as vezes estão fora de alcance, MAS SE CONTROLE! VOCÊ TEM NOÇÃO DO QUE ISSO PODE CAUSAR NA MINHA-- NOSSAS VIDAS?
          Engoli seco e apesar do pânico, tentei soltar algumas palavras: m-minha ma-mãe sabe?
          Meu pai olhou para os lados, arfando de desgosto e raiva, respondendo: não, não sei qual seria a reação dela ao ver essa porcaria.
         Espremi os olhos, deixando algumas lágrimas caírem, e disse: pai, por favor--
         Ele me olhou com desaprovação, e falou: Você é um menino promissor, inteligente e gentil... Tinha que ter algum defeito mesmo.

Ji-hoo: defeito???
          É... Ele tem razão, eu não mereço a família e o apoio que tenho. Eu sou só um incomodo na vida deles, me sinto ingrato por tentar ter essa vida dupla, eu deveria fazer meu melhor para agradar minha família... Mesmo que eu ame o Woo-bin, eu não posso, de modo algum, decepcionar minha família. Tenho que ser o que eles querem que eu seja, é o mínimo que posso fazer.
 

      Senti ele arrancar a pasta e fotos das minhas mãos, e ouvi suas palavras atentamente: Como você é meu único filho, vou fingir que não vi nada disso, mas você vai precisar encontrar uma mulher, e se livrar dessa brincadeira suja com Woo-bin. Isso se quiser continuar no colégio Shinhwa ou pelo menos com esse dinheirão que você tem no bolso. Lembre-se que você depende financeiramente de mim. Além disso, se eu souber que você não me ouviu, e ainda tem algo com ele, eu não vou ter dó de falar pra sua mãe.
          Me calei diante de suas palavras, e ele respondeu meu silêncio: bem, quem cala consente. Boa sorte.
         Ele deu as costas pra mim, e saiu. Não consegui enfrentar ele ou pensar em algo melhor... Apenas pude sentir as lágrimas caindo do meu rosto rapidamente.

Flores para HelenaWhere stories live. Discover now