Quando chegamos na loja, vi o Yi-jung de mãos dadas com a Jina. Eu sabia que era uma péssima ideia... Então eles são um casal... Isso é mais que traumatizante, preferia estar em qualquer lugar que aqui...
     Dudu me arrastou até ela, mas paralisei na metade do caminho.
    Eduardo parou de andar, e me olhou preocupado, dizendo: que foi?
Helena: n-não posso!
     Na verdade, eu NÃO quero. Como eu poderia dizer isso pro meu irmão e evitar questionamentos futuros? Além disso, depois do jeito que fui tratada pelo Yi-jung, prefiro evitar atrapalhar sua paz...
Eduardo: você é a maior fã dela!
Ga-eul: o doido do painel ta lá! Ela não pode---
     Eu encarei a Ga-eul, repreendendo ela com o olhar. Ela percebeu que comentou sem querer sobre o que acontecera entre mim e Yi-jung, e logo cobriu sua boca. Ga-eul me olhou envergonhada com o que tinha acabado de dizer. Por que fui confiar numa estranha?
Eduardo: an?
Helena: pode deixar eu vou só...
      É só uma foto... Repeti pra mim mesma, enquanto me aproximava, sozinha, do casal. Se é pra ouvir sermão de famoso ou do Yi-jung, prefiro ouvir sem meu irmão por perto. Isso seria vergonhoso demais.
Helena: o-oi.
    Os dois pararam de conversar e me olharam, Yi-jung sorriu pra mim surpreso e me deu um abraço.
Yi-jung: Helena!
    Meu coração quase saía pela boca, repleto de nervosismo e dúvidas. Mesmo assim decidi devolver o braço. Fechei os meus olhos crendo que aquilo tudo era um sonho... O cheiro dele é tão bom... Ele me soltou olhando pra Jina, em seguida, com um sorriso gigantesco.
Yi-jung: Essa é a Helena, Jina!
    Jina sorriu alegre, e disse: obrigada por ser amiga do meu namorado! Ele estava meio triste desde quando fui pra França, mas toda vez que ele falava de você surgia um sorriso em seu rostinho.
    Ela apertou a maçã do rosto dele, rindo, e eu dei um sorriso, nervosa.
    Yi-jung observou minha roupa, dizendo: não acredito! Você trabalha em meio período? Como consegue estudar?
Helena: e-eu--
   Ga-eul se aproximou de mim, segurando meu ombro, tentando evitar o climão. Tá, talvez essa "estranha" poderia me salvar dessa situação constrangedora.
Ga-eul: nós trabalhamos no restaurante de mingau, né Helena?
Helena: s-sim.
   A Jina olhou pro Yi-jung com um sorriso estridente, e em seguida olhou nos meus olhos, perguntando algo pra mim... Nem sei o que ela perguntou. Fiquei perdida enquanto observava sua aparência, ela é uma mulher tão bonita, sua pele é invejável e seu estilo é único. Só de pensar que jurei que tinha chances com seu namorado meu estômago embrulhou, Yi-jung estaria perdendo seu tempo com uma garota como eu...
   Após o monólogo gigantesco da Jina, suspirei cansada e chateada. Yi-jung e Jina me olharam preocupados, e eu dei um sorriso falso, fingindo estar bem.
Eduardo: adoraríamos ver vocês comendo no restaurante! A Helena é uma grande fã do seu trabalho, senhorita Jina.
Jina: eu que sou fã dela!
    Ela olhou pra mim com um sorriso maternal, e disse: você é uma pessoa incrível.
     Meu Deus... Ela soa tão falsa, por que ela tá se forçando a falar essas bobagens? Piedade?
    Engoli seco, e ela continuou: posso dar o autógrafo depois que comer? Estou morrendo de fome.
   Yi-jung sorriu, enquanto pegava na cintura dela, senti meu coração entristecer novamente. Nem sei os motivos para eu estar tão chateada, eu sou uma boba mesmo.
  
~depois~

    Eles estavam esperando a comida, enquanto eu preparava os pedidos com meu irmão.
Eduardo: tá bem? Me parece cansada.
Helena: tô sim...
   Senti ele me abraçar, e dizer: é normal se decepcionar com quem gostamos. Não se sinta mal. Nem sempre recebemos reciprocidade.
Helena: não é decepção, é só confusão mesmo... Estou bem perdida.
Eduardo: eu não devia ter convidado eles pra comer aqui--
    Olhei pra ele com um sorriso pequeno, demonstrando meu orgulho, e  falei: você é um ótimo irmão. Não devia se sentir assim! Você fez seu melhor pra me ver alegre, obrigada.

~depois~

   Na primeira vez que Jina pôs a colher do mingau na boca, ela deu um pulinho alegre e me olhou satisfeita.
Jina: é a melhor coisa que já comi.
   Dei um sorriso enferrujado, retribuindo, de forma silenciosa seu elogio. Ela voltou a comer enquanto eu me distraí olhando fixamente o cardápio, tentei buscar motivos pra não chorar por essa derrota evidente. Eu não posso me deixar levar por isso. É ridículo.

~depois~

   Cheguei em casa com o Dudu, depois de um dia longo e estressante. Ele tentou me animar com algumas coisas que ele comprou pra mim no intervalo do trabalho, mas acho que ele notou minha frustração crescendo aos poucos.
Eduardo: sabe o que cura corações partidos?
    Olhei pro Dudu com curiosidade, e ele pegou seu celular e colocou "Belive" da Cher no volume máximo.
Eduardo: dançar!
Helena: sério?... Não tô na vibe.
   Saí estressada indo em direção ao meu quarto, e senti ele me puxar pelo braço e me obrigar a dançar. Eu soltei umas risadas dessas tentativas, mas ele continuava dançando mal. Ouvi a porta da casa se abrir e vi meu pai chegando do trabalho, sorri alegre e ele me devolveu o olhar com umas interrogações.
Luis: Cher?
Eduardo: a Helena está triste, quero que ela esqueça as decepções.
Luis: hmmm, se tá tocando "Belive" então com certeza foi algo envolvendo amor.
    Eu abaixei a cabeça, tensa e calada. Ouvi um barulho, acho que algo caiu no chão, levantei a cabeça assustada e era a bolsa do trabalho do meu pai, ele simplesmente largou suas coisas e correu pra dançar com o Eduardo também.
    Ri envergonhada, e disse: vocês não tem o que fazer, né?
Luis: primeiro, você é minha filha e está triste, preciso ver um sorrisinho nesse rosto. Segundo, eu amo essa música.
    Sorri, e acabei dançado com eles... Essa noite não terminou como eu esperava. Se eu estivesse ignorado o Dudu e ido pro quarto, provavelmente acordaria no dia seguinte com o rosto vermelho e inchado que nem um tomate transgênico. É bom ter eles por perto.

Flores para HelenaWhere stories live. Discover now