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PEPPER

Eu fiquei chateada quando minha mãe e meus sogros tiveram de ir embora no começo da semana seguinte. Tudo bem que eles voltariam assim que pudessem, mas uma ajudinha faria falta.

Se eu já estava extremamente cansada na primeira semana com quatro pessoas me auxiliando, imagine quando estivesse apenas eu - e Tony por meio período?

"Você quer mesmo aprender isso?" Perguntei olhando meio desconfiada para Tony.

"É óbvio, Fiore. Que tipo de pai desnaturado eu seria por não saber trocar a fralda da minha filha?" Ele disse.

"Muitos pais não sabem." Falei.

Ele balançou a cabeça negando.

"São uns idiotas. Me ensine."

Eu estava bem surpresa com Tony. Achava que ele iria dar um show na primeira gorfada que levasse, mas ele vinha se mostrando bem solícito quando o assunto era aprender.

"Tudo bem, é o seguinte.." Comecei a explicar, me sentindo muito feliz por estar ensinado algo à ele.

Enquanto eu demonstrava, Morgan se contorcia no trocador, mexendo os bracinhos e perninhas como uma pequena tartaruga com o casco para baixo. E mesmo que fizesse uma cara como se fosse abrir o berreiro, nada era ouvido ou sequer uma lágrima descia por seus olhinhos.

"A próxima vez é minha!" Tony avisou quando terminei de explicar, parecendo bem animado para trocar uma fralda suja.

E é claro que as próximas vezes não haviam sido dele. Sua semana de licença já havia acabado e precisavam dele no trabalho depois de um mês inteiro fora do escritório. Então, apenas as fraldas da madrugada ficavam sob responsabilidade dele. Isso quando eu lhe dava uma colher de chá por ele estar muito cansado do dia de trabalho, indo no seu lugar.

"Por que ela não faz caretas com você?" Perguntei parada ao lado dele, enquanto ele mantinha toda sua atenção em trocar a fralda suja de Morgan.

Ele deu de ombros.

"Ela gosta mais de mim." Ele disse em tom de brincadeira, mas eu sabia que havia um pouco de verdade.

Tony me olhou, em resposta ao meu silêncio diante de sua fala.

"É brincadeira. A minha voz deve deixá-la mais  distraída."  Ele se explicou.

"Ah sim."

"Mas ela não gosta mais de mim." Ele pontuou.

"Claro."

Morgan tinha sua preferência, isso era bem claro. Tony conseguia fazê-la aquietar mesmo quando ela estava com fome, e nem precisava de um par de peitos com leite para isso. Nossa filha parecia achar Tony muito mais interessante do que eu.

E ele, é claro, apenas tinha olhos para Morgan. Com o tempo que havia ficado fora da empresa, tinha muitas pendências que apenas ele poderia resolver, fazendo com que ele chegasse cada dia mais tarde. Sua alegria ao ver Morgan era correspondente à um mês longe dela. Ele a balançava, beijava e conversava com ela como se não houvesse amanhã.

Quando Morgan completou 1 mês, Tony reuniu nossos amigos para um almoço e brindou pela vida dela algumas - muitas vezes -.

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